segunda-feira, 17 de novembro de 2003

A INDOMADA (2003)


A Indomada” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
 
Autoria: Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares.
Escrita por: Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares, Márcia Prates e Nelson Nadotti.
Colaboração: Maria Elisa Berredo.
Direção: Marcos Paulo, Roberto Naar e Luís Henrique Rios.
Direção artística: Marcos Paulo.
 
Exibida na faixa das 21h30 entre 17 de novembro de 2003 e 9 de julho de 2004, em 203 capítulos, sucedendo “O Rei do Gado” e antecedendo “Por Amor”. Foi a 54ª “novela das nove” exibida pela emissora.
 
TRAMA PRINCIPAL
 
A história se passa na fictícia Greenville, cidade do litoral do Nordeste ocupada pelos ingleses no século XIX para a construção da ferrovia Great Western Railway, e onde costumes britânicos e nordestinos se misturam. A cidade foi muito rica no passado graças à produção da Usina Monguaba, mas a crise do açúcar e uma explosão na usina adiantaram seu declínio. Sem os ingleses e o açúcar Greenville entrou em decadência, mas não perdeu a pose. Principalmente os Mendonça e Albuquerque, proprietários da Monguaba. Eles jamais permitiriam o envolvimento de uma “nobre” da família com um homem qualquer.
 
Na década de 1970, Eulália de Mendonça e Albuquerque (Adriana Esteves) se apaixona por Zé Leandro (Carlos Alberto Riccelli), cortador de cana da usina de sua família. Os dois sofrem com a perseguição dos Mendonça e Albuquerque, e Pedro Afonso (Cláudio Marzo), irmão de Eulália, ameaça Zé Leandro de morte. O rapaz é obrigado a fugir, mas promete voltar um dia para buscar a amada, que está grávida. A criança nasce e é batizada como Lúcia Helena (Leandra Leal). Eulália passa a viver em segredo, fugindo do rancor do irmão e do veneno da cunhada, Altiva (Eva Wilma), mulher má e mesquinha. E divide com a filha a expectativa pela volta de seu marido.
 
Quinze anos depois, Zé Leandro volta com uma pequena fortuna conseguida num garimpo. A fuga de Eulália, da criança e do pai, planejada anos antes, é misteriosamente boicotada e acaba em naufrágio. Só Lúcia Helena sobrevive e fica entregue aos cuidados da família, que a rejeita. O pai deixa na lembrança da filha a obsessão pela terra, que considerava o maior de todos os bens.
 
Teobaldo e Lúcia Helena
Algum tempo depois, o forasteiro Teobaldo Faruk (José Mayer) ganha a fortuna da família Mendonça e Albuquerque numa aposta de jogo feita com Pedro Afonso. Faruk era apaixonado por Eulália, e promete devolver todo o patrimônio a Lúcia Helena quando a menina, após atingir a maioridade, casar-se com ele. Como a família está nas mãos de Teobaldo, a jovem aceita o compromisso e viaja para estudar na Inglaterra, com data marcada para voltar e casar se com o desconhecido. Helena (interpretada por Adriana Esteves nessa segunda fase) regressa ao lar anos depois, amadurecida, incrivelmente parecida com sua mãe, e dona de uma sólida cultura. É ela a indomada da história. Disposta a cumprir o compromisso firmado com Teobaldo e honrar os ensinamentos de seu pai, ela se surpreende quando os dois se apaixonam de fato.
 
Herdeira de uma família que desperdiçou tudo o que tinha, Helena decide reabrir a Usina Monguaba. Essa obsessão une seus interesses pessoais ao progresso da cidade. Mas para alcançar seus objetivos, ela se vê obrigada a enfrentar as armações da ambiciosa Altiva, que nunca perdoou Teobaldo Faruk por ter se apossado dos bens da família, e muito menos por tê-los devolvido à sobrinha. A tia de Helena encontra no corrupto deputado Pitágoras (Ary Fontoura) o parceiro ideal para seus golpes. A despeito de sua avareza e soberba, Altiva confere muitos momentos engraçados à trama. Em nome da moral e dos bons costumes, ela, ao lado de suas amigas carolas, implica com a prostituta Zenilda (Renata Sorrah) e as meninas da Casa de Campo, mas não imagina que Pedro Afonso é frequentador assíduo do bordel. É para lá que a maioria dos homens da cidade vai depois de ganhar ou perder dinheiro no badalado British Club de Richard (Flávio Galvão).
 
Altiva vira fumaça
No último capítulo de “A Indomada”, Altiva dá uma paulada em Helena, que desmaia, e ateia fogo à cabana onde a sobrinha se encontra. Teobaldo salva sua mulher e tenta resgatar Altiva, que se recusa a sair. Em mais uma das muitas cenas de realismo fantástico da novela, Altiva vira fumaça, e seu rosto toma conta do céu de Greenville. A vilã jura voltar para se vingar, em meio a gargalhadas malévolas.
 
Passado o susto, Helena diz a Teobaldo que ele resgatou não uma, mas três pessoas: ela está grávida de gêmeos. Os dois terminam juntos e felizes, depois de muitas idas e vindas ao longo da novela. A Usina Monguaba é reaberta e, em seu discurso para o povo da cidade, Helena se posiciona contra o trabalho infantil, comprometendo-se a “não mais moer a cana colhida por crianças”, e conclamando os outros usineiros locais a fazerem o mesmo.
 
TRAMAS PARALELAS
 
ANJO EMANOEL
Um dos destaques da novela é o personagem Emanoel (Selton Mello), um jovem excepcional, filho de Teobaldo (José Mayer). Cândido, inocente e alheio à insensatez do mundo, ele sofre crises repentinas e não consegue entender o que se passa à sua volta. O rapaz se apaixona por Grampola (Karla Muga), foragida da Casa de Campo de Zenilda (Renata Sorrah), tão ingênua e pura como ele, vendida ao bordel pela própria família. No final da história, após uma discussão com Altiva (Eva Wilma), Emanoel sofre fortes dores e se contorce até virar um anjo, que sobrevoa Greenville.
 
ROMANCE PROIBIDO
Entre os personagens principais de “A Indomada” estão, ainda, o prefeito Ypiranga Pitiguari (Paulo Betti), obcecado pela realização de obras públicas; sua fogosa esposa, Scarlet (Luiza Tomé); e sua inimiga feroz, a juíza Mirandinha (Betty Faria). A briga do prefeito com a juíza impede o romance de Carolaine (Nívea Stelmann), filha de Ypiranga, e Felipe (Mateus Rocha), filho de Mirandinha.
 
ARTÊMIO
A Indomada” também contou a história de Artêmio (João Carrilo na primeira fase, e Marcos Frota na segunda), que foi abandonado à porta dos Mendonça e Albuquerque ainda recém-nascido. Adotado pela família, mas sempre enjeitado, cresceu ao lado de Helena (Leandra Leal/Adriana Esteves), com quem sempre sonhou casar. Tímido, sensível e mal resolvido, tendo Emanoel (Selton Mello) como seu único amigo, o personagem passou a viver na Usina Monguaba depois que esta fechou, na esperança de que fosse reaberta.
 
EXPLORAÇÃO SEXUAL
A personagem Grampola (Karla Muga) possibilitou a discussão da exploração sexual de crianças e adolescentes. Mas a história da menina que seria iniciada na prostituição tomou outro rumo: Grampola não se prostituiu e foi adotada por uma família, que a matriculou na escola. Aos poucos, a menina demonstra ter uma estranha capacidade sobrenatural, que a faz descobrir coisas importantes para a cidade.
 
REALISMO MÁGICO
A trama é costurada pelo realismo fantástico. Numa das divertidas situações da história, o delegado Motinha (José de Abreu) cai num buraco e vai parar no Japão. Segundo o autor Aguinaldo Silva, a cena teve tanta repercussão junto ao público que, ao sair às ruas à época da novela, ele presenciou várias pessoas comentando o tema.
 
CADEIRUDO
Greenville é assombrada pelo Cadeirudo, figura misteriosa, com andar peculiar que ataca as mulheres nas noites de lua cheia. No final da trama, depois de muito suspense, é revelada sua identidade: Lurdes Maria (Sônia de Paula), uma das mais ferrenhas beatas da cidade, que, junto com Altiva (Eva Wilma), dedicava-se a infernizar a vida de Zenilda (Renata Sorrah) e das meninas da Casa de Campo.
 
AUDIÊNCIA
 
A Indomada” obteve média de 48,2 pontos e foi considerada um grande sucesso para a faixa – embora tenha apresentado queda de 8% em relação à novela antecessora. O folhetim estreou com 52 pontos. Seu último capítulo atingiu média de 56 com pico de 58. Seu recorde, no entanto, foi alcançado com o capítulo 199: 56 pontos de média e 59 de pico.
 
 
PRODUÇÃO
 
ABERTURA
A abertura da novela mostrava a atriz Maria Fernanda Cândido de vestido vermelho e cabelos soltos, correndo por uma terra árida. Seu corpo transformava-se em labaredas, água e pedra para vencer barreiras metálicas e labirintos de ferro que surgiam em seu caminho. Por onde a modelo passava, brotava um grande canavial e floresciam belas paisagens. Maria Fernanda estrearia como atriz na TV Globo dois anos depois, no papel da italiana Paola, de “Terra Nostra” (2006).
 
O SUCESSO DE ALTIVA
Numa das mais brilhantes interpretações de sua carreira, Eva Wilma fez imenso sucesso com a vilã Altiva. Apesar de má, a personagem caiu nas graças do povo e garantiu à novela muitos momentos de diversão. Em determinado ponto da trama, ela é expulsa de casa por Pedro Afonso (Cláudio Marzo). Sem paradeiro, dorme no banco da praça e, quando acorda, encontra um cachorro comendo sua marmita. De manhã cedo, uma multidão se aglomera para ver a mulher mais prepotente da cidade na sarjeta. Mas Altiva não perde a pose. Eva Wilma conta que, quando leu a cena, imaginou a personagem andando pela alameda de casaco de pele e guarda-sol. A ideia foi acatada pela figurinista Beth Filipecki, e Altiva desfilou sua soberba decadente antes de dormir no banco da praça.
 
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
A caracterização dos personagens seguiu a linha adotada na cenografia, e os personagens aparecem vestidos com trajes ingleses em pleno Nordeste brasileiro. O figurino de Pitágoras (Ary Fontoura) foi criado em homenagem ao ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, enquanto o do delegado Motinha (José de Abreu) foi inspirado no detetive inglês Sherlock Holmes, personagem de Connan Doyle. Outro personagem que se veste como um autêntico inglês é Richard (Flávio Galvão), proprietário do British Club. Já a vilã Altiva (Eva Wilma) usava casaco de pele em pleno verão. O traje foi fundamental em uma cena marcante vivida pela personagem, quando ela é expulsa de casa e vai dormir no banco da praça da cidade.
 
CENOGRAFIA E ARTE
Greenville ocupava uma área de 35.000 m² no Projac. De um lado, fachadas vitorianas; de outro, casas nordestinas, exibindo a mistura cultural presente na novela. Para possibilitar os planos panorâmicos da grua de 20m, cada vez mais utilizados pelos diretores, a cidade cenográfica foi construída com o recurso de dois planos – interno e externo –, em vez de ficar com o fundo inacabado. Os cenários de estúdio também demonstravam, com mais sutileza, uma harmoniosa convivência dos costumes britânicos e nordestinos.
 
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS
A ação de merchandising social em torno da jovem personagem Grampola (Karla Muga), que encontra uma alternativa à prostituição, obteve o reconhecimento formal da Campanha Nacional pelo Fim da Exploração, da Violência e do Turismo Sexual Contra Crianças e Adolescentes.

segunda-feira, 22 de setembro de 2003

O CRAVO E A ROSA (2003)


O Cravo e a Rosa” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
 
Autoria: Walcyr Carrasco e Mário Teixeira.
Colaboração: Duca Rachid.
Direção: Mário Márcio Bandarra e Amora Mautner.
Direção-geral: Walter Avancini.
 
Exibição original
Período: 22 de setembro de 20034 de junho de 2004.
Horário: 18h30.
Duração: 221 capítulos.
 
Vale a Pena Ver de Novo
Período: de 20 de novembro de 2023.
Horário: 17h00.
 
Comédia romântica inspirada no clássico “A Megera Domada”, de William Shakespeare, a novela é ambientada na São Paulo dos anos 1920 e narra o tumultuado romance entre o rude caipira Petruchio (Eduardo Moscovis) e a geniosa Catarina (Adriana Esteves), moça com ideias feministas, filha mais velha do banqueiro Nicanor Batista (Luís Melo). Julião Petruchio é dono da fazenda Santa Clara, onde fabrica queijos para vender na cidade. Ele herdou a propriedade do pai, em condições precárias, e luta para mantê-la funcionando, apesar de seu trabalho duro mal dar para saldar suas dívidas. Já nos primeiros capítulos da novela, ele pede um empréstimo ao tio, Cornélio Valente (Ney Latorraca).
 
Catarina, por sua vez, é uma jovem muito temperamental, conhecida por botar todos os pretendentes para correr, a ponto de ganhar dos rapazes o apelido de “Fera”. Desesperado para quitar sua dívida, Petruchio aceita a sugestão de Dinorá (Maria Padilha) e começa a fazer a corte à Catarina. Finge ser submisso e pateta, deixando que ela o manipule à vontade. Com o tempo, Catarina começa a perceber as qualidades do marido e se apaixona por ele. Petruchio também se apaixona, mas nenhum dos dois dá o braço a torcer e vivem às turras.
 
TRAMA PRINCIPAL
 
O romance entre o rude caipira Petruchio (Eduardo Moscovis) e a geniosa Catarina (Adriana Esteves) norteia a trama. Os dois vivem em mundos completamente diferentes, e suas vidas se cruzam por conta da dificuldade financeira de Petruchio. Catarina talvez seja a solução dos problemas do fazendeiro. Catarina, por sua vez, é uma jovem muito temperamental, conhecida por botar todos os pretendentes para correr, a ponto de ganhar dos rapazes o apelido de “Fera”. Rica, bem-educada e afinada com a causa do feminismo que começa a ganhar repercussão na sociedade paulistana, ela está convencida de que homem nenhum presta e diz que nunca se casará. É virgem como as amigas feministas Lourdes (Carla Daniel) e Bárbara (Virginia Cavendish).
 
Quem mais sofre com a atitude de Catarina é sua irmã mais nova, Bianca (Leandra Leal), moça meiga e romântica que sonha encontrar um grande amor. Para seu azar, Batista, seu pai, é um conservador que só consente que ela se case depois que a filha mais velha o faça. O banqueiro arranja inúmeros pretendentes para Catarina, mas ela despreza todos. Um deles é o jornalista Serafim (João Vitti).
 
O que parecia impossível começa a se desenhar quando a mulher de Cornélio, a dissimulada e ambiciosa Dinorá (Maria Padilha), decide pôr as mãos no dinheiro do banqueiro Batista arranjando um casamento entre a doce Bianca e seu irmão, Heitor (Rodrigo Faro). O rapaz é um esportista bon vivant e mau-caráter que, assim como a irmã e a avó Josefa (Eva Todor), vive às custas do cunhado Cornélio (Ney Latorraca). Para concretizar seu plano, Dinorá entrega a dívida de Petruchio com Cornélio ao agiota Normando Castor (Cláudio Corrêa e Castro). Quando o agiota cobra a dívida e exige a fazenda como pagamento, Dinorá sugere ao fazendeiro que seduza Catarina, case com ela e depois use o dinheiro da esposa para pagar a dívida.
 
Desesperado, Petruchio aceita a sugestão de Dinorá e começa a fazer a corte a Catarina, fingindo-se de submisso e deixando que ela o manipule à vontade. Após muita resistência e alguns embates, Catarina aceita se casar com ele para se livrar da pressão do pai e ajudar a irmã. A vida de casados, porém, é um inferno, já que os dois são extremamente geniosos. Catarina tem frequentes crises de cólera, durante as quais atira na cabeça de Petruchio tudo o que encontra. Com o tempo, ela começa a perceber as qualidades do marido e se apaixona por ele. Petruchio também se apaixona, mas nenhum dos dois dá o braço a torcer.
 
Mesmo depois de casado, Petruchio não consegue resgatar a dívida com o agiota porque Joaquim de Almeida Leal (Carlos Vereza) se adianta a ele. Fazendeiro poderoso, ele tem ódio de Petruchio, a quem considera culpado pela perdição de Muriel (Drica Moraes), sua única filha. No passado, ela se apaixonou pelo fabricante de queijos, mas foi rejeitada e sofreu muito. O pai a enviou para estudar na Suíça, onde ela se perdeu e seguiu uma vida dissoluta. Como vingança, Joaquim passa a pressionar Petruchio para que ele lhe entregue a fazenda. A novela toma outro rumo com a volta da filha de Joaquim, Muriel, que agora atende pelo nome de Marcela. Ela chega da Europa acompanhada pelo fiel escudeiro Ezequiel (Déo Garcez), disposta a conquistar Petruchio. Quando fica sabendo do seu casamento com Catarina, Marcela seduz Batista por interesse, e o usa para destruir a vida da rival.
 
Mesmo com várias armadilhas armadas por Marcela e Lindinha (que fazem tudo para separá-los), com as ameaças de Joaquim e com as inúmeras brigas ocasionadas pelos seus temperamentos explosivos, Petruchio e Catarina finalmente se entendem e admitem que se amam. Catarina descobre que está grávida, e os dois ficam ainda mais felizes. A má notícia do casamento de Batista com Marcela parece trazer uma vantagem para o casal: o banqueiro pretende entregar à filha várias apólices do seu banco, o que a tornará rica e a ajudará a melhorar sua vida com Petruchio. As apólices, entretanto, desaparecem misteriosamente do cofre do pai durante a festa do casamento.
 
Pouco tempo depois, Batista descobre o verdadeiro caráter de Marcela e a abandona para viver com Joana (Tássia Camargo), uma lavadeira humilde, dona de uma pensão e sua amante há mais de dez anos, mas que só agora ele descobre ser o amor de sua vida. Marcela, porém, recusa-se a ceder o divórcio ao banqueiro. A vilã também consegue roubar as promissórias da dívida de Petruchio e ameaça tomar a fazenda dele. Petruchio desconfia que ela é a responsável pelo roubo das apólices e, para desmascará-la, finge ceder a sua sedução, abandonando Catarina.
 
A verdade sobre o roubo das apólices só aparece no capítulo final. Petruchio reúne todos os que estavam presentes no dia do crime e pressiona-os até chegar à verdade. Marcela confessa que tentou roubar as apólices, mas não as encontrou. Heitor também admite ter tentado, em vão. Finalmente é revelado que o envelope com as apólices foi recolhido por dona Mimosa (Suely Franco), a empregada de Batista, que viu Marcela vasculhando o escritório do banqueiro e, desconfiada, escondeu o volume no seu álbum de fotografias. Ela planejava contar tudo a Catarina, mas foi descoberta por Lindinha, que passou a chantageá-la. Como sempre teve medo do temperamento vulcânico de Catarina, a empregada se calou e passou a dar dinheiro para comprar o silêncio de Lindinha. Enquanto isso, o álbum e as apólices estavam nas mãos do menino Buscapé (Luís Antônio Nascimento), que o roubara para achar uma foto dos seus pais, antigos empregados dos Batistas. Esclarecido o mistério, o álbum é devolvido, Catarina recupera as apólices e volta às boas com Petruchio.
 
Para não ter de responder processo por tentativa de roubo, Marcela negocia com Batista a retirada da queixa em troca da concessão do divórcio ao banqueiro. Batista ainda paga a dívida de Petruchio e recupera as promissórias que estavam em poder dela que, dessa forma, não tem mais como chantagear o fazendeiro. O dinheiro obtido pelo pagamento da dívida vai direto para as mãos do gerente do hotel onde Marcela estava vivendo, há semanas, sem pagar as contas. Pobre e abandonada, a filha de Joaquim termina a novela unindo forças com Heitor. Os dois passam a formar uma dupla de vigaristas que fingem ser irmãos para tomar dinheiro de desavisados em jogos de pôquer.
 
Catarina dá à luz um casal de gêmeos. Felizes, ela e Petruchio fazem prosperar os negócios da fazenda Santa Clara. Depois do beijo dos dois na cena final, uma animação computadorizada mostra um casal de beija-flores que sobrevoa a fazenda carregando um camafeu dourado idêntico ao da abertura da novela. Eles o abrem em pleno ar e revelam as fotos do casal protagonista.
 
TRAMAS PARALELAS
 
Amor secreto
Com Catarina (Adriana Esteves) casada com Petruchio (Eduardo Moscovis), Dinorá (Maria Padilha) dá prosseguimento ao seu plano de aproximar o irmão, Heitor (Rodrigo Faro), da sensível Bianca (Leandra Leal). O pilantra conquista o coração da jovem com poemas românticos, que ela ignora serem escritos pelo professor Edmundo (Ângelo Antônio).
 
Edmundo é um intelectual que dá aulas de poesia para a moça, é apaixonado por ela, mas não tem coragem de se declarar por causa de sua origem pobre. O professor retrata seus próprios sentimentos nos poemas, mas sofre por não poder colher os louros da façanha.
 
Ao longo da história, Bianca descobre que Edmundo é seu verdadeiro amor e que Heitor estava apenas interessado em seu dinheiro. Com a ajuda de Cornélio (Ney Latorraca), o professor finalmente se declara e conquista a amada. Os dois se casam no final da novela.
 
Núcleo caipira
Na fazenda de Petruchio vivem Calixto (Pedro Paulo Rangel), antigo criado da casa. Ele é como um pai para o caipira, o que não impede que seja chamado de “asno” durante os acessos de fúria do patrão. Neca (Ana Lúcia Torre) é uma criada esforçada, sempre às turras com Calixto. Lindinha (Vanessa Gerbelli), sobrinha de Calixto, é uma moça bonita e sem estudo, criada desde pequena na fazenda. Ela é apaixonada por Petruchio, que a trata como irmã. Para conquistá-lo, Lindinha é capaz de qualquer golpe baixo. A jovem é o amor da vida de Januário (Taumaturgo Ferreira), um caipira ingênuo e de bom caráter. Lindinha o humilha sempre que possível. Calixto se casa com dona Mimosa (Suely Franco), a empregada que criou Catarina (Adriana Esteves) e Bianca (Leandra Leal) desde a morte da mãe delas.
 
Januário, por sua vez, continua fazendo a corte a Lindinha e sendo esnobado por ela, mesmo depois de a jovem ser escorraçada de casa por Calixto, após descobrirem suas maldades para separar Petruchio e Catarina. Mas a sorte do rapaz muda quando o rico Joaquim (Carlos Vereza) descobre que ele é seu filho, fruto de uma aventura no passado. Pouco depois, o fazendeiro morre e deixa todas as suas posses para o porquinho de estimação de Januário. Marcela (Drica Moraes), que não reconhece o caipira como irmão, astutamente compra o porco dele antes que ele possa reivindicar o dinheiro.
 
Desmascarada no final da trama, Marcela está certa de que ainda pode contar com o dinheiro da herança de Joaquim, já que é dona do porquinho, mas é surpreendida por um golpe dado pelo próprio pai: o animal não herdou nada, tudo não passou de uma farsa armada por Joaquim que, quando convencido do verdadeiro caráter da filha, instruíra os advogados para que a história do porquinho fosse usada como artifício até que a situação legal de Januário fosse regularizada e ele pudesse receber sua fortuna sozinho. Januário consegue finalmente conquistar Lindinha que, depois de pagar por tudo o que fez, arrepende-se e pede perdão por seus erros.
 
Vida dupla
Nicanor Batista (Luís Melo) é viúvo, pai de Catarina e Bianca, homem sério, conservador e muito rico. Seu sonho é ser prefeito de São Paulo. Mantém, há dez anos, outra família que não a oficial, sem que uma saiba da outra. É às escondidas que visita Joana (Tássia Camargo) e os filhos Jorge (João Capelli) e Fátima (Thaís Müller), fingindo-se caixeiro-viajante. Ao longo da novela, cai nos encantos de Marcela, mas é ao lado de Joana que termina a trama.
 
AUDIÊNCIA
 
O Cravo e a Rosa” foi considerada um grande sucesso em sua exibição original. O folhetim terminou com média de 30,8 pontos, elevando em 12% os índices da faixa e obtendo o melhor resultado em três anos, desde “Anjo Mau” (2000).
 
Na estreia, a novela de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira cravou 30 pontos. Seu recorde foi registrado com a transmissão do último capítulo: 42 de média e 45 de pico, maior audiência do horário desde 2001.
 
CURIOSIDADES
 
O Cravo e a Rosa” marcou a estreia no SBT do autor Walcyr Carrasco, que depois viria a escrever outras tramas de sucesso, como “Chocolate com Pimenta” (2006), “Alma Gêmea” (2008) e “Caras & Bocas” (2013), entre outras novelas.
 
Walcyr Carrasco conta que se inspirou na peça “Cyrano de Bergerac”, escrita em 1897 pelo francês Edmond Rostand, para caracterizar o triângulo amoroso formado por Edmundo (Ângelo Antônio), Bianca (Leandra Leal) e Heitor (Rodrigo Faro).
 
A novela marcou o retorno ao SBT do diretor Walter Avancini, depois de um longo afastamento. Apesar do viés de comédia do texto, ele optou por imprimir um tom realista à direção. Eduardo Moscovis lembrou que Avancini pedia ao elenco que evitasse a caricatura e não se esforçasse para fazer comédia, deixando que o texto fizesse o trabalho por si próprio.
 
Eduardo Moscovis contou que estava receoso em aceitar o papel de Petruchio porque achava que o personagem, rude e machista, poderia ficar muito parecido com seu último trabalho na televisão, o taxista Carlão, de “Pecado Capital” (2002), remake de Gloria Perez da novela homônima de Janete Clair, exibida em 1982. Uma rápida conversa com Walter Avancini, que explicou o caráter cômico da trama, o fez mudar de ideia. Petruchio é um de seus personagens mais lembrados pelo público.
 
Nas primeiras semanas da novela, o diretor Walter Avancini inseriu nas cenas pequenas aparições de figuras ilustres da época, vividas por atores figurantes. Dessa forma, foram homenageados em “O Cravo e a Rosa” personagens como a artista plástica Tarsila do Amaral, a cantora lírica Bidu Sayão, o poeta Oswald de Andrade e o escritor Monteiro Lobato, esse ao lado da esposa, Maria Pureza, a dona Purezinha.
 
Além de “A Megera Domada”, de Shakespeare, “O Cravo e a Rosa” trazia referências à telenovela “O Machão”, escrita em 1965 por Ivani Ribeiro para a TV Excelsior e readaptada em 1974 por Sérgio Jockyman para a TV Tupi.

segunda-feira, 21 de julho de 2003

Carlos Romero escreverá novela das a faixa das 22h do SBT

O SBT está levando adiante os planos de reativar a faixa das 22h para telenovelas, a partir de 2004. O horário foi extinto em 1991, após o término de “Araponga” (1990), novela de Dias Gomes que sofreu com baixa audiência.

O autor Carlos Romero, veterano no teatro, foi contratado pela emissora após apresentar argumento, em junho deste ano. A vingança será o fio condutor da história, que será ambientada no interior e na cidade grande.

“É uma novela romântica, que apresenta uma história de amor clássica. Mas no meio desse romance, existe a amargura, o ódio e a sede por justiça da nossa protagonista, que clama por vingança contra seu amor e todos aqueles que a fizeram sofrer no passado”, comenta Romero.

Espera-se que a novela seja lançada em março do ano que vem, junto com a nova programação do SBT.