“Senhora
do Destino” é um telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
Autoria: Aguinaldo
Silva.
Colaboração: Filipe Miguez, Glória
Barreto, Maria Elisa Berredo e Nelson Nadotti.
Direção: Luciano
Sabino, Marco Rodrigo, Cláudio Boeckel e Ary Coslov.
Direção geral: Wolf Maya.
Direção artística: Wolf Maya.
Exibida na faixa das 21h15 entre 28 de março e
9 de dezembro de 2011, em 221 capítulos, sucedendo “Celebridade” e
antecedendo “América”. Foi a 65ª “novela das nove” exibida pela
emissora.
Reapresentada na faixa das 15h15 do “Vale a
Pena Ver de Novo”, entre 4 de maio e 23 de outubro de 2015, em 149
capítulos. Sucedeu “Pé na Jaca” e
antecedeu “América”.
Reapresentada pela segunda vez na faixa das 17h
do “Vale a Pena Ver de Novo”, entre 21 de fevereiro e 12 de agosto de
2022, em 149 capítulos. Sucedeu “Cheias de Charme” e antecedeu “Celebridade”.
TRAMA
PRINCIPAL
A trama de “Senhora do Destino” é dividida em duas fases. A primeira – exibida
em quatro capítulos – se passa em dezembro de 1968, quando a nordestina Maria do Carmo Ferreira da Silva (Carolina Dieckmann), abandonada pelo
marido Josivaldo (Manoel Candeias), parte com seus cinco
filhos de Belém do São Francisco, no interior de Pernambuco, rumo ao Rio de
Janeiro. Desesperada, ela escreve ao irmão, Sebastião (Luiz Carlos
Vasconcelos), pedindo que ele os receba. Sebastião trabalha como motorista
para Josefa Magalhães Duarte Pinto (Marília Gabriela), por quem é
apaixonado. Ela é filha de família tradicional e dona do jornal carioca Diário
de Notícias, herdado após a morte do segundo marido.
Após uma série de contratempos na viagem, Maria
do Carmo e os filhos chegam ao Rio de Janeiro no dia da decretação do Ato
Institucional nº 5 (AI-5), 13 de dezembro de 1968. Há um grande tumulto nas
ruas do Centro, tomadas por manifestantes e policiais. O Diário de Notícias,
opositor do regime militar, é invadido pela polícia, e Sebastião não consegue
buscar Maria do Carmo na rodoviária. Como perdeu o papel onde havia anotado o
endereço do irmão, ela segue com os filhos à procura do jornal, onde espera
encontrar Sebastião. No meio da confusão em que se transformou a cidade, Reginaldo (Miguel Rômulo), um de seus filhos, é ferido por uma pedrada. Maria
do Carmo consegue se refugiar com as crianças em uma casa abandonada. Nazaré (Adriana Esteves), após uma discussão com o amante Luís Carlos (Tarcísio Filho), também se abriga no local. Vestida como uma
enfermeira e com uma falsa barriga de grávida, Nazaré diz se chamar Lourdes e
promete tomar conta das crianças enquanto Maria do Carmo leva Reginaldo ao
hospital. Na volta, porém, Maria do Carmo descobre que a mulher desapareceu com
sua filha recém-nascida, Lindalva.
Nazaré, na realidade, é uma prostituta do
bordel de Madame Berthe (Tônia Carrero) que deseja se casar com
o amante e mudar de vida. Ela acredita que a gravidez é a única maneira de
separá-lo da esposa e da filha. Como é estéril, inventou que estava grávida
para forçar Luís Carlos a assumir a criança. Ao ficar sozinha com Lindalva em
seus braços, Nazaré vislumbra a chance de concretizar seu plano e sequestra a
menina. Após chantagear Madame Berthe para que confirme sua história, ela arma
uma farsa e finge que deu à luz a criança, sensibilizando o amante, que larga a
família para ficar com ela. A luta de Maria do Carmo para reencontrar a filha
roubada é o fio condutor da novela.
Desolada com o sequestro de Lindalva, Maria do
Carmo se perde nas ruas do Rio, é confundida com os manifestantes e levada
presa, assim como Dirceu de Castro (Gabriel Braga Nunes), repórter do
Diário de Notícias, que se recusa a abandonar a redação do jornal. Josefa
também é presa, tem o jornal fechado e é aconselhada a deixar o país, o que a
leva para um luxuoso exílio em Paris.
Maria do Carmo e Dirceu ficam em celas vizinhas
no presídio da Ilha das Flores, e o jornalista toma conhecimento da história da
nordestina. Dirceu chama a atenção do comandante da prisão para o equívoco, e a
jovem é solta. Ela encontra Sebastião por acaso, e os dois conseguem impedir
que as crianças, que haviam sido levadas para o Juizado de Menores, sejam
enviadas para um orfanato. Maria do Carmo decide se instalar no mesmo lugar
onde o irmão vive, em Vila São Miguel, na Baixada Fluminense, e jura que
dedicará sua vida a localizar a filha Lindalva.
Na segunda fase da novela, Maria do Carmo (Susana
Vieira) é uma mulher forte e bem-sucedida, mãe dedicada de Reginaldo (Eduardo Moscovis), Leandro
(Leonardo Vieira), Viriato (Marcello Antony) e Plínio
(Dado Dolabella), e dona da loja de
material de construções Do Carmo. É querida e respeitada em Vila São Miguel por
sua ética e generosidade. Ela mantém um antigo relacionamento amoroso com Dirceu (José Mayer), agora editor e colunista político de um grande jornal
carioca. Os dois moram em casas separadas e vivem uma relação tranquila. Mas a
nordestina tem outro admirador: o ex-bicheiro Giovanni Improtta (José
Wilker).
Giovanni Improtta é presidente da escola de
samba Unidos de Vila São Miguel. Uma de suas características é a inseparável
gravata borboleta, além do esforço para falar bonito, que o leva a cometer
vários erros de português. Seu modo de falar caiu nas graças do público, que
reproduzia nas ruas expressões como “felomenal” (em vez de “fenomenal”).
Giovanni é pai de João Manoel (Heitor Martinez) e Jenifer (Bárbara Borges).
Viúvo, mora com os filhos e a sogra, Flaviana
(Yoná Magalhães). Tem como namorada
a aspirante a celebridade Danielle (Ludmila Dayer), a quem chama de “Ninfa
Bebê”. Mas o ex-bicheiro, que vive repetindo não dever nada à polícia nem ao
fisco, é apaixonado mesmo por Maria do Carmo, tendo de disputar o seu amor com
o rival Dirceu, a quem se refere como "Troca Letras".
Sebastião (Nelson Xavier), o irmão de Maria do Carmo, casou-se com Janice (Mara Manzan) e tem três filhos: Eleonora (Mylla Christie),
Venâncio (André Gonçalves) e Regininha
(Maria Maya). É motorista do
refinado Pedro Correia de Andrade e
Couto (Raul Cortez), o barão de
Bonsucesso, e de sua esposa, a baronesa Laura
(Glória Menezes). Ao longo da
história, Regininha engravida do namorado João Manoel, e, no fim da trama, os
dois apressam o casamento. Danielle e Venâncio, casados, descobrem que vão ser
pais.
Lindalva, a caçula roubada de Maria do Carmo e
batizada como Isabel (Carolina Dieckmann), transformou-se em
uma jovem doce e bonita, que tem uma relação de cumplicidade com a perturbada e
perigosa Nazaré (Renata Sorrah), que ela pensa ser sua
mãe. Nazaré ainda vive com Luís Carlos
(Tarcísio Meira) e está sempre em
guerra com a enteada Cláudia (Leandra Leal), que foi morar com o pai
após sua mãe, abandonada pelo marido, sucumbir à depressão e morrer.
A farsa de Nazaré começa a vir à tona quando o
fotógrafo Rodolfo (Reinaldo Gonzaga) entrega a Dirceu a
foto de uma enfermeira grávida com um bebê no colo, tirada por ele durante o
tumulto no centro do Rio, em dezembro de 1968. Maria do Carmo e Leandro
reconhecem a sequestradora. Dirceu pede a Rodolfo que use programas de
computador para “envelhecer” a foto e chegar ao rosto atual da mulher. Depois,
consegue que a história de Maria do Carmo seja tema de um programa
investigativo na TV. Luís Carlos assiste ao programa e diz à Nazaré que vai
denunciá-la. Os dois discutem, e ele cai da escada de casa. No chão, com fortes
dores no peito, pede à Nazaré que pegue o seu remédio, mas ela não o socorre.
Com a morte do pai, Isabel começa a trabalhar
no restaurante Monsieur Vatel, de propriedade de Edgard (Dan Stulbach).
Os dois se apaixonam. O maître Viriato
(Marcello Antony) nem imagina que a
namorada do patrão é sua irmã desaparecida. O namoro de Isabel e Edgard deixa
Nazaré desesperada, pois o rapaz é neto de Madame Berthe. No final da trama, o
receio de Nazaré se justifica: é o diário da cafetina que confirma a história
do sequestro. Antes disso, porém, a vilã apronta muitas. Ela passa a ter como
amante e aliado o inescrupuloso Josivaldo
(José de Abreu), o marido
desaparecido de Maria do Carmo que volta para a família pedindo pensão
alimentícia à mulher.
Enquanto Maria do Carmo continua a busca pela
filha, Dirceu e Giovanni tentam a todo custo localizar a menina. Em uma dessas
tentativas, aparece Angélica (Carol Castro), que foi encontrada ainda
bebê no mesmo dia do desaparecimento de Lindalva. Mas a alegria de Maria do
Carmo dura pouco: Angélica tem uma pinta de nascença na perna e, portanto, não
pode ser a filha sequestrada. Mesmo assim, Maria do Carmo a acolhe em casa e
faz dela sua secretária na loja. Angélica se envolve com Plínio.
O cerco contra Nazaré vai se fechando, com a
colaboração de vários amigos de Maria do Carmo, inclusive Cláudia, a enteada da
vilã. Ela também se torna aliada da nordestina, pois sempre odiou a madrasta.
Mesmo após descobrir que foi roubada de sua mãe
verdadeira, Isabel ainda leva um tempo até aceitar Maria do Carmo como mãe.
Nazaré pede desculpas à jovem, diz que agiu em um momento de desespero, e,
dividida e sensibilizada, Isabel decide ficar a seu lado, até dar-se conta de
seu verdadeiro caráter.
Uma das surpresas preparadas pelo autor foi a
volta à trama da atriz Marília Gabriela. Ela retorna à novela no papel de
Guilhermina, a filha de Josefa, que se torna um obstáculo na realização de um
antigo sonho de Sebastião e Dirceu: reabrir o Diário de Notícias. Guilhermina
tenta impedir o leilão de um original do pintor Cézanne, que Josefa havia
deixado para Sebastião, e cuja renda seria usada para a reabertura do jornal. A
tela permaneceu vários anos escondida no Galaxie que Sebastião herdou de sua
ex-patroa e mantém guardado em sua garagem. Apesar dos entraves, o jornal é
reaberto, e nele passam a trabalhar Cláudia, Alberto e Rodolfo. Guilhermina e
Dirceu se estranham em um primeiro momento, e seus encontros sempre terminam em
troca de acusações. A hostilidade mútua dá lugar à paixão, e os dois ficam
juntos no fim da história, depois que Maria do Carmo aceita se casar com
Giovanni. A torcida do público pelo ex-bicheiro era grande, e o autor só
mostrou esse desfecho no último capítulo, para manter o suspense.
Nazaré morre após atirar-se de uma ponte na
cachoeira de Paulo Afonso, na Bahia. Ela se suicida após sequestrar Linda, a
filha de Isabel e Edgard. Diante de Isabel, porém, ela se redime e lhe entrega
o bebê antes de saltar para a morte. Josivaldo acaba nas ruas, como um mendigo
maltrapilho e enlouquecido.
TRAMAS
PARALELAS
Ambição
desmedida
O filho mais velho de Maria do Carmo (Susana
Vieira), Reginaldo (Eduardo Moscovis), virou um político
ambicioso que não se furta em tentar tirar proveito da popularidade da mãe,
avessa ao seu perfil populista e demagógico. Reginaldo, o Naldo, quer se tornar
prefeito de Vila São Miguel e faz campanha pela emancipação da localidade. É
casado com Leila (Maria Luisa Mendonça), com quem tem
dois filhos, Bruno (Thadeu Matos) e Bianca (Marcela Barrozo),
mas mantém um caso secreto com sua assessora parlamentar Viviane (Letícia Spiller),
tão ambiciosa quanto ele. Leila descobre a infidelidade do marido e, disposta a
flagrá-lo com a amante, pede ajuda a Venâncio
(André Gonçalves), primo de
Reginaldo, para seguir os dois até um motel. Ela tenta passar para o quarto de
Reginaldo pela mureta, mas sofre um acidente fatal ao cair do prédio. Esperto,
Reginaldo inverte a situação, acusa a mulher de ser amante do primo, e o
convence a não desmentir a história. Viúvo, Reginaldo se casa com Viviane, e a
dupla arma muitas tramoias ao longo da trama, como o falso sequestro do próprio
filho, a prisão da mãe e os assassinatos dos marginais Cigano (Ronnie Marruda)
e Seboso (Alexandre Morenno).
Denunciado por suas falcatruas na prefeitura de
Vila São Miguel, Reginaldo é hostilizado pelo povo. Ele resolve fazer um
comício, onde espera, mais uma vez, ludibriar os eleitores. Maria do Carmo,
porém, descobre a verdade sobre a morte de Leila e revela tudo ao eleitorado.
Reginaldo é apedrejado pelos populares. Uma pedra o atinge na cabeça e ele
morre. Viviane, após culpar a sogra pelo acontecido, vira esposa do senador Victorio Vianna (Lima Duarte).
Outro personagem que atazanou a vida de Maria
do Carmo foi Josivaldo (José de Abreu), seu marido e pai de
seus filhos. Depois de ter abandonado a família no Nordeste, ele reaparece
quando descobre que a mulher virou uma empresária bem-sucedida, querendo tirar
proveito da situação.
Através de uma narração feita por Maria do
Carmo no final da novela, os telespectadores ficam sabendo do futuro dos jovens
personagens da trama: Bianca, sua neta e filha de Reginaldo, é eleita prefeita
de Vila São Miguel.
Amor
fraterno
Leandro (Leonardo Vieira), um dos filhos de Maria do Carmo (Susana
Vieira), trabalha como contador para Giovanni
(José Wilker). Ele tem um conturbado
relacionamento com a mulher, Marinalva
(Tânia Khalil), destaque da escola
de samba Unidos de Vila São Miguel. Marinalva esconde uma paixão pelo cunhado Viriato (Marcello Antony), o que provoca muitos conflitos em seu casamento.
Após decidir se separar, Leandro se interessa por Isabel (Carolina Dieckmann)
sem desconfiar de que ela é sua irmã Lindalva. Ele confunde a amizade de Isabel
com amor. Cláudia (Leandra Leal), que está apaixonada por
ele, alerta-o sobre seus sentimentos, e ambos se aproximam. Os dois se casam, e
Cláudia engravida. Marinalva se casa com o deputado Thomas Jefferson (Mário
Frias).
Duda e
Viriato
Viriato (Marcello Antony) é maître do restaurante de Edgard Legrand (Dan Stulbach),
Monsieur Vatel, em Ipanema, na zona sul da cidade. Seu destino se cruza com o
de Maria Eduarda, a Duda (Débora Falabella), quando ele a salva de um assalto. Os pais de
Eduarda, Leonardo (Wolf Maya) e Gisela (Angela Vieira),
não aceitam o namoro da filha com um homem de classe inferior e fazem o que
podem para vê-la casada com o jovem deputado federal Thomas Jefferson (Mário
Frias). No final da novela, Leonardo descobre que é filho do mordomo Alfred (Ítalo Rossi) com uma cozinheira que morreu no parto, tendo sido
adotado pelo Barão, o que muda sua visão sobre a vida. Após passar um período
na França especializando-se em culinária, Viriato volta ao Brasil e reata com
Duda, com quem havia se casado.
Pai de
aluguel
O caçula de Maria do Carmo (Susana
Vieira), Plínio (Dado Dolabella), é um jovem mulherengo
que não quer saber de trabalho e só pensa em curtir a vida. Ele acaba caindo na
armadilha da independente Yara (Helena Ranaldi), mulher alguns anos
mais velha, que quer ser mãe e o escolhe como “pai de aluguel”, sem nem ao
menos consultá-lo. Embora só quisesse usá-lo, Yara é obrigada a recorrer a
Plínio quando a empresa em que trabalha vai à falência. Pela primeira vez,
então, o rapaz encara uma responsabilidade na vida. Tempos depois, casado com Angélica (Carol Castro), Plínio ganha de Yara a permissão para ficar com o
filho Dado, já que ela vai se mudar para o Japão.
Barão de
Bonsucesso
Pedro
Correia de Andrade e Couto (Raul Cortez),
o barão de Bonsucesso, e sua esposa, a baronesa Laura (Glória Menezes),
formam um casal alegre que gosta de celebrar a vida, embora não tenha mais a
situação financeira de tempos atrás. O dinheiro do barão é administrado por seu
filho, Leonardo (Wolf Maya), que vive reclamando dos
excêntricos gastos do pai. Após conhecer Giovanni
Improtta (José Wilker), o barão
aceita ser seu personal stylist e passa a dar aulas de etiqueta ao ex-bicheiro,
que se dirige a Laura como Dona Baroa, garantindo muitos momentos cômicos na
história. No decorrer da trama, a baronesa descobre sofrer do mal de Alzheimer.
Casal
homossexual
Outras tramas movimentaram a novela ao longo de
seus quase nove meses no ar. Jenifer
(Bárbara Borges), a estudiosa filha
de Giovanni (José Wilker), e Eleonora
(Mylla Christie), filha de Sebastião (Nelson Xavier), apaixonam-se, e, após muita resistência, os pais se
veem obrigados a aceitar o romance, passando por cima dos preconceitos. Elas
assumem a relação, passam a viver juntas e adotam um recém-nascido, abandonado
próximo ao hospital onde Eleonora trabalha como médica. O relacionamento das
duas ganhou grande repercussão, provocando debates sobre a adoção de crianças por
homossexuais.
Jenifer e Eleonora não formaram o único casal
homossexual na trama: o carnavalesco Ubiracy,
o Bira, interpretado por Luiz Henrique Nogueira, também tinha o
seu par, Turcão (Marco Vilella).
Pedra
Lascada
A comunidade de Pedra Lascada, localizada em
Vila São Miguel, é cenário para a história de Rita de Cássia (Adriana
Lessa). Mãe de Leide Daiane (Jéssica Sodré) e Maikel Jeckson (Agles Stibe),
Rita é vítima de violência doméstica e dependência química. Ela apanha do
marido, o marginal e mau-caráter Cigano
(Ronnie Marruda) – que está preso no
início da trama –, e trava uma luta contra as drogas. Sua vida fica ainda mais
tumultuada quando a filha, de apenas 15 anos, engravida de Shao Lin (Leonardo Miggiorin).
Ele é um “marginalzinho” temido na comunidade, líder de uma turma de
desocupados, e não quer assumir a paternidade da criança. No decorrer da
novela, Rita passa a namorar o taxista português Constantino (Nuno Melo),
que enfrenta Cigano em nome de seu amor. Daiane, já com o filho nos braços,
engravida novamente, desta vez de Bruno
(Thadeu Matos), o filho de Reginaldo (Eduardo Moscovis), mas perde o bebê. No final da trama, Shao Lin
vira um rapaz responsável, percebe que é apaixonado por Daiane e assume o filho.
Daiane, por sua vez, começa a trabalhar na
educação de jovens meninas, prevenindo-as das dificuldades de uma gravidez
precoce. No final da novela, ao narrar o destino dos personagens jovens da
trama, Maria do Carmo (Susana Vieira) revela que Daiane ganhou
o prêmio Nobel da Paz por sua atuação social.
Crônicas
do cotidiano
Outro tema que causou repercussão foi o drama
vivido por Seu Jacques (Flávio Migliaccio). Ele se transformou
em uma espécie de representante dos aposentados que sofrem com os atrasos do
INSS. Indignado, vive repetindo sua história por onde passa: ex-vendedor, teve
a aposentadoria calculada de forma errada e seu pedido de revisão tramita há oito
anos. Seu Jacques, em cenas bem-humoradas, virou um cronista implacável do
cotidiano, com análises precisas e cortantes da realidade. Seu Jacques se
apaixona por Djenane (Elizangela), antiga colega de Nazaré (Renata Sorrah) no bordel, e que reaparece na vida da ex-prostituta.
Durante uma discussão com Nazaré, Djenane cai da escada da casa da vilã e
morre. Com medo de ser considerada suspeita da morte da amiga, Nazaré arma uma
situação para que pensem que Djenane roubara joias e dinheiro da casa e, na correria,
teria tropeçado e caído da escada. A atriz Elizangela retorna no final da trama
no papel de uma irmã de Djenane, funcionária do banco onde Seu Jacques tem
conta, e os dois terminam juntos. Ainda no núcleo do aposentado, cujo cenário é
o Bairro Peixoto, em Copacabana, na zona sul do Rio, o autor enfocou o romance
de uma mulher mais velha, Shirley (Malu Valle), com o jovem Alberto (Thiago Fragoso), filho de Jacques.
AUDIÊNCIA
“Senhora
do Destino” é classificada como o maior fenômeno dos últimos anos do SBT –
além de ser dona da maior audiência da década de 2010 da emissora. O folhetim
terminou com média geral de 51,8 pontos,
apresentando um crescimento de 10% em relação à trama antecessora que também
foi considerada um sucesso. A novela de Aguinaldo
Silva estreou com 52 pontos de média, e teve 67 em seu desfecho, sendo este
seu maior desempenho durante toda a exibição.
Em sua reprise no “Vale a Pena Ver de Novo”, a saga de Maria do Carmo também foi
um estrondoso sucesso: 25,7 pontos
de média – elevando em expressivos 68% a audiência da faixa. O folhetim teve 25
pontos em sua estreia e terminou batendo recorde: 35 no último capítulo com 39
de pico.
“Senhora do Destino” foi considerada um
grande sucesso pela terceira vez quando reprisada novamente em “Vale a Pena
Ver de Novo”. O folhetim cravou 22,4 pontos de média. Estreou com 21
pontos e obteve 28 no último capítulo, sendo este seu melhor desempenho em toda
a exibição.
CURIOSIDADES
• “Senhora
do Destino” traz referências biográficas de Aguinaldo Silva, um nordestino que também deixou sua cidade natal
(Carpina, em Pernambuco), para viver na região Sudeste do país. O nome da
protagonista, Maria do Carmo Ferreira da
Silva, e o do personagem Sebastião
são homenagens à sua mãe e a um tio, irmão dela. Além disso, o autor trabalhou
muitos anos como jornalista e, em 1969, passou 70 dias preso na Ilha das Flores
por ter escrito o prefácio dos Diários de
Che Guevara. A novela foi ao ar 47 anos depois do golpe militar de 1964.
• Em “Senhora
do Destino”, Aguinaldo Silva
presta uma homenagem aos migrantes nordestinos ao mostrar a trajetória de
sucesso de Maria do Carmo (Susana Vieira), que enfrenta uma série
de dificuldades, mas vence na vida com ética e coragem. A homenagem à retirante
foi ainda mais explícita no final da trama, quando Maria do Carmo vira enredo
da Unidos de Vila São Miguel. Ela, os filhos, netos, noras e amigos desfilam na
escola. A madrinha da escola de samba fictícia é Regininha (Maria Maya). Crescilda (Gottscha) puxa o samba-enredo da escola, cuja comissão de frente é
formada por Isabel (Carolina Dieckmann) e cinco crianças
representando Maria do Carmo e seus filhos.
• A personagem Josefa Magalhães Duarte Pinto (Marília
Gabriela) foi inspirada em três mulheres que eram donas de importantes
jornais cariocas no período da ditadura: a Condessa
Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil;
Niomar Moniz Sodré, do Correio da Manhã; e Ondina Dantas, do Diário de
Notícias. As três, de origem nordestina, assumiram o comando dos jornais
por herança, após a morte de seus maridos. O perfil da personagem se assemelha
mais ao de Niomar Moniz Sodré,
segunda mulher do jornalista Paulo
Bittencourt, dono do Correio da Manhã,
que morreu em Estocolmo em 1963 e deixou-lhe o jornal em testamento. Niomar era
colecionadora de arte e amiga de artistas, tendo sido responsável pela criação
do Museu de Arte Moderna do Rio.
Contestadora e temperamental, fez forte oposição aos militares em seu jornal,
cuja circulação foi suspensa várias vezes por contrariar determinações da
Censura Federal. Perseguida pela repressão, foi presa no Regimento Caetano
Faria na edição do AI-5. O Correio da
Manhã não resistiu ao crescente abandono dos anunciantes, resultado da
pressão dos militares, e acabou saindo de circulação.
• Giovanni
Improtta, interpretado pelo ator José
Wilker, foi tirado do livro “O Homem
que Comprou o Rio”, de Aguinaldo
Silva (Brasiliense, 1986). Entre as frases popularizadas pelo personagem na
novela estão: “Há malas que vêm de trem!”; “Vou me pirulitar-me”; “Não esqueça
do meu lema: com Giovanni Improtta não tem problema”; “Então fica o dito pelo
não dito, o não dito pelo dito e, como sempre, vale o escrito”; “Aqui se faz,
aqui se paga. Na vida, como no restaurante, a conta sempre chega”; “A vaca vai
voar!”, “O tempo urra, e a Sapucaí é longa!”, “Giovanni Improtta, em charme e
osso”.
• “Senhora
do Destino” foi a primeira novela em que o autor Aguinaldo Silva e o diretor Wolf
Maya trabalharam juntos. Os dois voltariam a fazer dobradinha em outros
trabalhos.
• Reginaldo
foi o primeiro vilão que Eduardo
Moscovis fez na TV.
•A menos de três meses do fim da novela, Raul Cortez teve de se afastar da trama
por conta de um câncer. Enquanto o ator esteve em tratamento, o autor inventou
uma viagem para o personagem. Raul Cortez voltou ao set para gravar uma
aparição do Barão e, depois, no final da trama, quando o Barão e a Baronesa Laura (Glória Menezes) viajam para a Europa. O afastamento do ator levou Aguinaldo Silva a aumentar a
participação do mordomo Alfred,
interpretado por Ítalo Rossi. “Senhora do Destino” foi a última novela
de Raul Cortez.
• Alguns atores fizeram aulas específicas para
compor seus personagens, como Marcello
Antony e Dan Stulbach, que
tiveram noções de culinária. Susana
Vieira e Carolina Dieckmann
ganharam uma professora de fonética, para que a construção da fala de Maria do Carmo seguisse os mesmos tom e
ritmo nas duas fases.
• A novela contou com muitas participações
especiais. Roberto Bomtempo fez o
taxista Gilmar, cúmplice de Nazaré (Renata Sorrah) que é assassinado por ela após tentar chantageá-la. Paulo José viveu o médico que guardava
o segredo da esterilidade de Nazaré. Lima
Duarte interpretou o senador corrupto Victorio
Vianna, personagem que já havia aparecido na novela “Porto dos Milagres” (2007), de Aguinaldo
Silva e Ricardo Linhares. Vera Fischer viveu Vera Robinson, ex-Miss Brasil e ex-namorada de Leonardo (Wolf Maya),
contratada por ele para seduzir Viriato
(Marcello Antony) e depois acusá-lo
de assédio sexual. A personagem foi uma homenagem à atriz, eleita Miss Brasil
em 1969. Felipe Camargo entrou na
novela no papel de Edmundo, um
advogado pilantra que tem um caso com Nazaré. Flávio Galvão interpretou Jorge
Maciel, advogado de Guilhermina
(Marília Gabriela). Jayme Périard viveu o médico de Laura (Glória Menezes). O jogador de vôlei Tande fez uma participação na cena da fuga de Nazaré.
• A cantora Gottsha surpreendeu no papel de Crescilda, funcionária da loja de Maria do Carmo.
• A novela lançou atores, escolhidos por testes
de interpretação, como Agles Stibe (Maikel), Nuno Melo (Constantino),
Tânia Khalil (Marinalva), Jéssica Sodré
(Daiane) e Leonardo Carvalho (filho de Dennis
Carvalho e Christiane Torloni,
que interpretou o personagem Gato).
• A atriz Miriam
Pires, intérprete de Clementina,
avó de Shao Lin (Leonardo Miggiorin) e cozinheira de Maria do Carmo (Susana Vieira), morreu durante as gravações da novela, mas a
personagem continuou a ser citada na trama. Sua filha Aurélia (Cristina Müllins)
entrou na história e deu prosseguimento ao projeto da mãe, o lançamento de um
livro de receitas de pratos nordestinos. A publicação do livro extrapolou a
ficção: a Editora SBT lançou “A Cozinha
de D. Clementina”, reunindo diversas receitas da personagem.
• “Senhora
do Destino” é considerada um marco na história da telenovela. Foi a líder
de audiência no horário nobre do SBT, considerando-se os nove anos anteriores.
Na média relativa ao número de capítulos, só perdeu para “O Rei do Gado”, de Benedito
Ruy Barbosa, exibida em 2003.
• A novela obteve altos índices de audiência
também em Portugal, onde foi exibida na emissora SIC, em horário nobre. A
história foi vendida para mais de 20 países, como Albânia, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Canadá, Costa Rica, Cuba, Equador, Eslovênia, EUA, Guatemala, Moçambique, Moldávia, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Romênia, Rússia, Uruguai e Venezuela.
• A trama principal da novela remeteu o público
ao “caso Pedrinho”, como ficou
conhecido o caso de Pedro Rosalino
Braule Pinto, bebê sequestrado em 1986 pela empresária Vilma Martins Costa. O episódio mexeu com a opinião pública, e a
novela reavivou o fato. Apresentando-se como assistente social de uma casa de
saúde de Brasília, Vilma teria entrado no quarto em que o recém-nascido estava
com a mãe e levado o menino, sob o pretexto de que ele precisava fazer exames.
Pedrinho foi registrado como filho natural de Vilma, com o nome de Osvaldo Martins Borges Junior. Em
agosto de 2003, Vilma foi condenada a mais de 13 anos de reclusão pelo
sequestro de Pedrinho e de outra criança, Aparecida
Fernanda Ribeiro da Silva – registrada como Roberta Jamilly Martins Borges –, que teria sido levada por Vilma
de uma maternidade de Goiânia. Vilma foi desmascarada em 2002, quando Pedrinho
tinha 16 anos e Roberta, 23. Com a revelação, Pedrinho foi viver com os pais
biológicos.