“Caminho
das Índias” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
Novela de: Gloria
Perez.
Direção: Fred
Mayrink, Luciano Sabino, Roberto Carminati e Leonardo Nogueira.
Direção-geral: Marcos Schechtman e Marcelo
Travesso.
Direção artística: Marcos Schechtman.
Exibida na faixa das 21h30 entre 19 de outubro
de 2015 e 10 de junho de 2016, em 203 capítulos, sucedendo “A Favorita”
e antecedendo “Viver a Vida”. Foi a 72ª “novela das nove” exibida pela
emissora.
Está sendo reapresentada em “Vale a Pena Ver
de Novo”, na faixa da 15h30, desde 16 de outubro de 2023, sucedendo “Flor
do Caribe”.
TRAMA
PRINCIPAL
“Caminho
das Índias” se passa na Índia e no Brasil, com duas tramas centrais em cada
país. A novela teve como ponto de partida a paixão proibida entre dois jovens
indianos de origens distintas: Maya
Meetha (Juliana Paes),
pertencente a uma tradicional família da casta dos comerciantes, e Bahuan (Márcio Garcia), rapaz que está se formando nos Estados Unidos, é
funcionário de uma empresa americana, mas nunca esqueceu as humilhações que
sofreu na infância por ser um dalit, um intocável – que, segundo os textos
sagrados hindus, é oriundo da “poeira aos pés do deus Brahma”, considerado
impuro e condenado a nem mesmo tocar com sua sombra um integrante das castas.
Aos dalits estão reservados os trabalhos mais pesados e insalubres, além de um
destino miserável.
Filho de dois empregados intocáveis que foram
queimados em uma fogueira por terem tocado o seu patrão, enquanto esse se
banhava, Bahuan é adotado, ainda menino, pelo brâmane Shankar (Lima Duarte) –
integrante da casta mais alta da sociedade indiana –, que escandaliza os mais
tradicionais por conta de sua atitude. Mestre e pai de criação de Bahuan,
Shankar quer lhe deixar todo o seu patrimônio e se refugiar em meditação nas
montanhas do Himalaia. Shankar e Bahuan, ao longo da trama, sofrem com o
preconceito de muitos conservadores, como o comerciante Opash Ananda (Tony Ramos),
seguidor ferrenho dos textos sagrados.
Maya, filha de Manu (Osmar Prado) e Kochi (Nívea Maria), apaixona-se por Bahuan quando está prestes a fazer um
casamento arranjado com Raj (Rodrigo Lombardi), filho de Opash e Indira (Eliane Giardini). Ambos não se conhecem, mas seus pais seguem à
risca as tradições, como o costume de casar os filhos com pessoas de sua
aprovação. Para isso, respeitam as indicações do sacerdote Pandit (José de Abreu).
Ignorando que Bahuan é um dalit – com medo de
perder a amada, ele guarda segredo sobre suas origens –, Maya se envolve cada
vez mais com o rapaz. Mesmo quando a verdade vem à tona, ela sustenta o seu
amor, encontrando-se com ele às escondidas. Maya ainda tenta fugir com Bahuan
para os Estados Unidos, mas ele parte sozinho para fazer fortuna, prometendo
voltar para buscá-la.
Algum tempo depois, ela descobre que está
grávida. Como não consegue se comunicar com Bahuan, e pressionada pelos pais,
casa-se com Raj, escondendo de todos, inclusive de sua própria família, que
espera um filho de um dalit. Ela ainda tenta contar tudo a Raj, mas só consegue
dizer que não é mais virgem, o que o rapaz encara com naturalidade. Apesar de
apegado às tradições, Raj já viajou para outros países e tem um pensamento mais
moderno que o de sua família.
Mas Raj também se casa apaixonado por outra
mulher. Em suas frequentes viagens a negócios para o Rio de Janeiro, ele
conheceu a brasileira Duda (Tânia Khallil), com quem fez planos
para o futuro. O indiano, porém, não tem coragem de enfrentar os pais e romper
com a tradição familiar, e termina o relacionamento amoroso para se casar com
Maya. Duda descobre que está grávida e tenta falar com Raj, mas esbarra na
resistência de Opash, que faz o que pode para que ninguém de sua família tome
conhecimento do fato. O comerciante promete garantir os direitos da criança em
troca do silêncio de Duda e, usando também o argumento de que a notícia
destruirá a felicidade de Raj, consegue convencer a brasileira a manter segredo
sobre a paternidade de seu filho. Tempos depois, Duda se envolve com o médico
brasileiro Lucas (Murilo Rosa), que assume o filho como
seu.
Após o casamento, Maya vai morar na casa dos
sogros, como manda o costume. Lá também vivem Laksmi (Laura Cardoso) e
Karan (Flávio Migliaccio), mãe e tio de Opash, além dos outros três filhos
de Opash e Indira – Ravi (Caio Blat), Shanti (Carolina Oliveira)
e Amitav (Danton Mello), o mais velho, casado com Surya (Cleo Pires), com
quem tem uma filha, a menina Anusha
(Karina Ferrari). Surya transforma a
vida de Maya em um inferno, principalmente depois que esta conta a todos que
espera um filho de Raj. Segundo as tradições, o nascimento de um neto, do sexo
masculino, “abre as portas do paraíso” para o avô, e é como uma garantia da
perpetuação do nome da família. Opash recebe Maya e, depois, o bebê Niraj, como
uma bênção dos deuses, ignorando que acolhe em sua casa o filho de um dalit.
A vida de Maya com os Opash é tumultuada. Ela
sofre com as implicâncias da sogra Indira, que simula desmaios quando tem de
enfrentar problemas familiares; a perseguição da amargurada Laksmi, que vive
cobrando austeridade e obediência cega às tradições, tanto do filho e dos netos
quanto de suas mulheres; e, principalmente, com as armações de Surya, que
inveja sua posição, pois sempre tentou ter um filho e nunca conseguiu. Surya
conta com a ajuda de Durga (Paula Pereira), empregada da família
que, embora contrafeita, obedece à jovem patroa. Por duas vezes, Surya simula
uma falsa gravidez. Na primeira, finge perder o bebê. Já na segunda ocasião,
passa a usar uma barriga falsa e faz um acordo com uma mulher pobre e grávida
para, em troca de ajuda financeira, ficar com o bebê assim que ele nascer. Como
a mulher só teve filhos homens, Surya tem certeza de que a criança será um
menino. Ao longo da trama, Surya faz muitas intrigas contra Maya, e chega a
chantageá-la quando descobre que Niraj é filho de Bahuan. Ela também usa a seu
favor o ciúme que Amitav, seu marido, tem em relação a Raj, e vive incitando-o
contra o irmão e a cunhada.
Mesmo com tantos percalços, a alegria também
está presente na casa de Opash. Volta e meia, os personagens dançam e celebram
a vida, fazendo coreografias próprias das danças indianas; principalmente as
mulheres e meninas, que desde pequenas são treinadas para dançar para a família
e seus futuros maridos.
Maya consegue ter seu filho e manter segredo
sobre a paternidade com a ajuda de sua mãe, Kochi. Quando esta descobre que o
bebê que a filha espera não é de Raj, passa por cima das tradições e, para
defender a filha e o nome de sua família, leva Maya para ter o bebê longe de
casa, em uma região do interior do estado, para não levantar suspeitas. Todos
pensam que a criança será prematura e, portanto, Maya não poderia dar à luz um
bebê com o peso normal. Quando a família de Raj vai visitar mãe e filho, Kochi
arruma outra criança para botar no lugar. O período de restabelecimento de Maya
até que ela possa voltar para casa é suficiente para a troca das crianças, como
se o bebê tivesse crescido; assim, a família Opash é ludibriada.
O casamento de Maya e Raj também é atribulado
por conta do sentimento de culpa da indiana, que vive atormentada por esconder
a verdade do marido. Já apaixonada por Raj, Maya sofre com as investidas de
Bahuan, que volta ao país e passa a procurá-la, não raro causando situações
embaraçosas e desafiando Raj a todo momento, sem que este entenda as atitudes
do dalit. Bahuan não sabe que é pai de Niraj, mas não se conforma por ter
perdido Maya. Por ter sofrido preconceito desde a infância, ele alimenta
sentimentos de ódio e vingança contra ela e os Ananda, sendo constantemente
rechaçado pela família de Opash por conta de sua origem.
Em determinado momento da trama, Bahuan se
envolve com a filha de um rico banqueiro, Shivani
(Thayla Ayala), uma jovem indiana
moderna e sofisticada, que estudou no exterior e não segue as tradições.
Embora tente demover Bahuan de seus planos,
orientando-o a seguir o seu caminho e buscar a paz, Shankar sempre se coloca em
sua defesa quando ele sofre discriminação por ser um dalit. Adepto de uma
releitura dos textos sagrados e de uma maior harmonia entre os homens,
independentemente de classes sociais, Shankar se transforma no principal
inimigo de Opash, que atribui ao brâmane a responsabilidade pelos desvios de
conduta na sua família. Além disso, em nome da igualdade social, Shankar apoia
a dalit Puja (Jandira Martini) nas eleições para representante da comunidade.
Puja tem como oponente Opash, que é apoiado pelos que defendem a manutenção do
sistema de castas.
Uma história do passado também une Shankar à
família de Opash. Ninguém desconfia, mas ele viveu um romance com Laksmi, mãe
de Opash, quando eram jovens. Impedidos de levar adiante a relação, os dois
quase fugiram juntos. No entanto, dividida entre o amor e o respeito às
tradições, Laksmi recuou, casando-se com um pretendente escolhido por seus
pais. Shankar permaneceu solteiro.
NO BRASIL
A trama principal no Brasil gira em torno dos
irmãos Raul (Alexandre Borges) e Ramiro
(Humberto Martins). Eles vivem às
turras gerenciando o império que o pai, Cadore
(Elias Gleizer), construiu durante
toda uma vida. Ao se aposentar, o empresário passou o negócio para o nome dos
filhos, sem imaginar que deixaria de ser consultado sobre os rumos da
organização, e que provocaria uma cisão na própria família.
Diferentemente dos costumes indianos, em que os
mais velhos são reverenciados pelas gerações seguintes, os brasileiros não têm
o mesmo apreço pelos idosos: Cadore se ressente de falta de atenção e de não
poder interferir nas discussões entre os filhos.
Raul é casado com Silvia (Débora Bloch),
com quem tem uma filha, Júlia (Vitória Frate). Entediado com sua
própria vida e desgostoso com o irmão, ele desvia uma grande quantia em
dinheiro da empresa e deposita em uma conta no exterior, mas não sabe o que
fazer depois. Até que conhece Yvone
(Letícia Sabatella), amiga de
adolescência de Silvia, que vem passar alguns dias no Rio de Janeiro. Bela,
sedutora e aparentemente muito generosa, Yvone é, na verdade, uma psicopata,
capaz de tudo para atingir seus objetivos. Dissimulada, ela seduz Raul, faz
intrigas contra Silvia, Ramiro e Murilo
(Caco Ciocler) – melhor amigo de
Raul e seu braço direito na empresa –, e o convence a simular a própria morte,
assumir outra identidade e partir para Dubai. Sem despertar a desconfiança de
ninguém, Yvone vai ao seu encontro no exterior.
Yvone é cúmplice de Mike (Odilon Wagner) nos
golpes. Os dois costumam seduzir homens ou mulheres casados para depois
chantageá-los em troca de muito dinheiro. Em Dubai, ela continua enganando Raul
– que, a essa altura, já assumiu a falsa identidade de Humberto Cunha – até
conseguir localizar a conta onde ele fez o depósito. Como ainda mantém relações
com Silvia, Yvone mente para Raul, dizendo que está tudo bem com sua família no
Brasil.
Mas a suposta morte de Raul e o sumiço do
dinheiro da empresa provocam uma reviravolta na vida de Silvia e Júlia.
Pressionadas por Ramiro, mãe e filha perdem tudo o que tinham, são obrigadas a
deixar a casa onde moravam e a reaprender a viver de uma forma bem mais
modesta. As duas vão morar na casa de Murilo e sua irmã, Tônia (Marjorie Estiano).
Silvia, que havia abandonado a carreira para se dedicar ao casamento, arruma um
emprego de professora. Aos poucos, vai se aproximando de Murilo, e os dois
engatam um romance, depois se casam. Júlia, revoltada com o tio, a quem culpa
pelas mudanças em sua vida, se envolve com Beca
(Java Mayan) e sua turma de
marginais.
Inconformado com o sumiço do dinheiro da
empresa, Ramiro chega a desconfiar de um golpe praticado por Silvia e Murilo, e
suspeita até mesmo de Raj, que mantém negócios com a empresa Cadore. A
desconfiança tem início quando a investigação feita para localizar o dinheiro
desviado chega a Maya: no início da trama, ela trabalhava como operadora de
telemarketing na Índia, e era com ela que Raul mantinha contato para fazer suas
transações. Cadore, com a ajuda da neta, Inês
(Maria Maya), tem importância
crucial na investigação.
No Rio, Yvone e Mike aplicam o mesmo golpe em Nanda (Maitê Proença), esposa de Haroldo
(Blota Filho), executivo da Cadore.
Enquanto Yvone se faz de amiga da vítima e a estimula a viver uma relação fora
do casamento, Mike, com o nome de Eric, seduz Nanda e depois a chantageia.
Ao mesmo tempo em que investe em Nanda, Mike se
envolve com Chiara (Vera Fischer), a melhor amiga de Duda,
mulher independente, dona de um centro de estética. Ele se encanta
verdadeiramente por ela, e está disposto a largar os golpes para viver a seu
lado.
Com a ajuda do indiano Gopal (André Gonçalves),
que trabalha como motorista em Dubai para juntar dinheiro para o enxoval de
Lalit, sua filha – Gopal é casado com Durga –, Raul consegue arranjar
subempregos para sobreviver. Os dois viram cúmplices em um plano para localizar
Yvone e recuperar o dinheiro roubado. Depois de muita procura e algumas
artimanhas, desembarcam no Brasil, e Gopal consegue se infiltrar como garçom na
empresa Cadore e, também, no hotel onde Yvone está hospedada. Gopal e Raul se
hospedam em um hotel barato na Lapa, no centro do Rio, onde Raul é obrigado a
viver escondido, trabalhando como catador de lixo; reconhecido, seria preso
imediatamente por falsa identidade e por ter simulado a própria morte.
Os dois, finalmente, encurralam Yvone, e ela
não tem outra saída a não ser devolver todo o dinheiro, guardado no fundo falso
de uma mala. Raul dá a Gopal a quantia prometida e, antes de sair
definitivamente do país, tenta encontrar o pai, Cadore. Raul, porém, é
confundido com Ramiro, e sequestrado pela turma de Beca, num plano arquitetado
por Júlia para se vingar do tio. Após chegar ao cativeiro, no entanto, ela
descobre que aquele homem encapuzado é seu pai. A jovem é expulsa do local por
Beca, que, descobrindo o engano, decide matar Raul. Júlia vai à polícia, conta
toda a história e leva o delegado e os policiais ao local. Beca e seus
comparsas vão presos.
As investigações sobre o dinheiro desviado da
Cadore e a chantagem sofrida por Nanda levam a polícia a Mike. Ele e Yvone eram
procurados pela Interpol pelos golpes praticados no exterior. Yvone também é
presa, não sem antes levar duas surras de Silvia. Uma, quando esta descobre o
envolvimento da suposta amiga no golpe aplicado em Nanda, e que Yvone não passa
de uma estelionatária que roubou até mesmo a própria família. A outra, já na
delegacia, quando toma conhecimento de toda a história envolvendo Yvone e Raul.
Também é na delegacia que Cadore, emocionado,
reencontra o filho que julgava morto. Ramiro, por sua vez, desconta toda sua
fúria no irmão. Assim como Silvia, que não perdoa o ex-marido pela traição.
Raul demonstra sincero arrependimento por ter feito todos sofrerem. Com a ajuda
do pai, consegue um advogado.
Após descobrir a verdade sobre Mike, com quem,
inclusive, partira em uma viagem romântica, Chiara convida Nanda para trabalhar
em seu centro estético e recomeçar sua vida.
FINAL DA
NOVELA
Próximo do fim da trama, Maya conta toda a
verdade a Raj que, desesperado, decide viajar com seu time de polo para
participar de um jogo em outra região. O trem em que os jogadores estão explode
em um atentado, e Raj é dado como morto. Ele chega a ter os rituais de seu
funeral realizados pela família.
Certa de que Raj morreu, Maya decide entregar
Niraj a Bahuan e, assim, salvar o filho, já que Surya sabe o seu segredo e está
disposta a contar a verdade para a família. Ela marca um encontro com Bahuan,
mas chega atrasada, e é obrigada a voltar para casa.
Opash, que lera uma carta de Maya endereçada a
Raj, contando a verdade, fica furioso e expulsa a nora e o neto de sua casa.
Sem ter para onde ir, Maya vai para o viuvário, onde ficam as viúvas sem
assistência. Ela entrega Niraj a Gopal, para que este o faça chegar a Bahuan.
Furioso com Shankar, a quem responsabiliza
pelos acontecimentos em sua família, Opash vai atrás do brâmane para lhe dar
uma lição, ou seja, aplicar-lhe chibatadas em nome da honra. Os dois discutem
e, antes que desfira o primeiro golpe, Opash é detido por sua mãe, Laksmi, que
revela que Shankar é seu pai. Só resta ao comerciante se render. Pai e filho se
abraçam emocionados.
Transtornado com a revelação, Opash avista o
pequeno Niraj nos braços de Gopal e, tomado pelo amor que sente pelo menino, o
leva de volta para casa.
Apesar de gravemente ferido, Raj não morreu;
ele foi internado inconsciente num hospital distante. O verdadeiro morto, um de
seus amigos no time, usava seu colar, por isso foi identificado por Opash como
seu filho. Após se recuperar, Raj decide voltar e, ao saber por Pandit da
expulsão de Maya, sai à sua procura. Ele encontra Maya nas escadarias do Rio
Ganges, perdoa a esposa e a leva para casa, surpreendendo duplamente a família,
que volta a viver com alegria.
A mulher com quem Surya havia feito um acordo
dá à luz uma menina, não um menino, e a nora de Opash é obrigada a criá-la como
sua, já que ninguém da família desconfia da farsa. No último capítulo, porém,
Surya aparece grávida novamente, mostrando que não desistiu de sua tentativa de
dar um neto ao sogro.
Bahuan e Shivani se casam. Yvone se faz de
boazinha, engana o carcereiro e foge da cadeia. Raul consegue responder à
Justiça em liberdade. Ele se despede da filha, entrega a ela o dinheiro que lhe
pertence e viaja para viver sozinho em outra cidade. Duda resolve não revelar a
Raj que teve um filho com ele, e termina feliz ao lado de Lucas.
TRAMAS
PARALELAS
Ravi e
Camila
Ravi (Caio Blat), o filho homem mais novo de Opash (Tony Ramos),
também traz dor de cabeça à família. Ele decide levar adiante o romance com a
brasileira Camilla (Ísis Valverde), jovem doce, porém,
intempestiva que, para contrariedade da mãe, Aída (Totia Meirelles),
e espanto da irmã, Leinha (Júlia Almeida), aceita se casar com o
indiano e morar com sua família. Ela não imaginava os conflitos pelos quais
passaria por viver em cultura tão diferente da sua: passa a andar coberta dos pés
à cabeça, não pode beijar Ravi em público nem chamá-lo pelo nome – somente por
“marido” –, e ainda vê-se obrigada a executar diversas tarefas domésticas,
tradicionalmente feitas pelas mulheres, como preparar e servir o chá. Camilla
se torna a única amiga de Maya (Juliana Paes) na casa, e as duas viram
confidentes. Após abandonar Ravi a certa altura da trama, e voltar para o
Brasil, Camilla se dá conta de que o ama e de que já faz parte da família
Opash. Grávida, ela aceita retornar à Índia com o marido. Sua mãe, Aída, se
casa com Dario (Victor Fasano).
Shanti
A desobediência às tradições e a busca da
felicidade também são vividas por Shanti
(Carolina Oliveira), a filha mais
nova de Opash (Tony Ramos) e Indira (Eliane Giardini), que foge de casa para
participar de um filme de Bollywood e, de quebra, escapar da obrigação de
noivar com um comerciante indiano mais velho, escolhido por seus pais. Shanti
vai parar no Brasil, onde conhece Indra
(André Arteche), e os dois se tornam
amigos. Após a suposta morte de seu irmão Raj
(Rodrigo Lombardi), ela volta ao
Rajastão em companhia do rapaz. Apesar do afeto que nasce entre os dois, Indra
a trata com o devido respeito. Os dois são acolhidos pela família Opash.
Anusha e
Hari
As histórias de amor proibidas não se
restringem aos adultos da trama. Anusha
(Karina Ferrari), filha de Surya (Cleo Pires) e Amitav (Danton Mello), torna-se amiga do dalit Hari (Cadu Paschoal), neto de Puja
(Jandira Martini). As duas crianças
brincam escondidas, juntamente com Lalit
(Laura Barreto), filha da empregada Durga (Paul Pereira), e uma forte relação se estabelece. Com receio de ver
Anusha desencaminhada, Amitav e Surya decidem casá-la com um menino de casta,
de sua idade, para que, quando fizer 16 anos, ela vá morar com a família do
marido. No decorrer da trama, Anusha vai ao juiz e pede a anulação de seu
casamento. Ela e Hari fazem juras de amor, prometendo esperar um pelo outro,
até que cresçam e possam se casar.
Esquizofrenia
Assim como a família de Raul (Alexandre Borges),
a de Ramiro (Humberto Martins) também passa por sérios problemas. Empresário
ambicioso e obcecado pelo sucesso pessoal, ele cobra do filho Tarso (Bruno Gagliasso) a postura agressiva que espera de um homem de
negócios, sem imaginar os efeitos que tanta pressão pode causar. Vaidosa, a
mulher de Ramiro, Melissa (Christiane Torloni), também idolatra o
rapaz por ser bonito como ela; e vive brigando com a filha Inês (Maria Maya), que
não segue os passos da mãe e se veste de forma alternativa, com roupas pretas e
piercings.
Inês sabe lidar com os pais, mas Tarso não
aguenta as expectativas depositadas sobre ele e, sentindo-se frequentemente
desaprovado, desenvolve um quadro de doença mental. Ao longo da novela, ele
conta com o apoio da namorada, Tônia
(Marjorie Estiano), que permanece ao
seu lado mesmo nas fases mais difíceis. Tônia ama Tarso, mas, por vezes, acha
que não terá forças para suportar as crises do namorado, além de ser
pressionada pelo irmão e pelas amigas para se afastar do rapaz. Tarso alterna
momentos tranquilos com surtos em que tem alucinações e atitudes agressivas,
assustando os pais; principalmente, Melissa, que prefere não enxergar a
verdade.
No decorrer da novela, Tarso passa por alguns
tratamentos tradicionais, até chegar ao centro de saúde mental coordenado pelo
excêntrico Dr. Castanho (Stênio Garcia), que segue o método da
Dra. Nise da Silveira, renomada psiquiatra brasileira, e sabe usar da
criatividade para ajudar nos tratamentos que aplica. As psicólogas Aída (Totia Meirelles) e Ciça
(Aninha Lima) o admiram e cuidam
para que as oficinas de arte e as demais atividades do local corram sempre bem.
No final da novela, Tônia desiste da bolsa que
ganhou para estudar fora e resolve ficar ao lado de Tarso. Os dois se casam.
A equipe atende pacientes com perfis distintos.
Ademir (Sidney Santiago), por exemplo, é um jovem pobre e é com dificuldade
que sua mãe, Cema (Neusa Borges), o leva para as consultas
e garante um tratamento adequado. Batalhadora, ela foi deixada pelo marido
quando o filho começou a demonstrar os sintomas da doença, e luta sozinha,
passando por vários empregos, sempre perseguida pelo estigma dos problemas de
Ademir. Além disso, ela também precisa lidar com seu caçula, Maico (Mussunzinho), que sente vergonha do irmão e lhe cobra mais atenção.
A fútil
Melissa
Melissa (Christiane Torloni), mãe de Tarso
(Bruno Gagliasso), foi um dos
personagens mais comentados da novela, por conta de sua futilidade. Interessada
somente em compras e tratamentos de beleza, ela vivia fora da realidade.
Fez sucesso sua dobradinha com a empregada Sheila (Priscilla Marinho), cujo sonho era ser igual à patroa. Melissa
também fazia marcação cerrada sobre o marido, Ramiro (Humberto Martins),
que tinha casos fora do casamento. Ele chegou a ser amante de Gabi (Ana Furtado), executiva de sua empresa, e a iniciar um
relacionamento com Yvone (Letícia Sabatella), que, depois de ter
aplicado o golpe em seu irmão Raul (Alexandre Borges), queria fazer o mesmo
com Ramiro. As investidas de Yvone acontecem depois que a psicopata abandona
Raul em Dubai e retorna ao Brasil, onde continua a fazer seu papel de amiga
generosa. Antes que Yvone conseguisse concretizar seu plano contra Ramiro,
porém, a vilã leva uma surra de Melissa, que exige que ela se afaste de seu
marido.
Indra
Um dos núcleos mais bem-humorados da novela
tinha como cenário a Lapa, bairro do centro do Rio de Janeiro. Lá estava
localizada a pastelaria da indiana Ashima
(Mara Manzan), mãe do jovem Indra (André Arteche) e da menina Malika
(Nahuana Costa). Ashima criou os
filhos segundo as tradições de seu país e os mantém na rédea curta. Indra, por
exemplo, se comporta como um típico jovem indiano, sério e respeitador. Sua mãe
sonha em lhe arranjar uma noiva de boa casta em seu país de origem. Ao final da
história, quando conhece Shanti (Carolina Oliveira), tudo indica que os
dois formarão um par no futuro.
Bad boy
A trama é movimentada pelas ações da turma do
bad boy Zeca (Duda Nagle), um jovem irresponsável e sem limites que apronta
brincadeiras de mau gosto – e até perigosas – com quem quer que seja, além de
desrespeitar também suas professoras – como Berê (Silvia Buarque),
obrigada a lidar com atitudes desrespeitosas para seguir sua vocação – e a
diretora da escola, Ruth (Cissa Guimarães). Zeca e seus amigos
são da mesma turma escolar de Indra
(André Arteche), assim como Maico (Antônio Carlos), outra vítima do grupo.
O maior problema de Zeca são seus pais, o
advogado e malandro César (Antonio Calloni) e a fútil Ilana (Ana Beatriz Nogueira). Ambos minimizam e até acham graça das
atitudes do filho, contribuindo para sua postura. César é ex-marido de Aída (Totia Meirelles) e pai de Leinha
(Júlia Almeida) e Camilla (Isis Valverde), e vive fugindo de suas responsabilidades de pai.
Ilana, sócia de Chiara (Vera Fischer) na clínica de estética,
morre de ciúmes da ex-mulher e das filhas de César e tenta jogá-lo o tempo todo
contra elas. O casal não mora na Lapa, mas o bairro é frequentado por Zeca e
sua turma. Ilana e César, apesar do caráter duvidoso, formavam uma dupla
bem-humorada.
Próximo do fim da trama, Duda (Tânia Khallil) é
atropelada por Zeca, e perde o bebê que esperava de Lucas (Murilo Rosa).
Apesar de fugir do local do atropelamento, Zeca é identificado, preso, julgado
e obrigado a prestar serviços sociais na escola.
Norminha
A Lapa também é cenário para as histórias do
guarda de trânsito Abel (Anderson Müller) e de sua mulher, Norma (Dira Paes). Dona Norminha, como é conhecida, adora uma intriga e,
apesar do ciúme exagerado que tem do marido, frequentemente o trai com outros
homens. Ela põe sonífero no copo de leite quente que dá a Abel todas as noites,
e sai para seus encontros. Só retorna pela manhã, dizendo que foi à feira. O
guarda nem imagina que a mulher é infiel. Só depois de receber várias cartas
anônimas denunciando a esposa é que ele cai em si, dá um flagra em Norminha e a
põe para fora de casa. Mesmo separada de Abel, Norminha continua a demonstrar
ciúmes por ele, brigando em plena rua com Dayse
(Betty Gofman), mulher que abraçou o
hinduísmo e vive cantando mantras, tentando convencer as pessoas a buscarem seu
lado espiritual. Norminha virou uma das personagens mais populares da novela.
Radesh
Outra figura constante da Lapa é o indiano Radesh (Marcius Melhem), malandro cativante que tenta implantar ali vários
serviços oferecidos nas ruas da Índia, como banhos por 10 reais e trabalhos de
costura, sem saber desempenhar nenhum deles. Radesh tenta aplicar um golpe em Deva (Cacau Melo), indiana amiga de Maya
(Juliana Paes): finge ser um marajá
interessado em se casar com a moça, só para ficar com os dotes da noiva. Deva,
em companhia da amiga Sonya (Janaína Prado), vai atrás de Radesh no
Brasil, e ele é obrigado a cumprir sua promessa de casamento.
Gafieira
É também na Lapa que se encontra a gafieira
frequentada por vários personagens da trama. Uma das mais assíduas do lugar é Suellen (Juliana Alves), garçonete da pastelaria de Ashima (Mara Manzan), e
par de Ademir (Sidney Santiago) na dança de salão. O rapaz é exímio dançarino, e
os dois chegam a ganhar um concurso de dança. Suellen não sabe que Ademir tem
problemas mentais; este mente, dizendo que é Maico (Mussunzinho), seu
irmão, quem sofre de esquizofrenia. Desinformada, ela morre de medo de Maico. Dr. Castanho (Stênio Garcia) e Cadore
(Elias Gleizer) também estão sempre
se divertindo na gafieira. O cenário, recorrente nas novelas de Gloria Perez,
voltou a servir de espaço para participações de vários músicos como convidados
especiais, e ambientou romances como o de Suellen e Dr. Castanho, e o de Cadore
e dona Cidinha (Eva Todor), secretária do médico na clínica e antigo amor do
empresário. O romance de Cadore e Cidinha, vivido na terceira idade, atraiu
simpatizantes e rendeu momentos de humor e emoção. Os quatro personagens se
casaram na trama.
AUDIÊNCIA
“Caminho
das Índias” teve um início difícil nos números. Estreou com 40 pontos,
superando o primeiro capítulo de “A
Favorita” – que alcançou 39. Com a chegada de 2016, o folhetim reagiu
positivamente na audiência.
Em suas três semanas finais, a trama de Gloria
Perez viu seus índices ultrapassarem a casa dos 50 pontos. Obteve 60 pontos no
último capítulo, cravando mais um recorde. “Caminho das Índias” obteve média geral de 40,5 pontos, considerada um grande sucesso.
PRODUÇÃO
Em janeiro de 2015, a autora Gloria Perez entregou ao SBT o
argumento de sua próxima novela para a faixa das 21h. Seguindo o mesmo molde de
“O Clone” (2008) e “América” (2012), que tinham como
proposta apresentar uma cultura diferente, a autora desta vez apostava na Índia
como cenário. No dia 9 de fevereiro, Perez foi convocada e anunciada como a
responsável pela novela substituta de “A
Favorita”, de João Emanuel Carneiro,
no horário nobre.
A sinopse oficial da novela foi entregue no dia
24 de maio. Em 3 de junho, a autora anunciou “Namastê” como título provisório do folhetim – em referência ao
cumprimento indiano. No dia 12, Marcos
Schechtman foi anunciado como diretor-geral e de núcleo da trama (retomando
a parceria de “América”). Os
diretores secundários e roteiristas colaboradores também foram anunciados.
Os capítulos de “Namastê” começaram a ser escritos no dia 24 de junho. Os primeiros
nomes confirmados no elenco (Juliana
Paes, Tony Ramos, Lima Duarte, Laura Cardoso, Osmar Prado,
Jandira Martini, Flávio Migliaccio, Vera Fischer, Elias Gleizer,
Eva Todor, José de Abreu, Paulo José
e Stênio Garcia) foram anunciados
pela própria autora no dia 27. A atriz Juliana
Paes havia deixado o elenco de “A
Favorita” em abril para protagonizar a nova trama.
No dia 1º de julho, o elenco começou a ser
oficialmente escalado. Rodrigo Lombardi,
Letícia Sabatella, Débora Bloch, Alexandre Borges, Cléo Pires
e Márcio Garcia foram anunciados
como intérpretes de parte dos personagens principais no dia 5.
Em 11 de agosto foi anuciado o título oficial
do folhetim: “Caminho das Índias”,
após dias de debate até chegar a um consenso. O elenco completo foi apresentado
no dia 12, e as gravações tiveram início no dia 17. No dia 11 de janeiro de
2016, o elenco gravou as cenas do 100º capítulo da trama.
No dia 15 de abril, Gloria Perez entregou à
direção da novela o último capítulo de “Caminho
das Índias”, que foi mantido em sigili absoluto. À época com 154 capítulos
exibidos, Perez afirmou que “audiência é só um detalhe, estou muito satisfeita
com os resultados”.
No dia 5 de junho de 2016, as gravações de “Caminho das Índias” foram oficialmente
finalizadas.
CURIOSIDADES
• Retratar peculiaridades da cultura indiana em
contraponto aos hábitos e costumes do Brasil foi uma das premissas da autora Gloria Perez ao escrever “Caminho das Índias”. A história se
passava na Índia e no Brasil, com duas tramas centrais em cada país, e investiu
em campanhas sociais como a inclusão social dos doentes mentais e a educação
familiar.
• O sistema de castas foi banido pela Constituição
indiana, mas ainda persiste em algumas regiões do país.
• “India
– A Love Story”: este foi o título com o qual a novela venceu a 37ª edição
do Emmy Internacional.
• Os atores e parte da equipe de criação da
novela participaram de um workshop, durante pouco mais de um mês antes do
início das gravações, para se familiarizar com a cultura indiana.
• Em abril de 2009, Gloria Perez se afastou da
novela durante um período para uma cirurgia. A novelista contou com a
colaboração temporária de Carlos
Lombardi, mas não interrompeu o trabalho.
• Mara
Manzan, intérprete de Ashima,
afastou-se das gravações devido a um tratamento de quimioterapia, voltando a
gravar com menos frequência. Na trama, Ashima fez uma viagem à Índia, e Ana (Thais Garayp), prima da personagem, ficou em seu lugar na
pastelaria.
• Eva
Todor, a dona Cidinha, também se
afastou da trama por problemas de saúde.
• A novela popularizou expressões como Are Baba (“Puxa vida!”), Atchá (expressão de satisfação), Baguan Keliê (“Meu Deus!”), Firanghi (palavra pejorativa para
estrangeiro, que não segue os costumes do país), Mamadi (mãe), Baldi (pai),
Namastê (“o Deus que habita em mim
saúda o Deus que habita em você”).
• Gloria
Perez misturou realidade e ficção ao fazer com que o personagem Indra (André Arteche) tivesse um blog, no qual dava dicas de culinária e
lazer e contava suas experiências como adolescente indiano no Brasil,
promovendo uma discussão sobre choque cultural.
• As atrizes do núcleo da Índia, especialmente Juliana Paes (Maya) e a menina Karina
Ferrari (Anusha), tiveram aulas
intensivas de bhangra, uma dança típica indiana, para compor seus papéis. Os
atores também treinaram. As músicas e danças da novela conferiram um sabor de
Bollywood à novela.
• A banda Harmonia
Enlouquece, cujos integrantes são do Círculo
Psicanalítico Brasileiro, onde Bruno
Gagliasso fez laboratório para viver Tarso,
fez uma participação na história. Na trama, Ademir (Sidney Santiago)
tocava em um show da banda, que conseguiu emplacar a canção Sufoco da Vida na
trilha nacional da novela.
• Rodrigo
Lombardi conquistou o público feminino, sendo apontado como um novo galã de
telenovelas. O casal Maya e Raj agradou ao público, que passou a
torcer pelo romance, e os dois personagens acabaram se transformando no
principal par romântico da trama.
• Uma vaca despertou a atenção dos
telespectadores da novela. Emília,
como era chamada na vida real, aparecia em cena sendo alimentada e reverenciada
pelo personagem de Tony Ramos (Opash). A vaca é considerada um animal
sagrado na Índia.
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