sexta-feira, 3 de agosto de 2007

“Sempre tive vontade de escrever sobre gêmeas”, diz Carlos Romero


O autor Carlos Romero escreveu para o SBT os sucessos “Marimar” (2004), e “Maria do Bairro” (2006), novelas que foram sucesso de crítica e público. Agora, em 2007, o autor retorna ao mesmo horário com a segunda produção inédita, “A Usurpadora”, que estreia nesta segunda, 6 de agosto.

Romero se diz preparado para encarar o desafio, tão pouco tempo após concluir sua obra anterior. Na entrevista abaixo, ele comenta a expectativa para a estreia:

P – Em novelas envolvendo gêmeas, os autores tem costume de utilizar um recurso envolvendo a troca de identidade por determinado tempo, mas a vilã tomando o lugar da mocinha. Você decidiu mudar e escrever em cima dessa proposta. Como surgiu a ideia?
CR – “Eu sempre tive vontade de escrever uma novela sobre gêmeas. Desde que era criança. Mas não queria apresentar mais do mesmo para o público. Comecei a fazer umas pesquisas, e pensei: por que não fazer o destino juntar as irmãs separadas, e fazer com que uma delas, a má, chantageasse a boa para tomar seu lugar em sua casa, para poder curtir festas e homens ao redor do mundo? Esse recurso de ‘mocinha toma o lugar da vilã’ nós já vimos em ‘Mulheres de Areia’, que funcionou bem. Aqui, a proposta funciona por ter um charme a mais.”

P – Em “Maria do Bairro” e “Marimar”, você não abordou temas sociais. Isso vai mudar com “A Usurpadora”?
CR – “Como todos sabemos, temas sociais não são totalmente necessários em uma novela. A novela é um folhetim, pode funcionar sem esses recursos. Em ‘A Usurpadora’, teremos uma subtrama que pode se chamar de ‘tema social’. No início, a vovó Piedade tem sérios problemas com bebida, não consegue ficar sem tomar ao menos um gole por dia, caso contrário fica nervosa, revoltada, xinga todo mundo... Esse tema está presente mais para definir a personalidade cruel de Paola Bracho, porque a partir disso descobrimos que a vilã dá bebida para a vovó apenas para não ouvir seus gritos e lamentos. Com a chegada da Paulina, a coisa muda: com tratamento, logo a vovó se recupera e encerro essa subtrama aqui. Depois disso, não creio que teremos outros temas considerados sociais.”

P – Até agora, em suas novelas, tivemos protagonistas marcantes. Maria, em “Maria do Bairro”, uma guerreira que nunca abaixou a cabeça. E a Maria do Mar, em “Marimar”, que buscou vingança pela morte dos avós e pelas humilhações que sofreu nas mãos de terceiros. Como vai ser em “A Usurpadora”?
CR – “Acho que a Paulina vai ter mais diferenças das outras protagonistas porque a proposta da novela é diferente. No entanto, ela não é fraca. Seus principais antagonistas serão a família Bracho, a Estephanie, o Carlos Daniel... Ela precisa tomar cuidado para não ser descoberta. Mas é uma pessoa boa, sentimental, e triste. Creio que todos irão gostar dela.”

P – Thalía recusou o papel das gêmeas. Como foi para você, que sempre deixou claro que escrevia especialmente para ela?
CR – “Foi um baque. Ela me procurou e pediu mil desculpas, mas não estava se sentindo com forças para embarcar em outro projeto, cujo o trabalho seria dobrado, por ser dois papeis. Fiquei preocupado porque não sabia se seria possível encontrar uma atriz que desse o tom adequado às duas. Felizmente, surgiu a Gaby Spanic. Ela faz uma Paulina e, especialmente, uma Paola de uma forma positiva e diferente que eu nunca teria imaginado. Foi um acerto e não poderia estar mais satisfeito.”

P – Algumas pessoas reclamam da falta de música em suas novelas.
CR – “Não me incomodo. Eu não quero músicas cantadas, não precisei disso em ‘Do Bairro’ e em ‘Marimar’. Sempre vou pedir apenas músicas instrumentais, que marquem presença, que marquem a novela. E em ‘A Usurpadora’ temos uma porção. Especialmente o tema de Paola.”

P – Sua rotina para escrever a novela continua a mesma? Sem colaboradores?
CR – “Eu não ter colaboradores é um pedido meu. Por se tratar de uma novela curta, com uma duração de 105 capítulos, eu acho melhor trabalhar sozinho. As cenas não são muito compridas e temos só personagens necessários para o desenrolar da história. Minha rotina continua a mesma. Escrevo a novela de segunda a sexta, começando às 08h sem pausa até às 12h, quando almoço e tiro um descanso. Às 14h, volto para o computador e trabalho até às 17h, quando paro para assistir ao capítulo. São 8 horas por dia, dá pra começar e terminar um capítulo.”

P – Existe muita expectativa acerca de Paola Bracho. O que você pode adiantar sobre a novela?
CR – “Paola é uma mulher festeira, diferente de Soraya e Angélica. Elas não são parecidas em nada – exceto, talvez, a crueldade. Aqui temos uma vilã que é casada, madrasta de duas crianças que a enxergam como mãe. Mas ela não liga. Em seu diário, deseja que elas morram. Que seu marido morra. Que não aguenta a vida que leva. Ela trai o marido com muitos homens, tem muitos amantes, alguns perigosos, outros nem tanto. Seu conflito principal na novela é com a família. Ela os despreza profundamente.”

P – Teremos mais algum vilão?
CR – “A Paola é a principal, ela protagoniza praticamente todos os momentos de maldade, com requintes de crueldade. Mas como comentei, a Paulina vai enfrentar outros personagens na novela. Teremos a Estephanie, irmã do Carlos Daniel, que odeia Paola profundamente e não perde a chance de rebaixá-la. Ela não é má, mas a maltrata, acreditando ser Paola. Também teremos Leda, que retorna de viagem disposta a reconquistar Carlos Daniel, seu amor de toda a vida. O marido de Estephanie, Willy, é um dos amantes de Paola, é ambicioso e mesquinho. Outro amante da vilã vai surgir para infernizar Paulina. Luciano também. A jornada dela não vai ser fácil.”

P – Carlos Daniel tem características do Luís Fernando?
CR – “Luís Fernando era mimado, e passou por uma transformação. Carlos Daniel é carente, muitas vezes Paola – e posteriormente Paulina – o despreza com frequência, e ele sente falta desse carinho de mulher. No começo, ele apresenta uma personalidade difícil, acaba traindo ‘Paola’ com Leda, mas também passará por uma transformação.”

P – Planeja escrever novelas para outros horários?
CR – “De forma alguma. E nem tão cedo. Eu preciso de um descanso mais longo. Tenho que passar a caneta para outros autores também.”

P – Qual sua expectativa para a estreia e audiência?
CR – “Sempre existe um nervosismo. Pode ser sua 100ª novela, mas isso não muda nunca. Porém, também me sinto mais tranquilo. É um horário o qual estou familiarizado e espero, mais uma vez, dar conta do recado.”

A Usurpadora” estreia nesta segunda, às 22h, no SBT!

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