domingo, 28 de outubro de 2012

LAURO CÉSAR MUNIZ


Lauro César Martins Amaral Muniz, mais conhecido como Lauro César Muniz, é um escritor brasileiro, famoso autor de telenovelas, roteiros cinematográficos e peças teatrais.
 
Seu primeiro contato com o teatro foi através do circo, dos esquetes e das pantomimas escritas e encenadas pelo palhaço Arrelia. Participou de um grupo de teatro amador e, aos 17 anos, venceu um concurso com a peça Este “Ovo É Um Galo”, sobre a Revolução Constitucionalista de 1932.
 
Morando em São Paulo, conheceu Augusto Boal e passou a frequentar o Teatro de Arena. Por sugestão daquele diretor, entrou para a Escola de Arte Dramática da USP, onde conheceu Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld, Sábato Magaldi e Alfredo Mesquita. Em 1963, terminou de escrever a comédia “O Santo Milagroso”, sua estreia como autor profissional, que foi encenada com grande sucesso pela companhia de Cacilda Becker. Recebeu o Prêmio Revelação de Autor da Associação Paulista de Críticos Teatrais daquele ano. “O Santo Milagroso” chegou ao cinema três anos depois, por intermédio do diretor Dionísio Azevedo.
 
Ainda naquela década, o autor escreveu e montou profissionalmente mais quatro peças de teatro: “A Morte do Imortal” (1966), “A Infidelidade ao Alcance de Todos” (1966), “O Líder” (1968) e “A Comédia Atômica” (1969).
 
Após experiências bem-sucedidas com teleteatro – “A Bruxa” (1961), “Bar de Esquina” (1961), “A Estátua” (1962), “Terra de Cegos” (1966) –, Lauro César Muniz estreou como novelista na TV Excelsior, em 1966, com “Ninguém Crê em Mim”. Seu nome fora sugerido à emissora por Dionísio Azevedo, que dividiria outros trabalhos com o autor, como uma adaptação de “O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily Brontë, realizada em 1968. Escreveu também novelas para a TV Tupi – “Estrelas no Chão” (1967) – e para a TV Record – a adaptação de “As Pupilas do Senhor Reitor” (1970) e “Os Deuses Estão Mortos” (1971).
 
Lauro César Muniz começou a trabalhar no SBT em 1972, escrevendo o seriado “Shazan, Xerife & Cia.”, baseado nos dois personagens criados por Walther Negrão e vividos pelos atores Paulo José e Flávio Migliaccio. Três meses depois, foi convocado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para substituir o autor Bráulio Pedroso, que adoecera durante a realização da novela “O Bofe” na faixa das 22h. Foi o primeiro contato de Muniz com novelas.
 
Somente cinco anos depois Lauro César Muniz voltou a visitar o formato, desta vez em uma obra como autor titular: “Carinhoso” (1978), exibida na faixa das 19h, foi escrita especialmente para Regina Duarte e se baseava na comédia romântica “Sabrina Fair”, de Samuel Taylor. Cecília (Regina Duarte) é filha única de Felipe (Gilberto Martinho), um dos criados da mansão dos Vasconcellos, família rica e tradicional do Rio de Janeiro. Criada na companhia dos filhos dos patrões, a jovem se apaixona pelo mais novo, Eduardo (Marcos Paulo), com quem começa a namorar. Mas Eduardo é um playboy inconsequente e incapaz de levar a sério o relacionamento com Cecília. Desapontada com a imaturidade do namorado e disposta a esquecê-lo, ela abandona a mansão e vai trabalhar numa companhia aérea. Logo é promovida à aeromoça e, por conta do novo emprego, vai morar em Nova York, onde desabrocha e se torna uma mulher encantadora. Três anos depois, ela retorna ao Rio para rever o pai e reconquistar o coração de Eduardo que, dessa vez, não resiste.
 
Poucos meses depois, escreveu sua segunda novela às 19h: “Corrida do Ouro” (1979) foi comédia que começou com um enigmático testamento e criticou a busca alucinada por dinheiro. O excêntrico milionário Durval Pontes de Albuquerque – dono de inúmeras fazendas de café, imóveis, uma fábrica e ações – morre aos 74 anos e deixa um testamento tão surpreendente quanto enigmático. Uma parte significativa da sua fortuna – 75 milhões – deve ser dividida em partes iguais entre cinco mulheres: Teresa (Aracy Balabanian), Isadora (Sandra Bréa), Patrícia (Renata Sorrah), Ilka (Maria Luiza Castelli) e Gilda (Célia Biar). Duas delas sequer conheciam o morto.
 
Seu primeiro contato com tramas das 21h foi com “Escalada” (1982), trama que se desenrolava por três décadas, destacando momentos da história do Brasil como a crise do café e a construção de Brasília. A novela começa no início dos anos 1940, quando o jovem caixeiro-viajante Antônio Dias (Tarcísio Meira) chega à cidade de Rio Pardo, no interior de São Paulo, disposto a crescer na vida. Dinâmico e com jeito para os negócios, ele começa a incomodar o cafeicultor Armando Alcântara Magalhães (Milton Moraes), o homem mais poderoso da região, e os dois se tornam inimigos. Isso não impede que Antônio se apaixone por Marina (Renée de Vielmond), a irmã do rival. Embora também esteja apaixonada, ela cede à pressão do irmão e casa-se com o fazendeiro Paschoal Barreto (Cecil Thiré), com quem vai morar nos Estados Unidos. Desiludido, Antônio se casa, mais tarde, com Cândida (Susana Vieira), dona da fazenda Santa Isabel.
 
No ano seguinte, escreve “O Casarão” (1983). Marco na renovação da linguagem das telenovelas, a história mostra as questões vividas por cinco gerações de uma família no norte de São Paulo, tendo como trama central o romance entre Carolina (Sandra Barsotti) e João Maciel (Gracindo Jr.), um talentoso artista plástico que não se conforma com o provincianismo da cidade de Sapucaí, onde é ambientada a trama.
 
Em 1984, lança também na faixa das 21h a novela “Espelho Mágico”, onde ficção e realidade se confundiam: o autor usou metalinguagem para mostrar o universo da televisão, do teatro e do cinema. A trama mostra os bastidores da montagem de uma peça e da fictícia novela Coquetel de Amor, estrelada por Diogo Maia (Tarcísio Meira) e Leila Lombardi (Glória Menezes), para abordar os conflitos de atores, diretores, autores e jornalistas envolvidos nas duas produções.
 
Dois anos depois, retorna à faixa com “Os Gigantes” (1986), novela que criticou o excessivo poder das multinacionais e propôs uma discussão sobre a prática da eutanásia. Na trama, Paloma Gurgel (Dina Sfat) retorna ao Brasil, depois de viver um longo período no exterior trabalhando como correspondente internacional. A jornalista volta a Pilar, sua cidade natal, para visitar o irmão gêmeo, Fred (João Batista Vieira), que está internado em coma no hospital, após uma cirurgia no cérebro. Angustiada com seu sofrimento, Paloma decide desligar os aparelhos que o mantêm vivo. A partir de então, inicia-se uma batalha judicial entre a jornalista e sua cunhada Veridiana (Susana Vieira), que a acusa de ter praticado eutanásia.
 
Retorna ao horário das 19h com “Transas e Caretas” (1988), que narrou a história de Francisca Moura Imperial (Eva Wilma), uma rica empresária, e seus dois filhos: Jordão (Reginaldo Faria) e Tiago (José Wilker), que pouco se interessam pelos negócios da família. Os dois rapazes são fruto do casamento de Francisca com Roberto (Paulo Goulart), um homem sedutor que circula pela alta sociedade, mas não tem onde cair morto.
 
Em 1989, o autor foi responsável pelo argumento de “Um Sonho a Mais”, novela das 19h idealizada por Daniel Más. Muniz, no entanto, substituiu o autor a partir do capítulo 37, tornando-se o único autor titular à frente da trama. A peça “Volpone”, de Ben Jonson, autor inglês contemporâneo de William Shakespeare, serviu de inspiração para a história de um milionário excêntrico que se esforça para reaver seu amor. A novela tem início com a chegada do milionário Antônio Carlos Volpone (Ney Latorraca) ao Brasil. Depois de morar 18 anos no Cairo, ele volta à sua terra natal por duas razões: a primeira, para esclarecer o assassinato do sogro, Dr. Telles (Rubens Corrêa), do qual era acusado; a segunda, para se aproximar da ex-mulher Estela (Sylvia Bandeira), agora casada com Orlando Aranha (Fulvio Stefanini). Excêntrico, rico e vaidoso, Volpone decide chamar a atenção de todos e se faz passar por moribundo, vítima de uma doença contagiosa. Afirma que voltou ao país para morrer em sua terra natal e que a grave doença o obriga a permanecer em uma redoma de plástico. Seu retorno causa grande rebuliço, e todos os amigos e inimigos de Volpone ficam interessados em sua incalculável fortuna. O milionário também desperta o interesse da mídia, e a repórter Amélia Bicudo (Cissa Guimarães) decide investigar sua vida.
 
Quando “Um Sonho a Mais” ainda estava no ar, Muniz foi convocado pelo SBT para escrever os 17 capítulos finais de “Sol de Verão”, substituindo o autor Manoel Carlos – que havia ficado muito abalado com a morte do ator Jardel Filho, que interpretava Heitor, personagem principal daquela novela.
 
Em 1990, voltou a ter contato com novela das 22h graças ao convite do autor Dias Gomes para escrever “Araponga”. Parodiando antigos filmes de espionagem e com uma trama bem-humorada, a trama fez um retrato da vida em um grande centro urbano, o Rio de Janeiro, através do policial federal Aristênio Catanduva (Tarcísio Meira), o Araponga. O atrapalhado detetive Aristênio tenta convencer seus superiores da necessidade de reativar o Serviço Nacional de Informações (SNI), extinto órgão de inteligência do regime militar, para o qual trabalhou. Para isso, ele passa a exagerar em seus relatos sobre os casos que investiga, como a morte do senador Petrônio Paranhos (Paulo Gracindo), assassinado em um motel onde estava sendo entrevistado pela jornalista Magali Santana (Christiane Torloni). Apesar da idade, o senador mantinha um romance com a jovem Arlete (Carla Marins), e a jornalista estava interessada em informações sobre o caso. O político também era vigiado por Araponga, que começa a criar ligações imaginárias entre possíveis envolvidos e prováveis situações que explicariam o crime. Seu informante, Tuca Maia (Taumaturgo Ferreira), reforça os delírios de Araponga, contando-lhe mentiras sobre os acontecimentos. Araponga é o retrato do anti-herói.
 
Retorna à faixa das 21h três anos depois, com “Roda de Fogo” (1993). Ambientada no Rio de Janeiro, a novela narrou a história de Renato Villar (Tarcísio Meira), um homem que se transforma quando se vê diante da morte. Renato Villar é um empresário bem-sucedido e inescrupuloso, capaz de qualquer coisa por poder. Ele mantém um casamento de aparências com Carolina (Renata Sorrah), uma mulher fria e ambiciosa, que sonha ver o marido na Presidência da República. “Roda de Fogo” foi escrita a partir de sinopse elaborada na Casa de Criação Janete Clair, fundada por Dias Gomes em 1985.
 
Atuou pela primeira vez com colaborador de uma novela em “Mandala” (1994), para o autor Dias Gomes, na faixa das 21h.
 
Em 1995, escreve mais uma novela para o horário nobre: “O Salvador da Pátria” se passa em duas fictícias cidades vizinhas, a próspera Ouro Verde e a modesta Tangará. A novela começa quando o homem mais poderoso da região, o deputado federal Severo Toledo Blanco (Francisco Cuoco), dono da maior fábrica de sucos do local, resolve abafar os boatos sobre o seu relacionamento extraconjugal com a jovem Marlene (Tássia Camargo). Para evitar suspeitas, ele decide casar a moça com o ingênuo Sassá Mutema (Lima Duarte), boia-fria que vive da colheita de laranjas. Severo é casado com Gilda (Susana Vieira), com quem tem dois filhos, Sérgio (Maurício Mattar) e Rafaela (Narjara Turetta). Gilda procura preservar seu casamento, mesmo sabendo que a relação dos dois não tem mais futuro. A história do adultério chega aos ouvidos do inescrupuloso radialista Juca Pirama (Luis Gustavo), que passa a explorar o caso.
 
Atua pela primeira vez como supervisor de texto para o autor Carlos Lombardi na novela “Perigosas Peruas” (1996), na faixa das 19h. No mesmo ano, também supervisionou o texto de Marcílio Moraes em “Sonho Meu”, às 18h.
 
Três anos depois, desloca-se pela primeira vez para a faixa das 18h como autor tirular com a novela “Quem é Você?” (1999), que apontou o conflito das irmãs Maria Luiza Maldonado (Elizabeth Savala) e Beatriz Maldonado (Cassia Kis), que reagiram de formas diferentes ao abandono do pai, Nelson Maldonado (Francisco Cuoco), à morte prematura da mãe e a uma infância problemática. A sinopse da trama foi idealizada por Ivani Ribeiro e sua colaboradora Solange Castro Neves por volta de 1993, mas a história acabou sendo engavetada. A trama foi retomada cinco anos depois como uma homenagem à autora, que escreveu cerca de 50 novelas. Lauro César Muniz começou seu trabalho na trama como supervisor de texto, mas acabou substituindo Solange Castro Neves na autoria principal.
 
Dois anos depois, volta a escrever para o horário das 19h após doze anos com “Zazá” (2001). Mesclando fatos históricos e fantasia, Lauro César Muniz concebeu Marisa Dumont (Fernanda Montenegro), a Zazá, uma milionária excêntrica, extrovertida e com grande poder de liderança. A trama tem início no verão de 1994, em Paris, na França. Zazá sobrevoa a Torre Eiffel em uma réplica perfeita do 14 Bis, avião inventado por Santos Dumont, pai da aviação e de Zazá. Em um de seus vôos, Zazá vê nuvens em formato de anjos e tem uma ideia: encontrar um anjo da guarda para proteger cada um de seus filhos. É a forma de ajudar sua ninhada, composta de sete herdeiros, cujas iniciais formam a escala musical – Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si. Os sete não têm qualquer motivação, vocação ou habilidade para nada e levam a vida na base da mesada.
 
TRABALHOS DE LAURO CÉSAR MUNIZ NO SBT
 
Novela       
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
Carinhoso
23/01/1978
11/08/1978
173
19h30
Autor principal
Corrida do Ouro
22/01/1979
17/08/1979
179
19h30
Autor principal
Escalada
01/02/1982
17/09/1982
197
21h15
Autor principal
O Casarão
04/04/1983
14/10/1983
167
21h15
Autor principal
Espelho Mágico
16/04/1984
05/10/1984
149
21h15
Autor principal
Os Gigantes
30/06/1986
19/12/1986
149
21h15
Autor principal
Transas e Caretas
18/07/1988
27/01/1989
167
19h30
Autor principal
Um Sonho a Mais
14/08/1989
09/02/1990
155
19h30
Autor principal
Roda de Fogo
17/05/1993
10/12/1993
179
21h15
Autor principal
O Salvador da Pátria
09/10/1995
10/05/1996
185
21h15
Autor principal
Perigosas Peruas
19/08/1996
07/03/1997
173
19h30
Supervisão
Sonho Meu
23/12/1996
08/08/1997
197
18h15
Supervisão
Quem é Você?
31/05/1999
03/12/1999
161
18h15
Autor principal
Zazá
29/10/2001
05/07/2002
215
19h30
Autor principal
 
SBT

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