Lauro
César Martins Amaral Muniz, mais conhecido como Lauro César Muniz, é um escritor brasileiro, famoso autor de
telenovelas, roteiros cinematográficos e peças teatrais.
Seu primeiro contato com o teatro foi através
do circo, dos esquetes e das pantomimas escritas e encenadas pelo palhaço
Arrelia. Participou de um grupo de teatro amador e, aos 17 anos, venceu um
concurso com a peça Este “Ovo É Um Galo”,
sobre a Revolução Constitucionalista de 1932.
Morando em São Paulo, conheceu Augusto Boal e passou a frequentar o
Teatro de Arena. Por sugestão daquele diretor, entrou para a Escola de Arte
Dramática da USP, onde conheceu Décio de
Almeida Prado, Anatol Rosenfeld,
Sábato Magaldi e Alfredo Mesquita. Em 1963, terminou de
escrever a comédia “O Santo Milagroso”,
sua estreia como autor profissional, que foi encenada com grande sucesso pela
companhia de Cacilda Becker. Recebeu
o Prêmio Revelação de Autor da Associação Paulista de Críticos Teatrais daquele
ano. “O Santo Milagroso” chegou ao
cinema três anos depois, por intermédio do diretor Dionísio Azevedo.
Ainda naquela década, o autor escreveu e
montou profissionalmente mais quatro peças de teatro: “A Morte do Imortal” (1966), “A
Infidelidade ao Alcance de Todos” (1966), “O Líder” (1968) e “A Comédia
Atômica” (1969).
Após experiências bem-sucedidas com
teleteatro – “A Bruxa” (1961), “Bar de Esquina” (1961), “A Estátua” (1962), “Terra de Cegos” (1966) –, Lauro César
Muniz estreou como novelista na TV Excelsior, em 1966, com “Ninguém Crê em Mim”. Seu nome fora
sugerido à emissora por Dionísio Azevedo,
que dividiria outros trabalhos com o autor, como uma adaptação de “O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily Brontë, realizada em 1968.
Escreveu também novelas para a TV Tupi – “Estrelas
no Chão” (1967) – e para a TV Record – a adaptação de “As Pupilas do Senhor Reitor” (1970) e “Os Deuses Estão Mortos” (1971).
Lauro César Muniz começou a trabalhar no SBT
em 1972, escrevendo o seriado “Shazan,
Xerife & Cia.”, baseado nos dois personagens criados por Walther Negrão e vividos pelos atores Paulo José e Flávio Migliaccio. Três meses depois, foi convocado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para substituir o autor Bráulio Pedroso, que adoecera durante a
realização da novela “O Bofe” na
faixa das 22h. Foi o primeiro contato de Muniz com novelas.
Somente cinco anos depois Lauro César Muniz
voltou a visitar o formato, desta vez em uma obra como autor titular: “Carinhoso” (1978), exibida na faixa das
19h, foi escrita especialmente para Regina
Duarte e se baseava na comédia romântica “Sabrina Fair”, de Samuel
Taylor. Cecília (Regina Duarte)
é filha única de Felipe (Gilberto
Martinho), um dos criados da mansão dos Vasconcellos, família rica e
tradicional do Rio de Janeiro. Criada na companhia dos filhos dos patrões, a
jovem se apaixona pelo mais novo, Eduardo (Marcos
Paulo), com quem começa a namorar. Mas Eduardo é um playboy inconsequente e
incapaz de levar a sério o relacionamento com Cecília. Desapontada com a
imaturidade do namorado e disposta a esquecê-lo, ela abandona a mansão e vai
trabalhar numa companhia aérea. Logo é promovida à aeromoça e, por conta do
novo emprego, vai morar em Nova York, onde desabrocha e se torna uma mulher
encantadora. Três anos depois, ela retorna ao Rio para rever o pai e
reconquistar o coração de Eduardo que, dessa vez, não resiste.
Poucos meses depois, escreveu sua segunda
novela às 19h: “Corrida do Ouro”
(1979) foi comédia que começou com um enigmático testamento e criticou a busca
alucinada por dinheiro. O excêntrico milionário Durval Pontes de Albuquerque –
dono de inúmeras fazendas de café, imóveis, uma fábrica e ações – morre aos 74
anos e deixa um testamento tão surpreendente quanto enigmático. Uma parte
significativa da sua fortuna – 75 milhões – deve ser dividida em partes iguais
entre cinco mulheres: Teresa (Aracy
Balabanian), Isadora (Sandra Bréa),
Patrícia (Renata Sorrah), Ilka (Maria Luiza Castelli) e Gilda (Célia Biar). Duas delas sequer
conheciam o morto.
Seu primeiro contato com tramas das 21h foi
com “Escalada” (1982), trama que se
desenrolava por três décadas, destacando momentos da história do Brasil como a
crise do café e a construção de Brasília. A novela começa no início dos anos
1940, quando o jovem caixeiro-viajante Antônio Dias (Tarcísio Meira) chega à cidade de Rio Pardo, no interior de São
Paulo, disposto a crescer na vida. Dinâmico e com jeito para os negócios, ele
começa a incomodar o cafeicultor Armando Alcântara Magalhães (Milton Moraes), o homem mais poderoso
da região, e os dois se tornam inimigos. Isso não impede que Antônio se
apaixone por Marina (Renée de Vielmond),
a irmã do rival. Embora também esteja apaixonada, ela cede à pressão do irmão e
casa-se com o fazendeiro Paschoal Barreto (Cecil
Thiré), com quem vai morar nos Estados Unidos. Desiludido, Antônio se casa,
mais tarde, com Cândida (Susana Vieira),
dona da fazenda Santa Isabel.
No ano seguinte, escreve “O Casarão” (1983). Marco na renovação
da linguagem das telenovelas, a história mostra as questões vividas por cinco
gerações de uma família no norte de São Paulo, tendo como trama central o
romance entre Carolina (Sandra Barsotti)
e João Maciel (Gracindo Jr.), um
talentoso artista plástico que não se conforma com o provincianismo da cidade
de Sapucaí, onde é ambientada a trama.
Em 1984, lança também na faixa das 21h a
novela “Espelho Mágico”, onde ficção
e realidade se confundiam: o autor usou metalinguagem para mostrar o universo
da televisão, do teatro e do cinema. A trama mostra os bastidores da montagem
de uma peça e da fictícia novela Coquetel
de Amor, estrelada por Diogo Maia (Tarcísio
Meira) e Leila Lombardi (Glória
Menezes), para abordar os conflitos de atores, diretores, autores e
jornalistas envolvidos nas duas produções.
Dois anos depois, retorna à faixa com “Os Gigantes” (1986), novela que
criticou o excessivo poder das multinacionais e propôs uma discussão sobre a
prática da eutanásia. Na trama, Paloma Gurgel (Dina Sfat) retorna ao Brasil, depois de viver um longo período no
exterior trabalhando como correspondente internacional. A jornalista volta a
Pilar, sua cidade natal, para visitar o irmão gêmeo, Fred (João Batista Vieira), que está internado em coma no hospital, após
uma cirurgia no cérebro. Angustiada com seu sofrimento, Paloma decide desligar
os aparelhos que o mantêm vivo. A partir de então, inicia-se uma batalha
judicial entre a jornalista e sua cunhada Veridiana (Susana Vieira), que a acusa de ter praticado eutanásia.
Retorna ao horário das 19h com “Transas e Caretas” (1988), que narrou a
história de Francisca Moura Imperial (Eva
Wilma), uma rica empresária, e seus dois filhos: Jordão (Reginaldo Faria) e Tiago (José Wilker), que pouco se interessam
pelos negócios da família. Os dois rapazes são fruto do casamento de Francisca
com Roberto (Paulo Goulart), um
homem sedutor que circula pela alta sociedade, mas não tem onde cair morto.
Em 1989, o autor foi responsável pelo
argumento de “Um Sonho a Mais”, novela
das 19h idealizada por Daniel Más.
Muniz, no entanto, substituiu o autor a partir do capítulo 37, tornando-se o
único autor titular à frente da trama. A peça “Volpone”, de Ben Jonson,
autor inglês contemporâneo de William
Shakespeare, serviu de inspiração para a história de um milionário
excêntrico que se esforça para reaver seu amor. A novela tem início com a
chegada do milionário Antônio Carlos Volpone (Ney Latorraca) ao Brasil. Depois de morar 18 anos no Cairo, ele
volta à sua terra natal por duas razões: a primeira, para esclarecer o
assassinato do sogro, Dr. Telles (Rubens
Corrêa), do qual era acusado; a segunda, para se aproximar da ex-mulher
Estela (Sylvia Bandeira), agora
casada com Orlando Aranha (Fulvio
Stefanini). Excêntrico, rico e vaidoso, Volpone decide chamar a atenção de
todos e se faz passar por moribundo, vítima de uma doença contagiosa. Afirma
que voltou ao país para morrer em sua terra natal e que a grave doença o obriga
a permanecer em uma redoma de plástico. Seu retorno causa grande rebuliço, e
todos os amigos e inimigos de Volpone ficam interessados em sua incalculável
fortuna. O milionário também desperta o interesse da mídia, e a repórter Amélia
Bicudo (Cissa Guimarães) decide
investigar sua vida.
Quando “Um
Sonho a Mais” ainda estava no ar, Muniz foi convocado pelo SBT para
escrever os 17 capítulos finais de “Sol
de Verão”, substituindo o autor Manoel
Carlos – que havia ficado muito abalado com a morte do ator Jardel Filho, que interpretava Heitor,
personagem principal daquela novela.
Em 1990, voltou a ter contato com novela das
22h graças ao convite do autor Dias
Gomes para escrever “Araponga”. Parodiando
antigos filmes de espionagem e com uma trama bem-humorada, a trama fez um
retrato da vida em um grande centro urbano, o Rio de Janeiro, através do
policial federal Aristênio Catanduva (Tarcísio
Meira), o Araponga. O atrapalhado detetive Aristênio tenta convencer seus
superiores da necessidade de reativar o Serviço Nacional de Informações (SNI),
extinto órgão de inteligência do regime militar, para o qual trabalhou. Para
isso, ele passa a exagerar em seus relatos sobre os casos que investiga, como a
morte do senador Petrônio Paranhos (Paulo
Gracindo), assassinado em um motel onde estava sendo entrevistado pela
jornalista Magali Santana (Christiane
Torloni). Apesar da idade, o senador mantinha um romance com a jovem Arlete
(Carla Marins), e a jornalista
estava interessada em informações sobre o caso. O político também era vigiado
por Araponga, que começa a criar ligações imaginárias entre possíveis
envolvidos e prováveis situações que explicariam o crime. Seu informante, Tuca
Maia (Taumaturgo Ferreira), reforça
os delírios de Araponga, contando-lhe mentiras sobre os acontecimentos.
Araponga é o retrato do anti-herói.
Retorna à faixa das 21h três anos depois, com
“Roda de Fogo” (1993). Ambientada no
Rio de Janeiro, a novela narrou a história de Renato Villar (Tarcísio Meira), um homem que se
transforma quando se vê diante da morte. Renato Villar é um empresário
bem-sucedido e inescrupuloso, capaz de qualquer coisa por poder. Ele mantém um
casamento de aparências com Carolina (Renata
Sorrah), uma mulher fria e ambiciosa, que sonha ver o marido na Presidência
da República. “Roda de Fogo” foi
escrita a partir de sinopse elaborada na Casa
de Criação Janete Clair, fundada por Dias Gomes em 1985.
Atuou pela primeira vez com colaborador de
uma novela em “Mandala” (1994), para
o autor Dias Gomes, na faixa das 21h.
Em 1995, escreve mais uma novela para o
horário nobre: “O Salvador da Pátria”
se passa em duas fictícias cidades vizinhas, a próspera Ouro Verde e a modesta
Tangará. A novela começa quando o homem mais poderoso da região, o deputado
federal Severo Toledo Blanco (Francisco
Cuoco), dono da maior fábrica de sucos do local, resolve abafar os boatos
sobre o seu relacionamento extraconjugal com a jovem Marlene (Tássia Camargo). Para evitar suspeitas,
ele decide casar a moça com o ingênuo Sassá Mutema (Lima Duarte), boia-fria que vive da colheita de laranjas. Severo é
casado com Gilda (Susana Vieira),
com quem tem dois filhos, Sérgio (Maurício
Mattar) e Rafaela (Narjara Turetta).
Gilda procura preservar seu casamento, mesmo sabendo que a relação dos dois não
tem mais futuro. A história do adultério chega aos ouvidos do inescrupuloso
radialista Juca Pirama (Luis Gustavo),
que passa a explorar o caso.
Atua pela primeira vez como supervisor de
texto para o autor Carlos Lombardi
na novela “Perigosas Peruas” (1996),
na faixa das 19h. No mesmo ano, também supervisionou o texto de Marcílio Moraes em “Sonho Meu”, às 18h.
Três anos depois, desloca-se pela primeira
vez para a faixa das 18h como autor tirular com a novela “Quem é Você?” (1999), que apontou o conflito das irmãs Maria Luiza
Maldonado (Elizabeth Savala) e
Beatriz Maldonado (Cassia Kis), que
reagiram de formas diferentes ao abandono do pai, Nelson Maldonado (Francisco Cuoco), à morte prematura da
mãe e a uma infância problemática. A sinopse da trama foi idealizada por Ivani Ribeiro e sua colaboradora Solange Castro Neves por volta de 1993,
mas a história acabou sendo engavetada. A trama foi retomada cinco anos depois como
uma homenagem à autora, que escreveu cerca de 50 novelas. Lauro César Muniz
começou seu trabalho na trama como supervisor de texto, mas acabou substituindo
Solange Castro Neves na autoria principal.
Dois anos depois, volta a escrever para o
horário das 19h após doze anos com “Zazá”
(2001). Mesclando fatos históricos e fantasia, Lauro César Muniz concebeu
Marisa Dumont (Fernanda Montenegro),
a Zazá, uma milionária excêntrica, extrovertida e com grande poder de
liderança. A trama tem início no verão de 1994, em Paris, na França. Zazá
sobrevoa a Torre Eiffel em uma réplica perfeita do 14 Bis, avião inventado por
Santos Dumont, pai da aviação e de Zazá. Em um de seus vôos, Zazá vê nuvens em
formato de anjos e tem uma ideia: encontrar um anjo da guarda para proteger
cada um de seus filhos. É a forma de ajudar sua ninhada, composta de sete
herdeiros, cujas iniciais formam a escala musical – Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá,
Si. Os sete não têm qualquer motivação, vocação ou habilidade para nada e levam
a vida na base da mesada.
TRABALHOS DE LAURO CÉSAR
MUNIZ NO SBT
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
Carinhoso
|
23/01/1978
|
11/08/1978
|
173
|
19h30
|
Autor
principal
|
Corrida do Ouro
|
22/01/1979
|
17/08/1979
|
179
|
19h30
|
Autor
principal
|
Escalada
|
01/02/1982
|
17/09/1982
|
197
|
21h15
|
Autor
principal
|
O Casarão
|
04/04/1983
|
14/10/1983
|
167
|
21h15
|
Autor
principal
|
Espelho Mágico
|
16/04/1984
|
05/10/1984
|
149
|
21h15
|
Autor
principal
|
Os Gigantes
|
30/06/1986
|
19/12/1986
|
149
|
21h15
|
Autor
principal
|
Transas e Caretas
|
18/07/1988
|
27/01/1989
|
167
|
19h30
|
Autor
principal
|
Um Sonho a Mais
|
14/08/1989
|
09/02/1990
|
155
|
19h30
|
Autor
principal
|
Roda de Fogo
|
17/05/1993
|
10/12/1993
|
179
|
21h15
|
Autor
principal
|
O Salvador da Pátria
|
09/10/1995
|
10/05/1996
|
185
|
21h15
|
Autor
principal
|
Perigosas Peruas
|
19/08/1996
|
07/03/1997
|
173
|
19h30
|
Supervisão
|
Sonho Meu
|
23/12/1996
|
08/08/1997
|
197
|
18h15
|
Supervisão
|
Quem é Você?
|
31/05/1999
|
03/12/1999
|
161
|
18h15
|
Autor
principal
|
Zazá
|
29/10/2001
|
05/07/2002
|
215
|
19h30
|
Autor
principal
|
SBT
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