domingo, 28 de outubro de 2012

EUCLYDES MARINHO


Euclydes Marinho nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de fevereiro de 1950. Ingressou no curso de Desenho Industrial da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mas não chegou a concluí-lo. Sonhava trabalhar com cinema. Aos 18 anos, mudou-se para Paris, onde viveu intensamente o auge da contracultura e o movimento hippie.
 
De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou como fotógrafo de jornais, revistas e de filmes de longa-metragem, como “A Estrela Sobe” (1974), de Bruno Barreto. Em seguida, mudou-se com a mulher, a atriz Odete Lara, para Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Aos 27 anos, de volta à capital e à vida urbana, decidiu retomar o sonho de ser cineasta e realizou alguns curtas-metragens.
 
Nessa época, conheceu o diretor Daniel Filho, de quem se tornaria parceiro em diversos trabalhos posteriores. Foi através dele que Euclydes Marinho começou a trabalhar no SBT, em 1978, convidado para integrar a equipe de autores do seriado “Ciranda Cirandinha”. Assinado por Domingos Oliveira, Antônio Carlos da Fontoura, Luiz Carlos Maciel e Euclydes Marinho, “Ciranda Cirandinha” contava a história de quatro jovens que dividiam um apartamento no Leblon, bairro da Zona Sul carioca.
 
Ciranda Cirandinha” abordou temas polêmicos, como drogas e amor livre, e sofreu intervenção da Censura Federal desde o primeiro episódio. Para que estreasse, inclusive, Daniel Filho, supervisor do seriado, e Euclydes Marinho tiveram que viajar à Brasília e negociar pessoalmente com os censores. Dos 15 episódios previstos, apenas 6 foram exibidos, e mesmo assim com cortes.
 
Apesar de tumultuado, o início da carreira de Euclydes Marinho como autor do SBT foi promissor. Ainda em 1978, o seriado “Ciranda Cirandinha” foi escolhido o melhor programa de TV pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Em seguida, ganharia o prêmio Estácio de Sá, oferecido pelo governo do Estado do Rio de Janeiro.
 
No ano seguinte, Euclydes Marinho voltou a trabalhar em seriados do SBT, escrevendo o primeiro episódio de “Malu Mulher” (1979). “Acabou-se o que Era Doce” apresentou ao público a protagonista Malu (Regina Duarte) e toda a violenta crise conjugal por que ela e o marido (Dennis Carvalho) passam até a separação. A equipe de autores de “Malu Mulher” contava também com Armando Costa, Lenita Plonczynski, Renata Palottini, Doc Comparato e Manoel Carlos.
 
Após o sucesso da temática feminina abordada em “Malu Mulher”, o SBT produziu o especial “Mulher 80”, com roteiro de Euclydes Marinho e Luiz Carlos Maciel e direção de Daniel Filho. O programa especial foi apresentado por Regina Duarte e teve depoimentos de diversas estrelas da música brasileira, como Elis Regina, Maria Bethânia, Rita Lee e Gal Costa. Este foi o primeiro de uma série de musicais com os quais o autor colaborou durante a década de 1980.
 
Em 1982, ao lado de Luiz Carlos Maciel e Maria Carmem Barbosa, Euclydes Marinho assinou o roteiro de “Um Facho de Luz”, especial da Serie Grandes Nomes sobre a obra do cantor e compositor Djavan. Em 1986, baseado no conto Cinderela, a Gata Borralheira, dos irmãos Grimm, Euclydes Marinho escreveu com Luiz Gleiser o musical “Cida, a Gata Roqueira”, protagonizado por Cláudia Raia. No ano seguinte, junto com Nelson Motta, assinou o roteiro de “Antonio, o Brasileiro”, musical em homenagem aos 60 anos do maestro Antônio Carlos Jobim.
 
Euclydes Marinho teve sua primeira experiência em telenovelas somente em 1988, como colaborador do autor Gilberto Braga em “Brilhante” (1988). No ano seguinte, estreou como autor principal, assinado a minissérie “Quem Ama Não Mata” (1989), uma das primeiras produzidas pelo SBT. Ambientada no Rio de Janeiro, “Quem Ama Não Mata” apresentava as histórias de cinco casais, com visões diferentes sobre seus relacionamentos. A minissérie é considerada um marco na teledramaturgia da emissora, por discutir em profundidade casamento, fidelidade e amor, numa época marcada por crimes passionais, como o assassinato de Ângela Diniz.
 
A partir de 1990, Euclydes Marinho passou a escrever para o programa “Caso Especial”. Primeiro, adaptando alguns clássicos da literatura, como “Mandrake”, de Rubem Fonseca, e “O Fantasma de Canterville” (1991), de Oscar Wilde, cujo roteiro dividiu com Lula Torres. Em seguida, ainda em 1991, o autor adaptou para o “Caso Especial” a peça “Domingo em Família” (1991), de Oduvaldo Vianna Filho, e escreveu o roteiro para dois episódios do programa baseados em textos originais de Luiz Fernando Verissimo, “Casal Vintém” (1991) e “Demônios do Posto Cinco” (1991). Ainda em 1991, junto com Maria Carmem Barbosa e Christiane Nazareth, assinou “Feliz Ano-Novo, de Novo” (1991). Um ano depois, em 1992, assinou com Luiz Gleiser o episódio “Negro Léo” (1992), baseado na obra de Chico Anysio.
 
Em 1992, com a colaboração de Christiane Nazareth e Lula Torres, Euclydes Marinho voltou a assinar uma minissérie. Desta vez, adaptada da obra de Nelson Rodrigues. “Meu Destino é Pecar” contava a história de Leninha (Lucélia Santos), uma mulher insatisfeita com o casamento arranjado pelos pais. No elenco, atores como Tarcísio Meira, Nathalia Timberg e Marcos Paulo.
 
Em seguida, Euclydes Marinho integrou a equipe de criação do seriado “Armação Ilimitada”, ao lado de Antonio Calmon, Patrycia Travassos, Nelson Motta, Christiane Nazareth e Daniel Más. Dedicado ao público jovem, “Armação Ilimitada” era protagonizado pelo triângulo amoroso formado pelos dublês Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biasi) e a jornalista Zelda (Andréa Beltrão), e inovou ao apresentar uma linguagem ágil, baseada em videoclipes e histórias em quadrinhos.
 
Em 1993, o autor voltou a escrever para seriados do SBT, colaborando com o texto de “Tarcísio & Glória” (1993), estrelado pelos atores Tarcísio Meira e Glória Menezes. Logo a seguir, Euclydes Marinho dividiu com Antonio Calmon e Leopoldo Serran a criação do especial “Shop Shop” (1993). “Shop Shop” era o primeiro episódio do que deveria ser um seriado voltado para o público adolescente. Baseado no filme “Stand by Me” (1986), de Rob Reiner, contaria histórias de jovens em grandes cidades, mas não teve continuidade.
 
A estréia de Euclydes Marinho como autor de novelas aconteceu logo em seguida, em “Mico Preto” (1994), às 19h. Assinada em parceria com Marcílio Moraes e Leonor Bassères, a novela contava, de forma bem-humorada, a história de um honesto funcionário público, Firmino Espírito Santo (Luis Gustavo), que se tornava procurador de uma milionária subitamente desaparecida.
 
No ano seguinte, Euclydes Marinho voltou a assinar uma minissérie em parceria com Lula Torres. “Meu Marido” (1996) apresentava a história de um austero chefe de família, Carlos Zanata (Nuno Leal Maia), que é acusado de tráfico de drogas. Parte da trama voltaria a ser abordada pelo autor em 2006, quando assinou a novela “Desejos de Mulher” (2006).
 
Antes disso, porém, Euclydes Marinho deixou o SBT, em 1998, para se dedicar ao cinema e a projetos independentes.
 
Em 2000, de volta ao SBT, e novamente ao lado Daniel Filho, Euclydes Marinho adaptou crônicas de Nelson Rodrigues para o quadro “A Vida Como Ela é...”, exibido pelo extinto “Fantástico”. Com episódios de oito minutos de duração e estrelada por grande elenco, a série foi toda filmada em película, obtendo excelente repercussão.
 
Dois anos depois, Euclydes Marinho voltava a escrever para seriados, assinando um episódio de “Mulher”, que contava o cotidiano das doutoras Martha (Eva Wilma) e Cristina (Patrícia Pillar) na Clínica Machado de Alencar, especializada em ginecologia e obstetrícia. Ainda em 2002, o autor também colaborou com o texto do humorístico “Vida ao Vivo Show”, estrelado por Pedro Cardoso e Luiz Fernando Guimarães.
 
Euclydes Marinho escreveu “Andando nas Nuvens”, a primeira novela que assinou sozinho, em 2003. Para contar a história de Otávio Montana (Marco Nanini), que desperta após 18 anos em coma, o autor contou com a colaboração de Elizabeth Jhin, Vinícius Viana, Letícia Dornelles e Nelson Nadotti. No elenco, atores como Cláudio Marzo, Nicette Bruno, Renata Sorrah e Susana Vieira.
 
Três anos depois, Euclydes Marinho assinou sua segunda novela, “Desejos de Mulher” (2006), na qual teve como colaboradores Ângela Carneiro, Denise Bandeira, João Emanuel Carneiro, Vinícius Viana e Graça Motta. A trama principal de “Desejos de Mulher” trazia a história das irmãs Andréa (Regina Duarte) e Júlia (Gloria Pires), com temperamento e estilos de vida inteiramente diferentes. Esta foi sua última novela no ar.
 
TRABALHOS DE EUCLYDES MARINHO NO SBT
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
Brilhante
25/07/1988
20/01/1989
155
21h15
Colaborador
Mico Preto
14/11/1994
09/06/1995
179
19h30
Autor principal
Andando nas Nuvens
15/09/2003
30/04/2004
197
19h30
Autor principal
Desejos de Mulher
17/07/2006
16/02/2007
185
19h30
Autor principal
 
SBT

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