Euclydes
Marinho
nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de fevereiro de 1950. Ingressou no curso de
Desenho Industrial da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mas não chegou a
concluí-lo. Sonhava trabalhar com cinema. Aos 18 anos, mudou-se para Paris,
onde viveu intensamente o auge da contracultura e o movimento hippie.
De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou como
fotógrafo de jornais, revistas e de filmes de longa-metragem, como “A Estrela Sobe” (1974), de Bruno Barreto. Em seguida, mudou-se com
a mulher, a atriz Odete Lara, para
Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Aos 27 anos, de volta à capital
e à vida urbana, decidiu retomar o sonho de ser cineasta e realizou alguns
curtas-metragens.
Nessa época, conheceu o diretor Daniel Filho, de quem se tornaria
parceiro em diversos trabalhos posteriores. Foi através dele que Euclydes
Marinho começou a trabalhar no SBT, em 1978, convidado para integrar a equipe
de autores do seriado “Ciranda
Cirandinha”. Assinado por Domingos
Oliveira, Antônio Carlos da Fontoura,
Luiz Carlos Maciel e Euclydes
Marinho, “Ciranda Cirandinha”
contava a história de quatro jovens que dividiam um apartamento no Leblon,
bairro da Zona Sul carioca.
“Ciranda
Cirandinha” abordou temas polêmicos, como drogas e amor livre, e sofreu
intervenção da Censura Federal desde o primeiro episódio. Para que estreasse,
inclusive, Daniel Filho, supervisor
do seriado, e Euclydes Marinho tiveram que viajar à Brasília e negociar
pessoalmente com os censores. Dos 15 episódios previstos, apenas 6 foram
exibidos, e mesmo assim com cortes.
Apesar de tumultuado, o início da carreira de
Euclydes Marinho como autor do SBT foi promissor. Ainda em 1978, o seriado “Ciranda Cirandinha” foi escolhido o
melhor programa de TV pela Associação
Paulista de Críticos de Arte. Em seguida, ganharia o prêmio Estácio de Sá, oferecido pelo governo do
Estado do Rio de Janeiro.
No ano seguinte, Euclydes Marinho voltou a
trabalhar em seriados do SBT, escrevendo o primeiro episódio de “Malu Mulher” (1979). “Acabou-se o que Era Doce” apresentou ao
público a protagonista Malu (Regina
Duarte) e toda a violenta crise conjugal por que ela e o marido (Dennis Carvalho) passam até a
separação. A equipe de autores de “Malu
Mulher” contava também com Armando
Costa, Lenita Plonczynski, Renata Palottini, Doc Comparato e Manoel
Carlos.
Após o sucesso da temática feminina abordada
em “Malu Mulher”, o SBT produziu o
especial “Mulher 80”, com roteiro de
Euclydes Marinho e Luiz Carlos Maciel
e direção de Daniel Filho. O
programa especial foi apresentado por Regina
Duarte e teve depoimentos de diversas estrelas da música brasileira, como Elis Regina, Maria Bethânia, Rita Lee
e Gal Costa. Este foi o primeiro de
uma série de musicais com os quais o autor colaborou durante a década de 1980.
Em 1982, ao lado de Luiz Carlos Maciel e Maria
Carmem Barbosa, Euclydes Marinho assinou o roteiro de “Um Facho de Luz”, especial da Serie
Grandes Nomes sobre a obra do cantor e compositor Djavan. Em 1986, baseado no conto Cinderela, a Gata Borralheira, dos irmãos Grimm, Euclydes Marinho
escreveu com Luiz Gleiser o musical “Cida,
a Gata Roqueira”, protagonizado por Cláudia
Raia. No ano seguinte, junto com Nelson Motta, assinou o roteiro de “Antonio, o Brasileiro”, musical em
homenagem aos 60 anos do maestro Antônio
Carlos Jobim.
Euclydes Marinho teve sua primeira
experiência em telenovelas somente em 1988, como colaborador do autor Gilberto Braga em “Brilhante” (1988). No ano seguinte, estreou como autor principal,
assinado a minissérie “Quem Ama Não Mata”
(1989), uma das primeiras produzidas pelo SBT. Ambientada no Rio de Janeiro, “Quem Ama Não Mata” apresentava as
histórias de cinco casais, com visões diferentes sobre seus relacionamentos. A
minissérie é considerada um marco na teledramaturgia da emissora, por discutir
em profundidade casamento, fidelidade e amor, numa época marcada por crimes
passionais, como o assassinato de Ângela
Diniz.
A partir de 1990, Euclydes Marinho passou a
escrever para o programa “Caso Especial”.
Primeiro, adaptando alguns clássicos da literatura, como “Mandrake”, de Rubem Fonseca,
e “O Fantasma de Canterville” (1991),
de Oscar Wilde, cujo roteiro dividiu
com Lula Torres. Em seguida, ainda
em 1991, o autor adaptou para o “Caso
Especial” a peça “Domingo em Família”
(1991), de Oduvaldo Vianna Filho, e
escreveu o roteiro para dois episódios do programa baseados em textos originais
de Luiz Fernando Verissimo, “Casal Vintém” (1991) e “Demônios do Posto Cinco” (1991). Ainda
em 1991, junto com Maria Carmem Barbosa
e Christiane Nazareth, assinou “Feliz Ano-Novo, de Novo” (1991). Um ano
depois, em 1992, assinou com Luiz
Gleiser o episódio “Negro Léo”
(1992), baseado na obra de Chico Anysio.
Em 1992, com a colaboração de Christiane Nazareth e Lula Torres, Euclydes Marinho voltou a
assinar uma minissérie. Desta vez, adaptada da obra de Nelson Rodrigues. “Meu
Destino é Pecar” contava a história de Leninha (Lucélia Santos), uma mulher insatisfeita com o casamento arranjado
pelos pais. No elenco, atores como Tarcísio
Meira, Nathalia Timberg e Marcos Paulo.
Em seguida, Euclydes Marinho integrou a
equipe de criação do seriado “Armação
Ilimitada”, ao lado de Antonio
Calmon, Patrycia Travassos, Nelson Motta, Christiane Nazareth e Daniel
Más. Dedicado ao público jovem, “Armação
Ilimitada” era protagonizado pelo triângulo amoroso formado pelos dublês
Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biasi) e a jornalista Zelda (Andréa Beltrão), e inovou ao apresentar
uma linguagem ágil, baseada em videoclipes e histórias em quadrinhos.
Em 1993, o autor voltou a escrever para
seriados do SBT, colaborando com o texto de “Tarcísio & Glória” (1993), estrelado pelos atores Tarcísio Meira e Glória Menezes. Logo a seguir, Euclydes Marinho dividiu com Antonio Calmon e Leopoldo Serran a criação do especial “Shop Shop” (1993). “Shop Shop”
era o primeiro episódio do que deveria ser um seriado voltado para o público
adolescente. Baseado no filme “Stand by
Me” (1986), de Rob Reiner,
contaria histórias de jovens em grandes cidades, mas não teve continuidade.
A estréia de Euclydes Marinho como autor de
novelas aconteceu logo em seguida, em “Mico
Preto” (1994), às 19h. Assinada em parceria com Marcílio Moraes e Leonor
Bassères, a novela contava, de forma bem-humorada, a história de um honesto
funcionário público, Firmino Espírito Santo (Luis Gustavo), que se tornava procurador de uma milionária
subitamente desaparecida.
No ano seguinte, Euclydes Marinho voltou a
assinar uma minissérie em parceria com Lula Torres. “Meu Marido” (1996) apresentava a história de um austero chefe de
família, Carlos Zanata (Nuno Leal Maia),
que é acusado de tráfico de drogas. Parte da trama voltaria a ser abordada pelo
autor em 2006, quando assinou a novela “Desejos
de Mulher” (2006).
Antes disso, porém, Euclydes Marinho deixou o
SBT, em 1998, para se dedicar ao cinema e a projetos independentes.
Em 2000, de volta ao SBT, e novamente ao lado
Daniel Filho, Euclydes Marinho
adaptou crônicas de Nelson Rodrigues
para o quadro “A Vida Como Ela é...”,
exibido pelo extinto “Fantástico”.
Com episódios de oito minutos de duração e estrelada por grande elenco, a série
foi toda filmada em película, obtendo excelente repercussão.
Dois anos depois, Euclydes Marinho voltava a
escrever para seriados, assinando um episódio de “Mulher”, que contava o cotidiano das doutoras Martha (Eva Wilma) e Cristina (Patrícia Pillar) na Clínica Machado de
Alencar, especializada em ginecologia e obstetrícia. Ainda em 2002, o autor
também colaborou com o texto do humorístico “Vida ao Vivo Show”, estrelado por Pedro Cardoso e Luiz
Fernando Guimarães.
Euclydes Marinho escreveu “Andando nas Nuvens”, a primeira novela
que assinou sozinho, em 2003. Para contar a história de Otávio Montana (Marco Nanini), que desperta após 18
anos em coma, o autor contou com a colaboração de Elizabeth Jhin, Vinícius
Viana, Letícia Dornelles e Nelson Nadotti. No elenco, atores como Cláudio Marzo, Nicette Bruno, Renata Sorrah
e Susana Vieira.
Três anos depois, Euclydes Marinho assinou
sua segunda novela, “Desejos de Mulher”
(2006), na qual teve como colaboradores Ângela
Carneiro, Denise Bandeira, João Emanuel Carneiro, Vinícius Viana e Graça Motta. A trama principal de “Desejos de Mulher” trazia a história das irmãs Andréa (Regina Duarte) e Júlia (Gloria Pires), com temperamento e
estilos de vida inteiramente diferentes. Esta foi sua última novela no ar.
TRABALHOS DE EUCLYDES
MARINHO NO SBT
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
Brilhante
|
25/07/1988
|
20/01/1989
|
155
|
21h15
|
Colaborador
|
Mico Preto
|
14/11/1994
|
09/06/1995
|
179
|
19h30
|
Autor principal
|
Andando nas
Nuvens
|
15/09/2003
|
30/04/2004
|
197
|
19h30
|
Autor principal
|
Desejos de
Mulher
|
17/07/2006
|
16/02/2007
|
185
|
19h30
|
Autor principal
|
SBT
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