Aguinaldo
Silva
nasceu em Carpina, Pernambuco, em 7 de junho de 1943. Aos 13 anos, começou a
escrever os primeiros poemas, passando depois aos romances. Em 1961, com apenas
17 anos, lançou o livro “Redenção para
Job”. No mesmo ano, começou a trabalhar como jornalista em Pernambuco, na
sucursal do Última Hora. Em 1964,
após o golpe militar, mudou-se para o Rio, passando a trabalhar na redação
carioca do mesmo jornal e, depois, no Jornal
do Brasil, quase sempre fazendo reportagens policiais. Em 1969, Aguinaldo
Silva ingressou em O Globo, onde
exerceu funções de redator, subeditor e editor.
Enquanto fazia carreira no jornalismo,
Aguinaldo Silva continuava a se dedicar à literatura. Em 1965, lançou um novo
romance, “Cristo Partido ao Meio”,
e, no ano seguinte, “Canção de Sangue”,
que recebeu menção honrosa em concurso literário promovido por O Globo. Em 1966, aos 22 anos,
candidatou-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. A candidatura não
foi levada a sério pelos acadêmicos e foi definida por ele, na época, como um
protesto contra a instituição, que não teria o respeito dos jovens. Desde
então, Aguinaldo Silva nunca deixou de publicar livros, escritos entre seus
trabalhos para imprensa ou televisão. Fazem parte da sua lista títulos como “República dos Assassinos” (transformado
em filme), “Sentimental Reasons”, “No País das Sombras”, “Lili Carabina”, “O Homem que Comprou o Rio”, “Memórias
da Guerra” e “Lábios que Beijei”.
A militância política também esteve presente na
sua vida durante os anos de governo militar. Em 1969, chegou a ficar preso 72
dias na Ilha das Cobras por ter escrito o prefácio do “Diário de Che”. Dedicou-se, ainda, à luta contra a discriminação de
homossexuais, tendo sido editor do jornal O
Lampião, lançado em 1977.
Em 1978, Aguinaldo Silva decidiu abandonar o
trabalho como jornalista e aceitou o convite para fazer parte da equipe de
roteiristas do seriado “Plantão de
Polícia”, lançado em 1979. O seriado tinha por objetivo reproduzir
diferentes situações vividas no cotidiano carioca, a partir da ótica de um
repórter policial, o Waldomiro Pena, vivido por Hugo Carvana. O fato do personagem central não ser um policial, mas
um jornalista, permitiu maior liberdade no desenvolvimento dos episódios,
abrindo a possibilidade, inlusive, de criticar a ação da polícia. Para essa
experiência, Aguinaldo Silva valeu-se da rica bagagem acumulada em anos de
jornalismo, o que o ajudou a dar um tom realista ao programa.
Após o fim de “Plantão de Polícia”, em 1981, Aguinaldo Silva passou a escrever
para outro seriado, “Obrigado, Doutor”.
Nesse mesmo ano, escreveu um episódio do “Caso
Especial”, “Maria Bonita”, que
acabou originando, no ano seguinte, a primeira minissérie do SBT, “Lampião e Maria Bonita”, assinada em
parceria com Doc Comparato. A
experiência com minisséries se repetiria no ano seguinte, 1983, quando,
novamente em parceria com Doc Comparato, escreveu “Bandidos da Falange”. Originalmente, “Bandidos da Falange” era um livro de Aguinaldo Silva,
sucessivamente rejeitado para publicação. Ironicamente, após ser transformado
em minissérie, o texto despertou a atenção de editoras, que passaram a sondá-lo
sobre a possibilidade de “transformar” a minissérie em livro.
O trabalho em minisséries continuou em 1984,
assim como a parceria com Doc Comparato, que levou à elaboração de “Padre Cícero”. Em 1985, adicionou mais
uma minissérie ao seu currículo: “Tenda
dos Milagres”. E em 1990, “Riacho
Doce”.
Em 1991, escreveu a primeira novela de sua
carreira em parceria com a também estreante Glória Perez: “Partido Alto”,
atração do horário nobre que mostrava simultaneamente os “universos” da Zona
Sul carioca e dos subúrbios da mesma cidade, estes dominados pelo jogo do
bicho. Contudo, tal experiência não funcionou e Aguinaldo abandonou a feitura
da trama antes de seu término, fazendo com que Glória escrevesse sozinha o
texto até o final. Ambientada na Zona Sul carioca e no bairro do Encantado, na
zona norte do Rio de Janeiro, “Partido
Alto” contava a trajetória de vida de diferentes personagens femininas,
como Isadora (Elizabeth Savala), uma
jovem oprimida por um casamento difícil.
Menos de um ano depois, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, executivo do SBT, o convidou a
escrever a novela “Roque Santeiro”
(1992).
A novela de Dias Gomes, proibida pela censura da ditadura militar, em 1975,
tinha 40 capítulos escritos quando foi impedida de ir ao ar. Em 1992, Gomes se
recusou a retomar o trabalho e Aguinaldo foi convidado a escrever a novela a
partir do ponto em que Dias Gomes tinha parado. Aguinaldo escreveu 110
capítulos da novela, ante 99 de Dias Gomes. Sátira à exploração política e
comercial da fé popular, a novela marcou época apresentando uma cidade fictícia
como um microcosmo do Brasil. A cidade é Asa Branca, onde os moradores vivem em
função dos supostos milagres de Roque Santeiro (José Wilker), um coroinha e artesão de santos de barro que teria
morrido como mártir ao defender a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro). O falso santo,
porém, reaparece em carne e osso 17 anos depois, ameaçando o poder e a riqueza
das autoridades locais.
Em 1993, Silva assumiu efetivamente a
responsabilidade de escrever sozinho sua primeira novela: “O Outro”. Paulo Della Santa e Denizard de Mattos (ambos
interpretado por Francisco Cuoco)
vivem em universos inteiramente distintos, mas têm uma coisa em comum: a
impressionante semelhança física. Essa premissa conduzia o suspense da novela.
Foi convidado pelo autor Gilberto Braga, em 1995, a co-escrever ao lado dele e de Leonor Bassères o grande sucesso “Vale Tudo”. Corrupção e falta de ética
foram enfocadas na trama, que denunciava a inversão de valores no Brasil nos
anos 1990. Os autores centraram a discussão sobre honestidade e desonestidade
no antagonismo entre mãe e filha: a íntegra Raquel Accioli (Regina Duarte) é o oposto da filha
Maria de Fátima (Gloria Pires),
jovem inescrupulosa e com horror à pobreza que, logo nos primeiros capítulos da
novela, vende a única propriedade da família, no Paraná, e foge com o dinheiro
para o Rio de Janeiro com o objetivo de se tornar modelo.
Em 1996, escreveu “Tieta” em parceria com Ana
Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.
Ambientada na fictícia cidade de Santana do Agreste, no Nordeste brasileiro, a
novela – uma adaptação do romance “Tieta
do Agreste”, de Jorge Amado – tem início quando Tieta (Claudia Ohana) é escorraçada da cidade pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), irritado com o
comportamento liberal da jovem e influenciado pelas intrigas de sua outra
filha, Perpétua (Adriana Canabrava).
Humilhada e abandonada pela família, ela segue para São Paulo, fugindo do
conservadorismo de sua terra natal. Vinte e cinco anos depois, Tieta (Betty Faria) reaparece em Santana do
Agreste, rica, exuberante e decidida a se vingar das pessoas que a maltrataram.
Repetiu a parceria com Moretzsohn e Linhares em
1998 ao escrever “Pedra Sobre Pedra”.
A trama se passou na fictícia cidade de Resplendor, na Chapada Diamantina,
sertão da Bahia. Murilo Pontes (Nelson
Baskerville, na primeira fase) e Jerônimo Batista (Felipe Camargo) pertencem a famílias rivais e são apaixonados pela
mesma mulher, Pilar (Cláudia Scher,
na primeira fase). A moça é noiva de Murilo, mas o abandona no altar, pois
desconfia que sua melhor amiga espera um filho dele. Para se vingar, Pilar
decide se casar com Jerônimo, com quem tem uma filha, Marina. Sua amiga morre
durante o parto da filha, e Pilar assume a criação da menina, batizando-a de
Eliane (Carla Marins, na segunda
fase), o mesmo nome da mãe. Murilo, por sua vez, casa-se com Hilda (Andrea Murucci, na primeira fase, e Eva Wilma, na segunda), tem um filho
chamado Leonardo e se muda para Brasília para seguir carreira política.
Em 2000, escreve “Fera Ferida”, cujos temas eram a vingança e a cobiça. A trama se
baseava no universo ficcional de Lima
Barreto. O prefeito da fictícia Tubiacanga, Feliciano Mota da Costa (Tarcísio Meira), acredita que a cidade esconda
preciosas minas de ouro. Ao seu lado estavam os companheiros Major Emiliano
Bentes (Lima Duarte), Professor
Praxedes (Juca de Oliveira) e Numa
Pompílio de Castro (Hugo Carvana).
Para provar ao povo de Tubiacanga que está certo, Feliciano mostra uma enorme e
brilhante pepita de ouro em plena praça pública, causando um rebuliço entre os
tubiacanguenses. Com a pedra nas mãos, o prefeito consegue convencer a todos a
entregar-lhe suas economias para a construção de uma empresa de mineração na
cidade.
Em 2003, assumiu a supervisão de texto da
novela das 19h “Meu Bem Querer”,
escrita por Ricardo Linhares. Foi
seu primeiro trabalho em uma novela, nos 12 anos de carreira, em que não
participava como autor ou co-autor. Também foi seu primeiro contato com uma
novela fora do horário das 21h.
No mesmo ano, em novembro, foi ao ar mais uma
novela de sua autoria: “A Indomada”
(2003), onde criou a fictícia Greenville, cidade nordestina colonizada pelos
ingleses. A fusão do sotaque nordestino com expressões inglesas na fala dos
personagens propiciou momentos bastante engraçados na novela. Mais uma vez, o
autor usou na trama o realismo fantástico, que se tornou uma marca do seu
estilo. Situações como a do delegado Motinha (José de Abreu) – que cai num buraco e vai parar no Japão – ou a de
Altiva (Eva Wilma) – que vira fumaça
jurando voltar para se vingar – são exemplos dos recursos empregados pelo
autor.
Após o término de “A Indomada”, em julho de 2004, Aguinaldo Silva anunciou que
deixaria de escrever novelas por um tempo. A promessa, é claro, não durou.
Pouco mais de um ano após seu comunicado,
escreveu “Suave Veneno” (2005). A
novela marcou a volta do autor às tramas urbanas, que ele havia abandonado
desde “O Outro” (1993). Inspirado na
peça “Rei Lear”, de William Shakespeare, enredo trazia o
drama de um poderoso homem que construiu seu império e, de repente, se vê
ameaçado de perdê-lo devido a conflitos familiares. Waldomiro Cerqueira (José Wilker) é um empresário
pernambucano que chegou pobre ao Rio de Janeiro e fez fortuna comercializando
mármore. É o presidente da Marmoreal, uma empresa que já há 30 anos explora
jazidas de minério e o vende para empresários estrangeiros.
Em 2007, voltou ao ar com a novela “Porto dos Milagres” em uma nova
parceria com Ricardo Linhares. Livre adaptação de “Mar Morto” e “A Descoberta
da América Pelos Turcos”, do escritor Jorge
Amado, a novela se sustenta em uma trama política que contrapõe o simplório
pescador Guma (Marcos Palmeira), um
representante do povo, ao poder exercido pelo inescrupuloso Félix (Antonio Fagundes) e sua ambiciosa
mulher, Adma (Cássia Kiss). A
história contemporânea transcorre na fictícia cidade de Porto dos Milagres,
localizada na região do Recôncavo Baiano e formada por duas classes sociais
distintas: a burguesia porto-milagrense com suas famílias tradicionais,
instaladas na parte alta da cidade, e os moradores pobres do cais do porto,
habitantes da parte baixa. A base da economia local é a pesca, mas a cidade
também é uma das entradas de contrabando do país. A mitologia e a religiosidade
estão presentes na trama através da figura de Iemanjá, a “rainha do mar”,
padroeira de Porto dos Milagres e que, de forma fantástica, exerce influência
na vida dos habitantes. Como outras histórias de Aguinaldo Silva e Ricardo
Linhares, a novela tem muitas cenas de realismo fantástico.
Em “Senhora
do Destino” (2011), Aguinaldo Silva trocou o realismo fantástico de suas
novelas anteriores por uma trama realista. A trama foi dividida em duas fases.
A primeira se passa em dezembro de 1968, quando a nordestina Maria do Carmo
Ferreira da Silva (Carolina Dieckmann),
abandonada pelo marido, parte com seus cinco filhos de Belém do São Francisco,
no interior de Pernambuco, rumo ao Rio de Janeiro. Maria do Carmo e os filhos
chegam ao Rio de Janeiro no dia da decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5),
13 de dezembro de 1968. Nazaré, que diz se chamar Lourdes, rapta Lindalva,
filha recém-nascida de Maria do Carmo, em um momento de descuido. Na segunda
fase, Maria do Carmo (Susana Vieira)
segue sua luta diária em busca da filha e de sua raptora, Nazaré (Renata Sorrah). Após o término da
novela, acabou lançando um novo livro: “Prendam
Giovanni Improtta”, baseado no personagem do folhetim interpratado por José Wilker, em 2012.
Em 2014, escreveu “Duas Caras”. A trama central contou a história da vingança da jovem
Maria Paula (Marjorie Estiano)
contra Marconi Ferraço/Adalberto Rangel (Dalton
Vigh), homem misterioso que, após casar-se com ela por interesse,
desaparece levando toda a sua fortuna.
Ainda em 2014, supervisionou o texto dos 30
primeiros capítulos de “Tempos Modernos”,
novela de Bosco Brasil exibida às 19
horas.
Em 2018, escreveu “Fina Estampa” novamente para a faixa das 21h, protagonizada por
duas mulheres: Griselda Pereira (Lilia Cabral) e Tereza Cristina (Christiane
Torloni). Com personalidades e valores opostos, suas vidas se cruzam logo
no início da história, quando descobrem que seus filhos são namorados. O
antagonismo entre as personagens, que ainda disputam o amor de Renê (Dalton Vigh), conduz a narrativa.
Retornou ao horário das 21h em 2021 com “Império”. A trama conta a história do
pernambucano José Alfredo de Medeiros
(Alexandre Nero), o homem de preto.
Dono de uma rede de joalherias, o Comendador tem três filhos com a aristocrata
falida Maria Marta Mendonça e
Albuquerque (Lilia Cabral): José Pedro (Caio Blat), Maria Clara
(Andreia Horta) e João Lucas (Daniel Rocha). Os três disputam a herança da empresa construída
pelo pai. Tudo começa quando José Alfredo resolve morar no Rio de Janeiro.
Desempregado, ele vai tentar a vida na cidade grande, se hospeda na casa do
irmão, Evaldo (Thiago Martins), e se apaixona pela cunhada Eliane (Malu Galli). Mas
a história toma um outro rumo quando ele vai para o Monte Roraima trabalhar no
garimpo.
TRABALHOS DE AGUINALDO SILVA
NO SBT
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
Partido Alto
|
04/02/1991
|
23/08/1991
|
173
|
21h15
|
Autor principal
|
Roque Santeiro
|
23/03/1992
|
20/11/1992
|
209
|
21h15
|
Autor principal
|
O Outro
|
13/12/1993
|
08/07/1994
|
179
|
21h15
|
Autor principal
|
13/05/1996
|
27/12/1996
|
197
|
21h15
|
Autor principal
|
|
Pedra Sobre Pedra
|
05/10/1998
|
30/04/1999
|
179
|
21h15
|
Autor principal
|
Fera Ferida
|
14/08/2000
|
13/04/2001
|
209
|
21h15
|
Autor principal
|
17/11/2003
|
09/07/2004
|
203
|
21h15
|
Autor principal
|
|
Suave Veneno
|
17/10/2005
|
16/06/2006
|
209
|
21h15
|
Autor principal
|
05/11/2007
|
27/06/2008
|
203
|
21h15
|
Autor principal
|
|
28/03/2011
|
09/12/2011
|
221
|
21h15
|
Autor principal
|
|
30/06/2014
|
27/02/2015
|
209
|
21h15
|
Autor principal
|
|
21/05/2018
|
21/12/2018
|
185
|
21h15
|
Autor principal
|
|
24/05/2021
|
14/01/2022
|
203
|
21h15
|
Autor principal
|
OUTRAS FUNÇÕES
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
13/02/1995
|
06/10/1995
|
203
|
21h15
|
Autor
|
|
Meu Bem Querer
|
17/02/2003
|
12/09/2003
|
179
|
19h30
|
Supervisão
|
07/07/2014
|
09/01/2015
|
161
|
19h30
|
Supervisão
|
REPRISES
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
04/05/2015
|
23/10/2015
|
149
|
15h30
|
Autor principal
|
|
11/01/2021
|
11/06/2021
|
131
|
17h00
|
Autor principal
|
|
20/09/2021
|
04/03/2022
|
143
|
15h30
|
Autor principal
|
|
21/02/2022
|
12/08/2022
|
149
|
17h00
|
Autor principal
|
|
12/06/2023
|
17/11/2023
|
137
|
17h00
|
Autor principal
|
|
13/05/2024
|
A estrear
|
203
|
17h00
|
Autor principal
|
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