domingo, 28 de outubro de 2012

AGUINALDO SILVA


Aguinaldo Silva nasceu em Carpina, Pernambuco, em 7 de junho de 1943. Aos 13 anos, começou a escrever os primeiros poemas, passando depois aos romances. Em 1961, com apenas 17 anos, lançou o livro “Redenção para Job”. No mesmo ano, começou a trabalhar como jornalista em Pernambuco, na sucursal do Última Hora. Em 1964, após o golpe militar, mudou-se para o Rio, passando a trabalhar na redação carioca do mesmo jornal e, depois, no Jornal do Brasil, quase sempre fazendo reportagens policiais. Em 1969, Aguinaldo Silva ingressou em O Globo, onde exerceu funções de redator, subeditor e editor.
 
Enquanto fazia carreira no jornalismo, Aguinaldo Silva continuava a se dedicar à literatura. Em 1965, lançou um novo romance, “Cristo Partido ao Meio”, e, no ano seguinte, “Canção de Sangue”, que recebeu menção honrosa em concurso literário promovido por O Globo. Em 1966, aos 22 anos, candidatou-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. A candidatura não foi levada a sério pelos acadêmicos e foi definida por ele, na época, como um protesto contra a instituição, que não teria o respeito dos jovens. Desde então, Aguinaldo Silva nunca deixou de publicar livros, escritos entre seus trabalhos para imprensa ou televisão. Fazem parte da sua lista títulos como “República dos Assassinos” (transformado em filme), “Sentimental Reasons”, “No País das Sombras”, “Lili Carabina”, “O Homem que Comprou o Rio”, “Memórias da Guerra” e “Lábios que Beijei”.
 
A militância política também esteve presente na sua vida durante os anos de governo militar. Em 1969, chegou a ficar preso 72 dias na Ilha das Cobras por ter escrito o prefácio do “Diário de Che”. Dedicou-se, ainda, à luta contra a discriminação de homossexuais, tendo sido editor do jornal O Lampião, lançado em 1977.
 
Em 1978, Aguinaldo Silva decidiu abandonar o trabalho como jornalista e aceitou o convite para fazer parte da equipe de roteiristas do seriado “Plantão de Polícia”, lançado em 1979. O seriado tinha por objetivo reproduzir diferentes situações vividas no cotidiano carioca, a partir da ótica de um repórter policial, o Waldomiro Pena, vivido por Hugo Carvana. O fato do personagem central não ser um policial, mas um jornalista, permitiu maior liberdade no desenvolvimento dos episódios, abrindo a possibilidade, inlusive, de criticar a ação da polícia. Para essa experiência, Aguinaldo Silva valeu-se da rica bagagem acumulada em anos de jornalismo, o que o ajudou a dar um tom realista ao programa.
 
Após o fim de “Plantão de Polícia”, em 1981, Aguinaldo Silva passou a escrever para outro seriado, “Obrigado, Doutor”. Nesse mesmo ano, escreveu um episódio do “Caso Especial”, “Maria Bonita”, que acabou originando, no ano seguinte, a primeira minissérie do SBT, “Lampião e Maria Bonita”, assinada em parceria com Doc Comparato. A experiência com minisséries se repetiria no ano seguinte, 1983, quando, novamente em parceria com Doc Comparato, escreveu “Bandidos da Falange”. Originalmente, “Bandidos da Falange” era um livro de Aguinaldo Silva, sucessivamente rejeitado para publicação. Ironicamente, após ser transformado em minissérie, o texto despertou a atenção de editoras, que passaram a sondá-lo sobre a possibilidade de “transformar” a minissérie em livro.
 
O trabalho em minisséries continuou em 1984, assim como a parceria com Doc Comparato, que levou à elaboração de “Padre Cícero”. Em 1985, adicionou mais uma minissérie ao seu currículo: “Tenda dos Milagres”. E em 1990, “Riacho Doce”.
 
Em 1991, escreveu a primeira novela de sua carreira em parceria com a também estreante Glória Perez: “Partido Alto”, atração do horário nobre que mostrava simultaneamente os “universos” da Zona Sul carioca e dos subúrbios da mesma cidade, estes dominados pelo jogo do bicho. Contudo, tal experiência não funcionou e Aguinaldo abandonou a feitura da trama antes de seu término, fazendo com que Glória escrevesse sozinha o texto até o final. Ambientada na Zona Sul carioca e no bairro do Encantado, na zona norte do Rio de Janeiro, “Partido Alto” contava a trajetória de vida de diferentes personagens femininas, como Isadora (Elizabeth Savala), uma jovem oprimida por um casamento difícil.
 
Menos de um ano depois, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, executivo do SBT, o convidou a escrever a novela “Roque Santeiro” (1992).
 
A novela de Dias Gomes, proibida pela censura da ditadura militar, em 1975, tinha 40 capítulos escritos quando foi impedida de ir ao ar. Em 1992, Gomes se recusou a retomar o trabalho e Aguinaldo foi convidado a escrever a novela a partir do ponto em que Dias Gomes tinha parado. Aguinaldo escreveu 110 capítulos da novela, ante 99 de Dias Gomes. Sátira à exploração política e comercial da fé popular, a novela marcou época apresentando uma cidade fictícia como um microcosmo do Brasil. A cidade é Asa Branca, onde os moradores vivem em função dos supostos milagres de Roque Santeiro (José Wilker), um coroinha e artesão de santos de barro que teria morrido como mártir ao defender a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro). O falso santo, porém, reaparece em carne e osso 17 anos depois, ameaçando o poder e a riqueza das autoridades locais.
 
Em 1993, Silva assumiu efetivamente a responsabilidade de escrever sozinho sua primeira novela: “O Outro”. Paulo Della Santa e Denizard de Mattos (ambos interpretado por Francisco Cuoco) vivem em universos inteiramente distintos, mas têm uma coisa em comum: a impressionante semelhança física. Essa premissa conduzia o suspense da novela.
 
Foi convidado pelo autor Gilberto Braga, em 1995, a co-escrever ao lado dele e de Leonor Bassères o grande sucesso “Vale Tudo”. Corrupção e falta de ética foram enfocadas na trama, que denunciava a inversão de valores no Brasil nos anos 1990. Os autores centraram a discussão sobre honestidade e desonestidade no antagonismo entre mãe e filha: a íntegra Raquel Accioli (Regina Duarte) é o oposto da filha Maria de Fátima (Gloria Pires), jovem inescrupulosa e com horror à pobreza que, logo nos primeiros capítulos da novela, vende a única propriedade da família, no Paraná, e foge com o dinheiro para o Rio de Janeiro com o objetivo de se tornar modelo.
 
Em 1996, escreveu “Tieta” em parceria com Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. Ambientada na fictícia cidade de Santana do Agreste, no Nordeste brasileiro, a novela – uma adaptação do romance “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado – tem início quando Tieta (Claudia Ohana) é escorraçada da cidade pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), irritado com o comportamento liberal da jovem e influenciado pelas intrigas de sua outra filha, Perpétua (Adriana Canabrava). Humilhada e abandonada pela família, ela segue para São Paulo, fugindo do conservadorismo de sua terra natal. Vinte e cinco anos depois, Tieta (Betty Faria) reaparece em Santana do Agreste, rica, exuberante e decidida a se vingar das pessoas que a maltrataram.
 
Repetiu a parceria com Moretzsohn e Linhares em 1998 ao escrever “Pedra Sobre Pedra”. A trama se passou na fictícia cidade de Resplendor, na Chapada Diamantina, sertão da Bahia. Murilo Pontes (Nelson Baskerville, na primeira fase) e Jerônimo Batista (Felipe Camargo) pertencem a famílias rivais e são apaixonados pela mesma mulher, Pilar (Cláudia Scher, na primeira fase). A moça é noiva de Murilo, mas o abandona no altar, pois desconfia que sua melhor amiga espera um filho dele. Para se vingar, Pilar decide se casar com Jerônimo, com quem tem uma filha, Marina. Sua amiga morre durante o parto da filha, e Pilar assume a criação da menina, batizando-a de Eliane (Carla Marins, na segunda fase), o mesmo nome da mãe. Murilo, por sua vez, casa-se com Hilda (Andrea Murucci, na primeira fase, e Eva Wilma, na segunda), tem um filho chamado Leonardo e se muda para Brasília para seguir carreira política.
 
Em 2000, escreve “Fera Ferida”, cujos temas eram a vingança e a cobiça. A trama se baseava no universo ficcional de Lima Barreto. O prefeito da fictícia Tubiacanga, Feliciano Mota da Costa (Tarcísio Meira), acredita que a cidade esconda preciosas minas de ouro. Ao seu lado estavam os companheiros Major Emiliano Bentes (Lima Duarte), Professor Praxedes (Juca de Oliveira) e Numa Pompílio de Castro (Hugo Carvana). Para provar ao povo de Tubiacanga que está certo, Feliciano mostra uma enorme e brilhante pepita de ouro em plena praça pública, causando um rebuliço entre os tubiacanguenses. Com a pedra nas mãos, o prefeito consegue convencer a todos a entregar-lhe suas economias para a construção de uma empresa de mineração na cidade.
 
Em 2003, assumiu a supervisão de texto da novela das 19h “Meu Bem Querer”, escrita por Ricardo Linhares. Foi seu primeiro trabalho em uma novela, nos 12 anos de carreira, em que não participava como autor ou co-autor. Também foi seu primeiro contato com uma novela fora do horário das 21h.
 
No mesmo ano, em novembro, foi ao ar mais uma novela de sua autoria: “A Indomada” (2003), onde criou a fictícia Greenville, cidade nordestina colonizada pelos ingleses. A fusão do sotaque nordestino com expressões inglesas na fala dos personagens propiciou momentos bastante engraçados na novela. Mais uma vez, o autor usou na trama o realismo fantástico, que se tornou uma marca do seu estilo. Situações como a do delegado Motinha (José de Abreu) – que cai num buraco e vai parar no Japão – ou a de Altiva (Eva Wilma) – que vira fumaça jurando voltar para se vingar – são exemplos dos recursos empregados pelo autor.
 
Após o término de “A Indomada”, em julho de 2004, Aguinaldo Silva anunciou que deixaria de escrever novelas por um tempo. A promessa, é claro, não durou.
 
Pouco mais de um ano após seu comunicado, escreveu “Suave Veneno” (2005). A novela marcou a volta do autor às tramas urbanas, que ele havia abandonado desde “O Outro” (1993). Inspirado na peça “Rei Lear”, de William Shakespeare, enredo trazia o drama de um poderoso homem que construiu seu império e, de repente, se vê ameaçado de perdê-lo devido a conflitos familiares. Waldomiro Cerqueira (José Wilker) é um empresário pernambucano que chegou pobre ao Rio de Janeiro e fez fortuna comercializando mármore. É o presidente da Marmoreal, uma empresa que já há 30 anos explora jazidas de minério e o vende para empresários estrangeiros.
 
Em 2007, voltou ao ar com a novela “Porto dos Milagres” em uma nova parceria com Ricardo Linhares. Livre adaptação de “Mar Morto” e “A Descoberta da América Pelos Turcos”, do escritor Jorge Amado, a novela se sustenta em uma trama política que contrapõe o simplório pescador Guma (Marcos Palmeira), um representante do povo, ao poder exercido pelo inescrupuloso Félix (Antonio Fagundes) e sua ambiciosa mulher, Adma (Cássia Kiss). A história contemporânea transcorre na fictícia cidade de Porto dos Milagres, localizada na região do Recôncavo Baiano e formada por duas classes sociais distintas: a burguesia porto-milagrense com suas famílias tradicionais, instaladas na parte alta da cidade, e os moradores pobres do cais do porto, habitantes da parte baixa. A base da economia local é a pesca, mas a cidade também é uma das entradas de contrabando do país. A mitologia e a religiosidade estão presentes na trama através da figura de Iemanjá, a “rainha do mar”, padroeira de Porto dos Milagres e que, de forma fantástica, exerce influência na vida dos habitantes. Como outras histórias de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, a novela tem muitas cenas de realismo fantástico.
 
Em “Senhora do Destino” (2011), Aguinaldo Silva trocou o realismo fantástico de suas novelas anteriores por uma trama realista. A trama foi dividida em duas fases. A primeira se passa em dezembro de 1968, quando a nordestina Maria do Carmo Ferreira da Silva (Carolina Dieckmann), abandonada pelo marido, parte com seus cinco filhos de Belém do São Francisco, no interior de Pernambuco, rumo ao Rio de Janeiro. Maria do Carmo e os filhos chegam ao Rio de Janeiro no dia da decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), 13 de dezembro de 1968. Nazaré, que diz se chamar Lourdes, rapta Lindalva, filha recém-nascida de Maria do Carmo, em um momento de descuido. Na segunda fase, Maria do Carmo (Susana Vieira) segue sua luta diária em busca da filha e de sua raptora, Nazaré (Renata Sorrah). Após o término da novela, acabou lançando um novo livro: “Prendam Giovanni Improtta”, baseado no personagem do folhetim interpratado por José Wilker, em 2012.
 
Em 2014, escreveu “Duas Caras”. A trama central contou a história da vingança da jovem Maria Paula (Marjorie Estiano) contra Marconi Ferraço/Adalberto Rangel (Dalton Vigh), homem misterioso que, após casar-se com ela por interesse, desaparece levando toda a sua fortuna.
 
Ainda em 2014, supervisionou o texto dos 30 primeiros capítulos de “Tempos Modernos”, novela de Bosco Brasil exibida às 19 horas.
 
Em 2018, escreveu “Fina Estampa” novamente para a faixa das 21h, protagonizada por duas mulheres: Griselda Pereira (Lilia Cabral) e Tereza Cristina (Christiane Torloni). Com personalidades e valores opostos, suas vidas se cruzam logo no início da história, quando descobrem que seus filhos são namorados. O antagonismo entre as personagens, que ainda disputam o amor de Renê (Dalton Vigh), conduz a narrativa.
 
Retornou ao horário das 21h em 2021 com “Império”. A trama conta a história do pernambucano José Alfredo de Medeiros (Alexandre Nero), o homem de preto. Dono de uma rede de joalherias, o Comendador tem três filhos com a aristocrata falida Maria Marta Mendonça e Albuquerque (Lilia Cabral): José Pedro (Caio Blat), Maria Clara (Andreia Horta) e João Lucas (Daniel Rocha). Os três disputam a herança da empresa construída pelo pai. Tudo começa quando José Alfredo resolve morar no Rio de Janeiro. Desempregado, ele vai tentar a vida na cidade grande, se hospeda na casa do irmão, Evaldo (Thiago Martins), e se apaixona pela cunhada Eliane (Malu Galli). Mas a história toma um outro rumo quando ele vai para o Monte Roraima trabalhar no garimpo.
 
 
TRABALHOS DE AGUINALDO SILVA NO SBT
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
Partido Alto
04/02/1991
23/08/1991
173
21h15
Autor principal
Roque Santeiro
23/03/1992
20/11/1992
209
21h15
Autor principal
O Outro
13/12/1993
08/07/1994
179
21h15
Autor principal
13/05/1996
27/12/1996
197
21h15
Autor principal
Pedra Sobre Pedra
05/10/1998
30/04/1999
179
21h15
Autor principal
Fera Ferida
14/08/2000
13/04/2001
209
21h15
Autor principal
17/11/2003
09/07/2004
203
21h15
Autor principal
Suave Veneno
17/10/2005
16/06/2006
209
21h15
Autor principal
05/11/2007
27/06/2008
203
21h15
Autor principal
28/03/2011
09/12/2011
221
21h15
Autor principal
30/06/2014
27/02/2015
209
21h15
Autor principal
21/05/2018
21/12/2018
185
21h15
Autor principal
24/05/2021
14/01/2022
203
21h15
Autor principal
 
 
OUTRAS FUNÇÕES
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
13/02/1995
06/10/1995
203
21h15
Autor
Meu Bem Querer
17/02/2003
12/09/2003
179
19h30
Supervisão
07/07/2014
09/01/2015
161
19h30
Supervisão
 
 
REPRISES
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
04/05/2015
23/10/2015
149
15h30
Autor principal
11/01/2021
11/06/2021
131
17h00
Autor principal
20/09/2021
04/03/2022
143
15h30
Autor principal
21/02/2022
12/08/2022
149
17h00
Autor principal
12/06/2023
17/11/2023
137
17h00
Autor principal
13/05/2024
A estrear
203
17h00
Autor principal

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.