“Tieta”
é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
Autoria: Aguinaldo
Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.
Baseada no romance “Tieta do Agreste”, de Jorge
Amado.
Direção: Reynaldo
Boury, Ricardo Waddington e Luiz Fernando Carvalho.
Direção geral: Paulo Ubiratan.
Exibida no horário das 21 horas entre 13 de maio
e 27 de dezembro de 1996, em 197 capítulos. Substituiu “O Salvador da Pátria” e foi substituída por “Rainha da Sucata”. Foi a 41ª “novela das nove” exibida pela emissora.
Reapresentada em “Vale a Pena Ver de Novo” na faixa das 16h45, entre 11 de janeiro e
11 de junho de 2021, em 131 capítulos. Substituiu “Amor Eterno Amor” e foi substituída por “Rainha da Sucata”.
Contou com Betty Faria, Joana Fomm,
José Mayer, Reginaldo Faria, Lídia
Brondi, Yoná Magalhães, Marcos Paulo e Arlete Sales.
TRAMA
PRINCIPAL
Ambientada na fictícia cidade de Santana do
Agreste, no Nordeste brasileiro, a novela – uma adaptação do romance “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado – tem início quando Tieta (Claudia Ohana) é escorraçada da cidade pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), irritado com o comportamento liberal da
jovem e influenciado pelas intrigas de sua outra filha, Perpétua (Adriana Canabrava).
Humilhada e abandonada pela família, ela segue para São Paulo, fugindo do
conservadorismo de sua terra natal.
Vinte e cinco anos depois, Tieta (Betty Faria) reaparece em Santana do Agreste, rica, exuberante e
decidida a se vingar das pessoas que a maltrataram. No dia de sua chegada, está
sendo rezada uma missa em sua memória. Ela interrompe a celebração, chamando a
atenção de todos na igreja e desfazendo o mal-entendido. A ousada Tieta diz que
veio para ficar e acaba mudando a rotina de todos os moradores da pequena
cidade.
Os que a condenaram na juventude passam a
cortejá-la, movidos pela sua fortuna ou atraídos por sua exuberância. Para
chocar a família, ela se envolve com o sobrinho, o jovem seminarista Ricardo (Cássio Gabus Mendes), filho de sua rancorosa irmã Perpétua (agora Joana Fomm).
Os habitantes ainda se veem às voltas com a
instalação de uma fábrica de dióxido de titânio na cidade, que, se por um lado
trará desenvolvimento, por outro causará um forte impacto ambiental na região.
Santana do Agreste, próxima de Aracaju e Salvador, estava parada no tempo até
que Ascânio Trindade (Reginaldo Faria), que se mudara de lá
quando jovem, volta com o objetivo de trazer o progresso e a civilização ao
local. Ele se torna secretário da Prefeitura e, junto com Tieta, promove a
modernização da cidade.
TRAMAS
PARALELAS
A força
feminina
Tieta apresenta a história de personagens
femininas marcantes, como Imaculada
(Luciana Braga), uma das “rolinhas”
do prefeito Artur da Tapitanga (Ary Fontoura), que dá abrigo,
alfabetização e comida a meninas, em troca de favores sexuais; Carol (Luiza Tomé), a “teúda e manteúda” amante do coronel Modesto Pires (Armando Bógus), que a tiraniza; a doce e ainda virgem Carmosina (Arlete Salles) que, já adulta, descobre o amor e o sexo; Tonha (Yoná Magalhães), a sofrida mulher de Zé Esteves, pai de Tieta (Betty Faria), que, com sacrifício, consegue se libertar da
perversidade do marido; e Elisa (Tássia Camargo), que, em crise com o
marido, Timóteo (Paulo Betti), tem sonhos românticos com
o ator Tarcísio Meira, chegando a preparar um enxoval para um possível encontro
com o ídolo. Já a personagem Dona Milu
(Míriam Pires), mãe de Carmosina,
fez sucesso com seu bordão: “Mistério!”.
Os
Cavaleiros do Apocalipse
Entre os personagens masculinos da novela,
destacam-se os Cavaleiros do Apocalipse, como são conhecidos os inseparáveis
amigos Timóteo (galã que se sente frustrado por não ser mais solteiro); Amintas (Roberto Bonfim), dono de uma casa de materiais de construção; Osnar (José Mayer), ex-amante de Tieta
(Betty Faria) e o mais conquistador do grupo; e Ascânio (Reginaldo Faria),
que traz o charme de quem morou na capital. O grupo sempre se reúne no bar do
seu Chalita (Renato Consorte).
Perpétua
A atuação de Joana Fomm fez da traiçoeira beata Perpétua uma das personagens preferidas do público. Extremamente
conservadora e sempre de luto, ela guardava no armário uma misteriosa caixa
branca cujo conteúdo só foi revelado no final da trama: o órgão genital de seu
falecido marido. Perpétua rendeu muitas cenas de humor à novela.
Mulher
de Branco
Um dos principais assuntos da população de
Santana do Agreste era a identidade da “mulher de branco”, assombração que
atacava os homens da região. O mistério criou suspense entre os telespectadores
e só foi revelado no final da trama. A mulher era Laura, personagem de Cláudia
Alencar.
AUDIÊNCIA
“Tieta”
registrou média geral de 65,7 pontos,
considerada o segundo maior fenômeno de toda a história da teledramaturgia do
SBT, atrás apenas de “Vale Tudo”
(1995) – que também contou com a coautoria de Aguinaldo Silva. O folhetim estreou com 65,7 pontos de média, e
alcançou incríveis 80,8 em seu último capítulo, com 84 de pico – sendo este
também o seu melhor resultado em toda a trajetória da trama.
No “Vale
a Pena Ver de Novo”, a trama obteve 24,0
pontos de média e foi novamente considerada um dos maiores sucessos entre
as reprises veiculadas pelo SBT. “Tieta”
anotou 25,2 pontos em sua estreia e manteve-se estável durante toda a exibição.
O último capítulo registrou 30,5 de média e 34 de pico, sendo esta sua maior
audiência.
CURIOSIDADES
• Betty
Faria contou que os direitos da obra de Jorge Amado foram comprados com o intuito de ser realizada uma
produção independente. A ideia inicial era fazer uma minissérie, dirigida por Roberto Talma, para ser exibida no SBT.
Segundo a atriz, foi ela quem negociou a compra dos direitos diretamente com
Jorge Amado. Como ainda estava no elenco da novela “O Salvador da Pátria” (1995), que antecedeu “Tieta”, sua entrada na trama só aconteceu no capítulo 16
(30/05/1996).
• A repercussão da novela foi tão grande que Betty Faria chegou a lançar a linha de
roupas Tieta by Betty Faria.
• Betty
Faria recorreu aos ensinamentos da fonoaudióloga Glorinha Beutenmüller para compor Tieta. Para dar conta dos atributos físicos da personagem de Jorge Amado, a atriz contou com a ajuda de um personal trainer,
exercitando a musculação para ganhar um corpo mais desenhado.
• Aguinaldo
Silva ressaltou que, em “Tieta”,
pretendeu fazer uma metáfora sobre a volta da liberdade de expressão na novela
brasileira. No capítulo em que Tieta
(Claudia Ohana) é expulsa de casa
pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), ele arranca
aquele dia do calendário e diz: “Faz de conta que esse dia nunca aconteceu”. O
dia marcado na folhinha é 13 de dezembro de 1968, data em que foi promulgado o
AI-5.
• O autor Aguinaldo Silva comemorou o fato de ter conseguido abordar na
novela o tema da pedofilia – por meio da trama envolvendo o coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura) e suas “rolinhas” – sem
que os telespectadores ficassem chocados.
• Ary
Fontoura homenageou o ator Rafael de
Carvalho com sua interpretação do coronel Artur da Tapitanga. Ele tentou imitar o modo de falar do colega
que, entre outros trabalhos, viveu o coronel Coriolano na novela “Gabriela”
(1975).
• José
Mayer encontrou em Mangue Seco (Bahia), locação da novela, um acessório que
viria a ser uma das marcas visuais de seu personagem, o bem-dotado Osnar: um chapéu usado, pertencente a
um morador, que o ator ganhou em troca do modelo que usaria em cena. A ideia
foi do próprio Mayer, que vislumbrou no chapéu um elemento que daria mais
vivência ao personagem. Além disso, para compor Osnar, o ator se inspirou no
diretor Paulo Ubiratan, imitando um
de seus gestos corriqueiros: o de sungar as calças.
• O sucesso da novela rendeu frutos aos
atores José Mayer e Paulo Betti que, na época, rodavam o
Brasil com a peça Perversidade Sexual em
Chicago, de David Mamet, com direção de José Wilker. Por conta dos personagens
Osnar e Timóteo, os teatros em que os dois apresentaram ficavam lotados.
• Joana
Fomm optou por uma linguagem circense na interpretação da moralista viúva Perpétua. O que, a princípio, pareceu
uma temeridade – alguns achavam que ela deveria mudar o tom –, revelou-se um
achado. A personagem foi um dos grandes sucessos da novela. Segundo a atriz, as
situações propostas pela trama e a harmonia entre os atores resultavam em
muitas gargalhadas nas gravações.
• Em duas sequências, Cássio Gabus Mendes, que interpretava o seminarista Ricardo na trama, gravou inteiramente
nu. A primeira, realizada no município de Volta Redonda, no Rio de Janeiro,
quando o personagem está de volta a sua cidade natal e mergulha em um açude; a
outra, em uma gravação noturna na cidade cenográfica, quando Ricardo, nu, tenta
chegar em casa após ter tido as roupas roubadas por uns meninos no açude.
• Segundo Aguinaldo Silva, muitas tramas que não existiam no original de Jorge Amado foram criadas na novela, para dar conta de uma produção de
quase 200 capítulos. O autor afirmou que o romance, como foi escrito, renderia
apenas uma minissérie de, no máximo, 30 capítulos.
• “Tieta”
foi transmitida no México (1991), tradicional centro produtor de telenovelas. Também
foi exibida no Chile, na Guatemala, no Peru, em Portugal, na República
Dominicana e no Uruguai, entre outros países.
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