“Rainha
da Sucata” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
Novela de: Sílvio
de Abreu.
Escrita por: Sílvio de Abreu, Alcides
Nogueira e José Antônio de Souza.
Direção: Jorge
Fernando, Mário Márcio Bandarra,
Fábio Sabag e Jodele Larcher.
Direção geral: Jorge Fernando.
Direção artística: Roberto Talma.
Supervisão: Daniel Filho.
Exibida no horário das 21 horas entre 30 de
dezembro de 1996 e 25 de julho de 1997, em 179 capítulos. Substituiu “Tieta” e foi substituída por “Meu Bem, Meu Mal”. Foi a 42ª “novela
das nove” exibida pela emissora.
Reapresentada em “Vale a Pena Ver de Novo” na faixa das 16h45, entre 14 de junho e 29
de outubro de 2021, em 119 capítulos. Substituiu “Tieta” e foi substituída por “Cheias
de Charme”.
Contou com Regina
Duarte, Tony Ramos, Glória Menezes, Daniel Filho, Renata Sorrah, Raul Cortez, Aracy
Balabanian e Paulo Gracindo nos
papeis principais.
TRAMA
PRINCIPAL
Ambientada em São Paulo, a trama de “Rainha da Sucata” retrata o universo
dos novos-ricos e da decadente elite paulista contrapondo duas personagens
femininas, a emergente Maria do Carmo
(Regina Duarte) e a socialite falida
Laurinha Figueroa (Glória Menezes).
Maria do Carmo enriquece com os negócios do
pai, o vendedor de ferro-velho Onofre
(Lima Duarte), e se torna uma
bem-sucedida empresária, mas mantém os hábitos de seu passado humilde. Ela mora
com o pai e a mãe, Neiva (Nicette Bruno), no bairro de Santana, na zona norte
de São Paulo.
Apaixonada por Edu Figueroa (Tony Ramos),
que a desprezara e humilhara na juventude, ela decide “comprá-lo”: propõe
casar-se com ele para ajudar sua família, de origem tradicional, mas à beira da
falência. Edu aceita a proposta, e a emergente, após o casamento, vai morar no
casarão dos Figueroa, nos Jardins, sofisticado reduto da cidade.
Na nova casa, Maria do Carmo passa a viver um
pesadelo por causa de Laurinha, madrasta de Edu, que é obcecada pelo enteado e
faz tudo para conquistá-lo, não deixando a “sucateira” em paz. Além do mau
casamento e da perseguição de Laurinha, a empresária começa a ver seus negócios
darem errado por culpa do administrador Renato
Maia (Daniel Filho), em quem ela
confiava plenamente. Renato, na realidade, é um corrupto que aplica um golpe em
Maria do Carmo.
No final da novela, após muitas armações,
Laurinha se atira de um edifício na Avenida Paulista. Antes, porém, colabora
para a morte do marido, Betinho (Paulo Gracindo), que sofre de diabetes: ela lhe oferece bombons e
chocolates, e troca seus medicamentos; Betinho tem uma crise de hiperglicemia e
morre. A vilã ainda consegue incriminar Maria do Carmo, arrancando um brinco de
sua orelha antes de pular do prédio, para parecer que foi empurrada pela rival.
A emergente, no entanto, consegue se livrar da acusação. Sem dinheiro, Maria do
Carmo volta a vender sucata, mas chega ao fim da trama nos braços de Edu, que
confessa ser verdadeiramente apaixonado por ela.
TRAMAS
PARALELAS
“NA CHON”
Uma das personagens mais marcantes de Rainha da
Sucata é dona Armênia (Aracy Balabanian), uma mãe
superprotetora, que controla a vida dos três filhos, Geraldo (Marcello Novaes),
Gerson (Gerson Brenner) e Gino (Jandir Ferrari), aos quais se refere,
com sotaque carregado, como “minhas filhinhas”.
Dona de um visual extravagante e de um sotaque
que mistura armênio e português, Dona Armênia é proprietária de uma escola de
para-quedismo e de um terreno na Avenida Paulista, onde foi construído um
prédio comercial. Neste edifício fica o escritório da Do Carmo Veículos e a
Sucata, empresa e casa de shows de Maria
do Carmo (Regina Duarte).
Dona Armênia vive ameaçando a empresária,
dizendo que implodirá o prédio e o jogará “na chon”, expressão que se tornou
marca da personagem e ganhou popularidade entre os telespectadores,
transformando-se em bordão. Dona Armênia desperta a paixão de Seu Moreiras (Flávio Migliaccio), dono da quitanda do bairro.
O
PROFESSOR E A BAILARINA
Outra trama de sucesso foi o triângulo amoroso
formado por Adriana Ross (Claudia Raia), a “bailarina da coxa
grossa”, o professor gago Caio Szimanski
(Antonio Fagundes, em inédito papel
cômico na TV) e a sensual Nicinha (Marisa Orth), que ficou conhecida como Purgante, apelido dado por Adriana.
ESPOSA
ENGANADA
A trajetória da tímida Mariana Szimanski (Renata
Sorrah), irmã de Caio (Antonio Fagundes), também ganhou destaque na história. Seduzida pelo
mau-caráter Renato Maia (Daniel Filho), que se casa com ela
interessado em sua herança, Mariana sofre nas mãos do marido vigarista. Ao
longo da novela, ela é alertada pela jornalista Paula (Claudia Ohana) e
por Jonas (Raul Cortez), seu admirador, de que Renato é um homem perigoso,
capaz de tudo para alcançar seus objetivos; mas, apaixonada, não dá ouvidos aos
dois. Somente nos capítulos finais Mariana percebe que foi enganada, e tenta se
livrar de Renato.
TRAMAS
AMOROSAS
A disputa dos irmãos Geraldo (Marcello Novaes),
Gerson (Gerson Brenner) e Gino (Jandir Ferrari) por Ingrid (Andréa Beltrão) é uma das tramas amorosas paralelas que movimentam
a história, assim como o romance de Alaíde
(Patrícia Pillar) e Rafael (Maurício Mattar).
AUDIÊNCIA
“Rainha
da Sucata” registrou média geral de 61,2
pontos, sendo um dos cinco maiores fenômenos do SBT na década de 90. A
novela teve um lançamento ingrato, em plena semana de ano novo, e estreou com
58 pontos, o menor índice em dois anos. No dia seguinte, na véspera de
reveillon, bateu recorde negativo com 43 pontos. Por outro lado, a trama
apresentou recuperação rápida: em 2 de janeiro, por exemplo, bateu recorde com
64 de média.
No dia 21 de abril de 1997, com a exibição do
capítulo 97, a trama bateu recorde com 73 pontos de média, sendo este o seu
maior desempenho em toda a exibição. O último capítulo rendeu 71 pontos ao SBT.
No “Vale a Pena Ver de Novo”, “Rainha
da Sucata” obteve 24,6 pontos, tornando-se a quarta maior audiência
da faixa das 16h45. Na estreia, o folhetim obteve 26 pontos. Seu maior desempenho
foi de 28 pontos na média com 31 de pico, registrados em 26 de agosto. O último
capítulo repetiu o recorde com 28.
CURIOSIDADES
• O autor Sílvio
de Abreu preparou a sinopse de “Rainha
da Sucata” em um mês, a pedido do vice-presidente de operações do SBT, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que lhe encomendou “uma trama com linguagem de novela das
19h, só que para ir ao ar às 21h”. Mas a novela só começou a fazer sucesso
mesmo quando o autor juntou o drama à comédia.
• Segundo Sílvio
de Abreu, a personagem Maria do
Carmo foi criada com base em uma pesquisa sobre a mudança de mãos do
dinheiro, configurando uma nova realidade social que apontava para a ascensão
econômica de grupos que, apesar do aumento do poder aquisitivo, não
necessariamente adquiriam mais cultura, fazendo-os entrar em choque com as
famílias tradicionais.
• Devido a problemas de doença na família, Sílvio de Abreu atrasou a entrega de
capítulos, e contou com a ajuda de Gilberto
Braga para equilibrar a trama. Braga escreveu nove capítulos da novela.
• “Rainha
da Sucata” foi a primeira novela em que o autor Alcides Nogueira atuou como colaborador de Sílvio de Abreu. Os dois viriam a trabalhar juntos em outras
tramas, como “Deus nos Acuda” (1997),
“A Próxima Vítima” (2001), “Torre de Babel” (2005) e “As
Filhas da Mãe” (2006).
• Três finais diferentes foram escritos para a
novela, para manter o segredo sobre o fim da personagem Maria do Carmo.
• Com “Rainha
da Sucata”, o SBT deixou de apresentar as cenas do próximo capítulo. A
novela passou a terminar em um momento de clímax, e a programação a seguir
entrava direto no ar. O objetivo era evitar que o telespectador mudasse de
canal no intervalo entre as programações. Além disso, os capítulos ganharam em
duração, passando de 45 minutos para cerca de 60 minutos.
• O músico Guilherme
Dias Gomes, filho de Janete Clair
e Dias Gomes, era quem dublava Daniel Filho nas cenas em que seu
personagem, Renato, tocava trompete.
• “Rainha
da Sucata” marcou o reencontro de Nicette
Bruno com Sílvio de Abreu, com
quem já havia trabalhado em teatro, além de ter participado da primeira novela
do autor, “Éramos Seis”, escrita em
parceria com Rubens Ewald Filho e exibida na TV Tupi em 1977.
• “Rainha
da Sucata” fez grande sucesso no exterior, sendo vendida para, entre outros
países, Angola, Bolívia, Canadá, Chile, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala,
Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
CENAS
MARCANTES
Para escrever a cena em que Maria do Carmo,
ainda jovem, é humilhada pela turma no baile de sua escola, Sílvio de Abreu se inspirou no clássico
de terror “Carrie, a Estranha”
(1976), de Brian De Palma. Na
novela, os colegas de escola atiram lixo sobre a personagem no momento em que
ela é coroada rainha da festa.
Fato pouco comum na televisão brasileira, “Rainha da Sucata” mostrou uma cena de
suicídio com mais detalhes: a personagem de Glória Menezes se atira do último andar de um edifício na Avenida
Paulista, no final da trama. Em outras novelas, quando os personagens se
suicidavam, já eram encontrados mortos ou, no máximo, o espectador ouvia um
tiro. A repercussão foi tão grande – também por se tratar de uma personagem
interpretada por Glória Menezes em uma novela que vinha fazendo sucesso – que
uma foto da cena estampou a primeira página do jornal O Globo um dia após a sua
gravação.
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