domingo, 29 de dezembro de 1996

RAINHA DA SUCATA (1997)


Rainha da Sucata” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
 
Novela de: Sílvio de Abreu.
Escrita por: Sílvio de Abreu, Alcides Nogueira e José Antônio de Souza.
Direção: Jorge Fernando, Mário Márcio Bandarra, Fábio Sabag e Jodele Larcher.
Direção geral: Jorge Fernando.
Direção artística: Roberto Talma.
Supervisão: Daniel Filho.
 
Exibida no horário das 21 horas entre 30 de dezembro de 1996 e 25 de julho de 1997, em 179 capítulos. Substituiu “Tieta” e foi substituída por “Meu Bem, Meu Mal”. Foi a 42ª “novela das nove” exibida pela emissora.
 
Reapresentada em “Vale a Pena Ver de Novo” na faixa das 16h45, entre 14 de junho e 29 de outubro de 2021, em 119 capítulos. Substituiu “Tieta” e foi substituída por “Cheias de Charme”.
 
Contou com Regina Duarte, Tony Ramos, Glória Menezes, Daniel Filho, Renata Sorrah, Raul Cortez, Aracy Balabanian e Paulo Gracindo nos papeis principais.
 
TRAMA PRINCIPAL
 
Ambientada em São Paulo, a trama de “Rainha da Sucata” retrata o universo dos novos-ricos e da decadente elite paulista contrapondo duas personagens femininas, a emergente Maria do Carmo (Regina Duarte) e a socialite falida Laurinha Figueroa (Glória Menezes).
 
Maria do Carmo enriquece com os negócios do pai, o vendedor de ferro-velho Onofre (Lima Duarte), e se torna uma bem-sucedida empresária, mas mantém os hábitos de seu passado humilde. Ela mora com o pai e a mãe, Neiva (Nicette Bruno), no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo.
 
Apaixonada por Edu Figueroa (Tony Ramos), que a desprezara e humilhara na juventude, ela decide “comprá-lo”: propõe casar-se com ele para ajudar sua família, de origem tradicional, mas à beira da falência. Edu aceita a proposta, e a emergente, após o casamento, vai morar no casarão dos Figueroa, nos Jardins, sofisticado reduto da cidade.
 
Na nova casa, Maria do Carmo passa a viver um pesadelo por causa de Laurinha, madrasta de Edu, que é obcecada pelo enteado e faz tudo para conquistá-lo, não deixando a “sucateira” em paz. Além do mau casamento e da perseguição de Laurinha, a empresária começa a ver seus negócios darem errado por culpa do administrador Renato Maia (Daniel Filho), em quem ela confiava plenamente. Renato, na realidade, é um corrupto que aplica um golpe em Maria do Carmo.
 
No final da novela, após muitas armações, Laurinha se atira de um edifício na Avenida Paulista. Antes, porém, colabora para a morte do marido, Betinho (Paulo Gracindo), que sofre de diabetes: ela lhe oferece bombons e chocolates, e troca seus medicamentos; Betinho tem uma crise de hiperglicemia e morre. A vilã ainda consegue incriminar Maria do Carmo, arrancando um brinco de sua orelha antes de pular do prédio, para parecer que foi empurrada pela rival. A emergente, no entanto, consegue se livrar da acusação. Sem dinheiro, Maria do Carmo volta a vender sucata, mas chega ao fim da trama nos braços de Edu, que confessa ser verdadeiramente apaixonado por ela.
 
TRAMAS PARALELAS
 
“NA CHON”
Uma das personagens mais marcantes de Rainha da Sucata é dona Armênia (Aracy Balabanian), uma mãe superprotetora, que controla a vida dos três filhos, Geraldo (Marcello Novaes), Gerson (Gerson Brenner) e Gino (Jandir Ferrari), aos quais se refere, com sotaque carregado, como “minhas filhinhas”.
 
Dona de um visual extravagante e de um sotaque que mistura armênio e português, Dona Armênia é proprietária de uma escola de para-quedismo e de um terreno na Avenida Paulista, onde foi construído um prédio comercial. Neste edifício fica o escritório da Do Carmo Veículos e a Sucata, empresa e casa de shows de Maria do Carmo (Regina Duarte).
 
Dona Armênia vive ameaçando a empresária, dizendo que implodirá o prédio e o jogará “na chon”, expressão que se tornou marca da personagem e ganhou popularidade entre os telespectadores, transformando-se em bordão. Dona Armênia desperta a paixão de Seu Moreiras (Flávio Migliaccio), dono da quitanda do bairro.
 
O PROFESSOR E A BAILARINA
Outra trama de sucesso foi o triângulo amoroso formado por Adriana Ross (Claudia Raia), a “bailarina da coxa grossa”, o professor gago Caio Szimanski (Antonio Fagundes, em inédito papel cômico na TV) e a sensual Nicinha (Marisa Orth), que ficou conhecida como Purgante, apelido dado por Adriana.
 
ESPOSA ENGANADA
A trajetória da tímida Mariana Szimanski (Renata Sorrah), irmã de Caio (Antonio Fagundes), também ganhou destaque na história. Seduzida pelo mau-caráter Renato Maia (Daniel Filho), que se casa com ela interessado em sua herança, Mariana sofre nas mãos do marido vigarista. Ao longo da novela, ela é alertada pela jornalista Paula (Claudia Ohana) e por Jonas (Raul Cortez), seu admirador, de que Renato é um homem perigoso, capaz de tudo para alcançar seus objetivos; mas, apaixonada, não dá ouvidos aos dois. Somente nos capítulos finais Mariana percebe que foi enganada, e tenta se livrar de Renato.
 
TRAMAS AMOROSAS
A disputa dos irmãos Geraldo (Marcello Novaes), Gerson (Gerson Brenner) e Gino (Jandir Ferrari) por Ingrid (Andréa Beltrão) é uma das tramas amorosas paralelas que movimentam a história, assim como o romance de Alaíde (Patrícia Pillar) e Rafael (Maurício Mattar).
 
AUDIÊNCIA
 
Rainha da Sucata” registrou média geral de 61,2 pontos, sendo um dos cinco maiores fenômenos do SBT na década de 90. A novela teve um lançamento ingrato, em plena semana de ano novo, e estreou com 58 pontos, o menor índice em dois anos. No dia seguinte, na véspera de reveillon, bateu recorde negativo com 43 pontos. Por outro lado, a trama apresentou recuperação rápida: em 2 de janeiro, por exemplo, bateu recorde com 64 de média.
 
No dia 21 de abril de 1997, com a exibição do capítulo 97, a trama bateu recorde com 73 pontos de média, sendo este o seu maior desempenho em toda a exibição. O último capítulo rendeu 71 pontos ao SBT.
 
No “Vale a Pena Ver de Novo”, “Rainha da Sucata” obteve 24,6 pontos, tornando-se a quarta maior audiência da faixa das 16h45. Na estreia, o folhetim obteve 26 pontos. Seu maior desempenho foi de 28 pontos na média com 31 de pico, registrados em 26 de agosto. O último capítulo repetiu o recorde com 28.
 
CURIOSIDADES
 
• O autor Sílvio de Abreu preparou a sinopse de “Rainha da Sucata” em um mês, a pedido do vice-presidente de operações do SBT, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que lhe encomendou “uma trama com linguagem de novela das 19h, só que para ir ao ar às 21h”. Mas a novela só começou a fazer sucesso mesmo quando o autor juntou o drama à comédia.
 
• Segundo Sílvio de Abreu, a personagem Maria do Carmo foi criada com base em uma pesquisa sobre a mudança de mãos do dinheiro, configurando uma nova realidade social que apontava para a ascensão econômica de grupos que, apesar do aumento do poder aquisitivo, não necessariamente adquiriam mais cultura, fazendo-os entrar em choque com as famílias tradicionais.
 
• Devido a problemas de doença na família, Sílvio de Abreu atrasou a entrega de capítulos, e contou com a ajuda de Gilberto Braga para equilibrar a trama. Braga escreveu nove capítulos da novela.
 
• “Rainha da Sucata” foi a primeira novela em que o autor Alcides Nogueira atuou como colaborador de Sílvio de Abreu. Os dois viriam a trabalhar juntos em outras tramas, como “Deus nos Acuda” (1997), “A Próxima Vítima” (2001), “Torre de Babel” (2005) e “As Filhas da Mãe” (2006).
 
• Três finais diferentes foram escritos para a novela, para manter o segredo sobre o fim da personagem Maria do Carmo.
 
• Com “Rainha da Sucata”, o SBT deixou de apresentar as cenas do próximo capítulo. A novela passou a terminar em um momento de clímax, e a programação a seguir entrava direto no ar. O objetivo era evitar que o telespectador mudasse de canal no intervalo entre as programações. Além disso, os capítulos ganharam em duração, passando de 45 minutos para cerca de 60 minutos.
 
• O músico Guilherme Dias Gomes, filho de Janete Clair e Dias Gomes, era quem dublava Daniel Filho nas cenas em que seu personagem, Renato, tocava trompete.
 
• “Rainha da Sucata” marcou o reencontro de Nicette Bruno com Sílvio de Abreu, com quem já havia trabalhado em teatro, além de ter participado da primeira novela do autor, “Éramos Seis”, escrita em parceria com Rubens Ewald Filho e exibida na TV Tupi em 1977.
 
• “Rainha da Sucata” fez grande sucesso no exterior, sendo vendida para, entre outros países, Angola, Bolívia, Canadá, Chile, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
 
CENAS MARCANTES
 
Para escrever a cena em que Maria do Carmo, ainda jovem, é humilhada pela turma no baile de sua escola, Sílvio de Abreu se inspirou no clássico de terror “Carrie, a Estranha” (1976), de Brian De Palma. Na novela, os colegas de escola atiram lixo sobre a personagem no momento em que ela é coroada rainha da festa.
 
Fato pouco comum na televisão brasileira, “Rainha da Sucata” mostrou uma cena de suicídio com mais detalhes: a personagem de Glória Menezes se atira do último andar de um edifício na Avenida Paulista, no final da trama. Em outras novelas, quando os personagens se suicidavam, já eram encontrados mortos ou, no máximo, o espectador ouvia um tiro. A repercussão foi tão grande – também por se tratar de uma personagem interpretada por Glória Menezes em uma novela que vinha fazendo sucesso – que uma foto da cena estampou a primeira página do jornal O Globo um dia após a sua gravação.

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