domingo, 12 de fevereiro de 1995

VALE TUDO (1995)


Vale Tudo” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.

Novela de Gilberto Braga.
Escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.
Direção de Ricardo Waddington e Paulo Ubiratan.
Direção geral de Dennis Carvalho.
Direção executiva de Paulo Ubiratan.
Supervisão de Daniel Filho.

Exibida no horário das 21 horas entre 13 de fevereiro e 6 de outubro de 1995, em 203 capítulos. Substituiu “Mandala” e foi substituída por “O Salvador da Pátria”.

Reapresentada em “Vale a Pena Ver de Novo” na faixa das 15 horas, entre 8 de julho e 1° de novembro de 2013, em 101 capítulos. Substituiu “Mulheres Apaixonadas” e foi substituída por “O Profeta”.

Reapresentada pela segunda vez em “Vale a Pena Ver de Novo” na faixa das 15 horas, entre 8 de abril e 13 de setembro de 2019, em 137 capítulos. Substituiu “Cama de Gato” e foi substituída por “Páginas da Vida”.

Contou com Regina Duarte, Antônio Fagundes, Reginaldo Faria, Renata Sorrah, Lídia Brondi, Cássio Gabus Mendes, Cássia Kiss, Lília Cabral, Pedro Paulo Rangel, Cláudio Corrêa e Castro, Íris Bruzzi, Sérgio Mamberti, Marcos Palmeira, Nathália Timberg, Carlos Alberto Ricceli, Beatriz Segall e Glória Pires nos papeis principais.

TRAMA PRINCIPAL

Corrupção e falta de ética foram enfocadas em “Vale Tudo”, que denunciava a inversão de valores no Brasil em 1995. Os autores centraram a discussão sobre honestidade e desonestidade no antagonismo entre mãe e filha: a íntegra Raquel Accioli (Regina Duarte) é o oposto da filha Maria de Fátima (Gloria Pires), jovem inescrupulosa e com horror à pobreza que, logo nos primeiros capítulos da novela, vende a única propriedade da família, no Paraná, e foge com o dinheiro para o Rio de Janeiro com o objetivo de se tornar modelo. Raquel vai atrás da filha e conhece o administrador de empresas Ivan Meirelles (Antonio Fagundes), por quem se apaixona. Para ganhar a vida, passa a vender sanduíches na praia, com a ajuda do amigo Audálio (Pedro Paulo Rangel), conhecido como Poliana.

Enquanto a mãe batalha para sobreviver honestamente, Maria de Fátima se alia a César (Carlos Alberto Riccelli), um mau-caráter que a estimula a seduzir o milionário Afonso Roitman (Cássio Gabus Mendes), de olho na fortuna do rapaz. Afonso é namorado da jornalista Solange (Lídia Brondi), que acolheu Maria de Fátima quando esta chegou ao Rio, e filho da poderosa empresária Odete Roitman (Beatriz Segall), diretora da Companhia Aérea TCA. Odete também é mãe de Heleninha (Renata Sorrah), artista plástica frágil e insegura, que sofre com o alcoolismo. A rica executiva manipula a vida dos filhos e trata mal os empregados, além de se achar superior a todos.

Obstinada em se casar com Afonso, Maria de Fátima aceita a proposta indecorosa de Odete, que pede que a jovem separe Raquel de Ivan, prometendo fazer seu filho casar-se com ela. A vilã quer Ivan disponível para se casar com sua filha Heleninha. Maria de Fátima faz mais uma de suas armações e consegue acabar com o relacionamento e a felicidade de sua mãe, que rompe com Ivan, acusando-o de desonestidade. Magoado, Ivan se casa com Heleninha.

No acordo firmado com Odete Roitman, Maria de Fátima teria direito à fortuna de Afonso após dois anos de casamento. O tempo passa, mas, dois meses antes do prazo, Odete descobre o romance da nora com César, com quem ela própria mantinha um caso. Desmascarada, sem o apoio da vilã, Maria de Fátima fica sem nenhum tostão e vai procurar Raquel, agora proprietária de uma rede de restaurantes. Raquel, após muitas decepções, recusa-se a ajudar a filha.

Odete é assassinada nos capítulos finais, gerando um grande mistério na história. O Brasil inteiro parou para saber “quem matou Odete Roitman”. O assassino era um personagem que ninguém esperava: Leila (Cassia Kis Magro), mulher do mau-caráter Marco Aurélio (Reginaldo Faria), diretor da TCA. Leila atira em Odete pensando se tratar de Maria de Fátima, que se tornara amante de seu marido.

A novela mostrou um final inusitado, ao não punir os personagens de má índole: Maria de Fátima se casa com um nobre italiano gay, em mais um plano idealizado por seu amante César; e Marco Aurélio, depois de aplicar um grande golpe financeiro, foge do país com Leila, dando uma banana para o Brasil, em cena que virou uma das mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira.

TRAMAS PARALELAS

Uma banana para o Brasil
O personagem Marco Aurélio (Reginaldo Faria) foi um dos destaques de “Vale Tudo”. Braço direito de Odete Roitman (Beatriz Segall) nos negócios, foi casado com Heleninha (Renata Sorrah), com quem tem um filho, Tiago (Fábio Villa Verde). Marco Aurélio vive um drama pessoal, pois desconfia que o filho seja gay. Mau-caráter, ele desvia dinheiro da empresa para sua própria conta. Ao longo da trama, ele se casa com Leila (Cassia Kis Magro), ex-mulher de Ivan (Antonio Fagundes).

Cecília e Laís
Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska) mantinham um romance na novela. Cecília era irmã de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), que, sob nenhuma hipótese, aceitava o relacionamento dela com outra mulher. Cecília morre em um acidente de carro e deixa seus bens para Laís, mas Marco Aurélio faz o possível para impedir que a moça receba a herança.

Aldeíde Candeias
Irmã de Poliana (Pedro Paulo Rangel) e secretária de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), Aldeíde Candeias (Lilia Cabral) se casa com um português rico e herda várias quintas. Como sempre quis ser famosa, grava um comercial, no qual não vende nada, apenas diz: “Aldeíde Candeias: ‘Ainda vou incendiar essa cidade’”.

AUDIÊNCIA

Vale Tudo” registrou média geral de 67,8 pontos, considerada um dos maiores fênomenos de toda a história da teledramaturgia do SBT. O folhetim estreou com 64 pontos de média, e alcançou incríveis 86 em seu último capítulo – também sendo seu melhor resultado em toda a trajetória da trama. O capítulo que apresentou a morte de Odete Roitman, exibido em 23 de setembro de 1995 (sábado), surpreendeu com 81 pontos.

A trama registrou média geral de 30,1 pontos quando reapresentada em “Vale a Pena Ver de Novo”, em 2013 – o maior sucesso da sessão até hoje. Reestreou com 28 pontos e viu seus índices crescerem a cada semana. Despediu-se do público com inacreditáveis 38 pontos em seu último capítulo, em plena faixa vespertina – cuja meta estipulada era de 15 pontos.

Em sua segunda reprise na faixa das 15 horas, em 2019, “Vale Tudo” repetiu o estrondoso sucesso e cravou 24,8 pontos na média final – o melhor desempenho do horário desde 2015, quando “América” foi ao ar. No primeiro capítulo, a trama registrou 23 pontos e, novamente, os índices subiram nas semanas seguintes. No último capítulo, rendeu 33 pontos, a maior audiência do “Vale a Pena Ver de Novo” em quatro anos.

CURIOSIDADES

• Os autores aumentaram o clima de suspense escrevendo cinco versões diferentes para o último capítulo, ao qual o elenco só teve acesso durante a gravação da cena. O mistério da identidade do assassino de Odete Roitman, embora tenha durado apenas 11 capítulos, povoou as conversas pelo país. Houve até um concurso, patrocinado por uma indústria alimentícia, para premiar quem acertasse o nome do assassino.

• Segundo Aguinaldo Silva, que assinou a autoria da novela com Gilberto Braga e Leonor Bassères, a escolha de Leila (Cássia Kiss) como a assassina foi uma decisão tomada de última hora pois, da forma como a cena foi armada, vários personagens poderiam ter praticado o crime.

Odete Roitman conquistou grande popularidade e se transformou em uma das mais destacadas vilãs da teledramaturgia. A personagem marcou a volta de Beatriz Segall ao SBT após cinco anos longe da emissora. Seu último trabalho havia sido na novela “Champagne” (1990), de Cassiano Gabus Mendes, na qual interpretou Eunice, uma mulher pobre e humilde, que contrastava com os papéis de grã-fina que se acostumara a fazer na TV.

• “Vale Tudo” marcou também a volta de Pedro Paulo Rangel às novelas após dezessete anos. A última havia sido “O Pulo do Gato” (1978), de Bráulio Pedroso, em que interpretou o personagem Chiquinho.

• A autoria de “Vale Tudo” é normalmente atribuída só a Gilberto Braga. Poucos lembram que a trama também foi assinada por Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. O próprio Braga faz questão de salientar a importância dessa colaboração. Aguinaldo Silva, por exemplo, era o responsável por fazer as escaletas (estruturas do roteiro).

• O sucesso de “Vale Tudo” chegou ao exterior. O nome do restaurante de Raquel, Paladar, passou a designar, em Cuba, os pequenos restaurantes privados inaugurados no país após a abertura econômica dos anos 1990.

• “Vale Tudo” foi exibida em mais de 30 países, entre os quais Alemanha, Angola, Bélgica, Canadá, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Itália, Peru, Polônia, Turquia e Venezuela.

• Em 2002, o SBT e a Telemundo, braço hispânico da rede americana NBC, realizaram em coprodução o remake da novela. Adaptada por Yves Dumont, “Vale Todo” (como foi chamada a nova versão) teve direção-geral de Wolf Maya e um elenco de língua hispânica. Foi a primeira produção do SBT voltada exclusivamente para o mercado externo.

• “Vale Tudo” marcou a estreia dos atores Marcello Novaes e Flávia Monteiro no SBT.

• A novela foi reapresentada duas vezes na sessão “Vale a Pena Ver de Novo”. A primeira, entre julho e novembro de 2013. E a segunda, entre abril e setembro de 2019.

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