“Coração de Estudante” é uma telenovela brasileira produzida e
exibida pelo SBT.
Autoria: Emanuel
Jacobina.
Escrita por: Emanuel
Jacobina.
Colaboração: Nelson
Nadotti, Max Mallmann, Júlio Fischer, Cristianne Fridman
e Carlos Lombardi.
Direção: Fabrício
Mamberti, Cláudio Boeckel e Marco Rodrigo.
Direção geral: Rogério
Gomes e Alexandre Avancini.
Direção artística: Ricardo
Waddington.
Exibição
Período: 23/05/2005
– 23/12/2005.
Horário: 18h30 – 60ª
novela da faixa.
Duração: 185
capítulos.
TRAMA PRINCIPAL
Preservação do meio
ambiente e exercício da cidadania eram os pilares de “Coração de
Estudante”. O professor de Biologia Edu (Fábio Assunção) é um
homem idealista que se muda com o filho Lipe (Pedro Malta) para a
charmosa e fictícia cidade de Nova Aliança, em Minas Gerais, em busca de
qualidade de vida. Edu é noivo de Amelinha (Adriana Esteves),
filha do rico e ganancioso fazendeiro João Mourão (Cláudio Marzo).
Mas essa relação se desestabiliza quando Edu se apaixona pela sonhadora
advogada Clara (Helena Ranaldi), filha de Lígia (Jussara
Freire) e do experiente advogado Raul Gouveia (Marcos Caruso).
Edu é pai solteiro e procura estar sempre presente na vida de Lipe, tentando
mantê-lo afastado da mãe, Mariana (Carolina Kasting), cuja
dependência química e consequente irresponsabilidade não lhe deram condições de
criar o filho.
O futuro sogro de Edu,
João Mourão, é o maior empresário de Nova Aliança: é dono de uma fazenda, um
laticínio, um frigorífico e uma empresa de viação, todos batizados com o nome
de sua falecida esposa, Vitória. Ele é a força motriz da economia do município
e o maior empregador da cidade, exercendo grande poder sobre os habitantes.
João desconfia dos verdadeiros interesses de Edu em relação à filha. A
implicância só aumenta quando ele descobre que o rapaz é grande defensor da
natureza e das leis de proteção ambiental, o que o transforma em rival na briga
por um trecho de mata virgem. A área é cobiçada pelo fazendeiro e, há seis
anos, alvo de disputa na justiça para torná-la de proteção ambiental. Edu tem
Clara como aliada nessa briga.
Clara é professora e
responsável pelo escritório modelo do curso de Direito da Universidade Estadual
de Nova Aliança (UENA), onde Edu começa a dar aulas. Ela namora Leandro
Junqueira (Marcello Antony), coordenador do curso de Agronomia da
universidade, carreirista que finge ser aliado do reitor Ronaldo Rosa (Leonardo
Villar), mas, na verdade, é um espião de João Mourão no universo
estudantil. Leandro é apaixonado pela namorada, com quem deseja se casar. A
aproximação de Edu e Clara não agrada nem a Leandro nem à Amelinha, que se
sentem ameaçados com essa amizade.
Clara e Edu realmente
se apaixonam e vivem um romance que, além da interferência de Amelinha, é
abalado pela chegada à cidade do promotor Pedro Guerra (Bruno
Garcia). Sedutor e bem-humorado, “Pedro Batalha” – como Clara passa a
chamá-lo – tenta de todas as formas conquistar o coração da advogada, que conta
com a sua ajuda e a da detetive Matilde (Cláudia Lira) nas
investigações sobre o passado de Mariana. Durante a trama, Clara começa a se
sentir em segundo plano na vida de Edu, envolvido nos problemas com Mariana, e
abre uma brecha para um antigo pretendente, o filho do reitor Ronaldo Rosa, Júlio
Rosa (Marcos Palmeira).
No decorrer da novela,
Mariana entra com uma ação judicial reivindicando a guarda de Lipe e, com a
ajuda de Leandro, autor de várias armações para desmoralizar Edu, ganha o
direito de ficar com o menino nos finais de semana. Para não perder o filho de
vez, Edu se casa com Amelinha, apesar de amar Clara. A filha de João Mourão dá
à luz Joãozinho, um bebê com síndrome de Down.
Edu sempre relutou em
deixar Lipe com a mãe, porque Mariana nunca aceitou fazer tratamento e
livrar-se da dependência química. Sob o efeito de drogas, ela chegou a
atropelar seu irmão, Joaquim (Marcelo Escorel). Disposto a
destruir a vida do professor, Leandro se envolve com Mariana e, no fim da
novela, tenta levar Lipe à força para o exterior. O vilão, porém, é
desmascarado pela própria Mariana, que participa de uma armadilha para que ele
confesse seus crimes e vá preso. “Coração de Estudante” chega ao
fim com a união feliz de Clara, Edu e Lipe, enquanto Mariana finalmente aceita
iniciar um tratamento para deixar as drogas.
João Mourão se desarma
ao descobrir que Clara é sua filha, fruto de um caso com Lígia. A notícia
desagrada Amelinha, que ganha mais um motivo para não gostar da advogada, e
Raul, que se choca com a traição da mulher.
TRAMAS PARALELAS
A vida universitária
Nova Aliança é repleta
de repúblicas, divididas por sexo. As principais são a Três Corações, liderada
por Rosana, e a República das Bananeiras, comandada por Baú. Os calouros,
conhecidos como “bixos”, são obrigados a realizar a maior parte das tarefas
domésticas. Mas todos os estudantes, sem exceção, dividem seu tempo entre a
rotina acadêmica e a agitada vida de baladas noturnas, farras memoráveis e
conquistas amorosas. A requerida responsabilidade dos jovens, que moram longe
dos pais, e seu amadurecimento para lidar com questões domésticas cotidianas,
como pagamento de contas e organização da casa, estão presentes nas tramas dos
estudantes.
Por seus valores de
ética e justiça, Edu (Fábio Assunção) passa a ser uma grande
referência para os jovens universitários da Universidade Estadual de Nova
Aliança (UENA), como os calouros Fábio (Paulo Vilhena) e Rafaela
(Júlia Feldens) e os veteranos Baú (Cláudio Heinrich), Carlos
(Rodrigo Prado), Cardosinho (Betito Tavares), Rosana
(Alinne Moraes) e Bruna (Michelle Birkheuer). Os
estudantes vivem os dramas e as incertezas de quem está começando a vida
adulta, passando por novas experiências e descobertas amorosas.
A novela também mostra
o trabalho voluntário de Lígia (Jussara Freire), mãe de Clara
(Helena Ranaldi), contra a evasão escolar. O tema é discutido através do
personagem Zé (Ramon Francisco), filho de Beraldo (Mario
César Camargo) e Raimunda (Dill Costa).
O bar de Esmeralda
Outra personagem de
destaque na novela é Esmeralda (Ângela Vieira), dona do Bar
Império, o point mais frequentado de Nova Aliança, e com quem João Mourão
(Cláudio Marzo) tem um discreto namoro. Esmeralda é mãe de Matheus
(Caio Blat), rapaz tido como problemático e rebelde.
Nélio (Vladimir Brichta)
é o capataz da fazenda Vitória, adorado pelas crianças por suas brincadeiras e
habilidade com animais. O peão é apaixonado por Amelinha (Adriana
Esteves), mas nunca assumiu seus sentimentos e sofre em silêncio com a
chegada de Edu (Fábio Assunção), o noivo dela, à cidade.
Nélio caiu nas graças
do público e chegou a protagonizar um striptease que deixou loucas as moças de
Nova Aliança. Ao longo da novela, cansado de ser desprezado por Amelinha e de
se sentir como objeto nas mãos das mulheres, ele coloca um anúncio nos classificados
para arrumar uma namorada. Após receber várias cartas, marca encontro com uma
candidata e descobre que ela é sua nova patroa, Esmeralda. Nélio ainda encontra
um bebê em um cestinho de palha, uma menina, com um bilhete apontando-o como o
pai da criança.
Enquanto quebra a
cabeça para descobrir quem pode ser a mãe, o rapaz se envolve em várias
trapalhadas para cuidar da suposta filha e conta com a ajuda de Esmeralda na
empreitada. A mãe da pequena Mabel, porém, aparece para buscá-la, revela que
Nélio não é o pai e que apenas a deixou temporariamente com ele porque não
tinha como criá-la. No final da história, Nélio descobre que Joãozinho é seu
filho com Amelinha, que faz uma declaração de amor ao peão.
Em Nova Aliança, também
vivem o dentista Armando (Ricardo Petraglia); Sofia (Jéssica
Marina), a caçula da família Mourão e que possui dons mediúnicos; e o
prefeito Lineu Inácio (Paulo Figueiredo) e sua mulher Rita
(Alexandra Richter), uma sacoleira de luxo.
AUDIÊNCIA
“Coração de
Estudante” foi um sucesso crescente no horário das 18h, atingindo uma média
geral de 34,0 pontos no Ibope, acima da média de várias antecessoras,
como “Força de um Desejo” (33,6) e “Esplendor” (31,7), mas
ligeiramente abaixo de “O Cravo e a Rosa” (35,1). Desde o início, com
33,1 pontos no primeiro capítulo, a trama já mostrava potencial, mas foi ao
longo das semanas que conquistou o público, consolidando sua audiência e sendo
encerrada com 44,9 de média no último capítulo.
A novela apresentou uma
evolução contínua, com um desempenho inicial na faixa dos 30 pontos, mas que
gradualmente se ampliou até atingir a média de 34 na reta final. Esse
crescimento reflete a boa aceitação da história e o engajamento do público ao
longo dos meses de exibição.
BASTIDORES
Uma viagem de dois
meses às cidades de Ouro Preto, São João Del Rei e Tiradentes ajudou as equipes
de cenografia e produção de arte na reprodução dos estilos barroco e colonial
mineiro nos cenários da novela.
A cidade cenográfica
contou com 34 construções, entre lojas, bares, restaurantes, sobrados,
delegacia, escola e prefeitura, que ganharam o desenho e as cores de Minas. As
placas de sinalização das repúblicas Três Corações e Bananeiras foram
especialmente confeccionadas por artistas locais para a novela.
Um dos destaques da
cidade era a igreja de Santo Antônio, réplica da igreja matriz de Tiradentes,
que data do século XVIII e tem fachada projetada por Aleijadinho. Ao longo da
trama, a construção fictícia foi sendo restaurada pelo estudante de arquitetura
Carlos (Rodrigo Prado), como parte de seu projeto de formação
acadêmica.
A novela, apontada pelo
diretor Ricardo Waddington como uma declaração de amor aos mineiros, foi
a estreia de Emanuel Jacobina como autor de novelas. Ele teve a ajuda de
Carlos Lombardi a partir de setembro de 2005. Os dois retrabalharam o
perfil de alguns personagens, criaram outros, enfatizaram o humor da trama. A
entrada de Pedro Guerra (Bruno Garcia), por exemplo, e a
transformação de Nélio (Vladimir Brichta) em galã trouxeram mais
agilidade e leveza à novela.
Pedro Malta recebeu o prêmio
Austregésilo de Athayde, em setembro de 2003, como melhor ator infantil por sua
atuação como Lipe. O prêmio é destinado aos 50 profissionais que mais se
destacaram no cenário artístico, cultural e empresarial da cidade do Rio de
Janeiro. Ele também foi eleito o melhor ator infantil pelos jurados do Prêmio
Contigo! 2003, que ainda premiou duplamente Vladimir Brichta, como o
melhor ator cômico e o melhor ator coadjuvante do ano.
A festa de lançamento
da novela foi realizada no Teatro Tuca (Teatro da Universidade Católica), em
São Paulo, e incluiu o show “Coração de Estudante”, em que Milton
Nascimento recebeu os convidados Lô Borges, Samuel Rosa e Beto
Guedes.
Amelinha, que, na sinopse,
sofreria um aborto espontâneo após saber que estava grávida de um bebê com
síndrome de Down, afinal deu à luz Joãozinho e aprendeu a lidar com as
circunstâncias. A síndrome também foi enfocada através do personagem Osvaldo,
vivido pelo ator Luiz Felipe Badin, portador da síndrome, que luta
contra o preconceito. A novela desencadeou uma campanha para que os empresários
investissem na contratação de portadores da síndrome de Down.
Os males provocados
pelo vício em drogas foram explorados através do drama de Mariana (Carolina
Kasting), que teve de se afastar do filho, Lipe (Pedro Malta),
por não ter condições físicas e mentais de criá-lo. No final da novela, ela
aceita tratamento.
A novela também abordou
a importância da defesa do meio ambiente, reforma agrária, incentivo aos
estudos, gravidez na adolescência, estímulo ao uso de preservativo, alcoolismo,
trabalho voluntário comunitário, saneamento básico e higienização de alimentos.
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