“Novo Mundo” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo
SBT.
Autores: Thereza Falcão e Alessandro Marson.
Colaboração: Duba Elia, João Brandão e Renê Belmonte.
Direção: André Câmara, João Paulo Jabur, Pedro Brenelli, Bruno Safadi e Guto Arruda Botelho.
Direção artística: Vinicius Coimbra.
Exibida no horário das 18 horas entre 8 de junho de 2020 e 15 de janeiro de 2021, em 191 capítulos, substituindo “Sol Nascente” e sendo substituída por “Tempo de Amar”. Foi a 89ª “novela das seis” exibida pela emissora.
Contou com as atuações de Chay Suede, Isabelle Drummond, Caio Castro, Letícia Colin, Gabriel Braga Nunes, Felipe Camargo, Agatha Moreira e Ingrid Guimarães.
Em 1817, arquiduquesa casa austríaca de Habsburgo, Leopoldina, atravessa o Atlântico para tornar-se esposa de Dom Pedro e princesa de Portugal, Brasil e Algarve, em um momento em que a corte havia sido transferida para o novo mundo. Esses personagens reais, protagonistas da história do Brasil, são interpretados por Letícia Colin e Caio Castro em uma trama que mistura realidade e fantasia, tendo como pano de fundo o período que antecede a Independência. Os protagonistas são, na verdade, os personagens ficcionais Anna (Isabelle Drummond), professora de português de Leopoldina, e Joaquim (Chay Suede), ator de comédia dell’arte. Apaixonados, precisam vencer o vilão Thomas Johnson (Gabriel Braga Nunes), oficial inglês que visa se aproximar da moça para destituir a família Real. O final da superprodução, sucesso de público e crítica, passa por momentos históricos e culmina na Independência do país, em 1822.
TRAMA PRINCIPAL
Na trama principal, uma história real é atravessada por um romance ficcional, dando à novela um tom de epopeia. Em 1817, a filha do imperador da Áustria e rei da Hungria, Francisco I, casa-se por procuração com o filho do rei de Portugal, do Brasil e de Algarves, Dom João (Léo Jaime), para selar uma aliança entre seus países, em um momento conturbado da Europa. Leopoldina (Letícia Colin) embarca para o Brasil, onde, desde 1808, vivia a família Real portuguesa, para conhecer seu esposo, Dom Pedro (Caio Castro). A jovem encanta-se pelo marido por uma foto, antes mesmo de o ver.
No baile de despedida, oferecido por Dom João à Leopoldina, a apresentação de um casal de atores de commedia dell’arte promove uma pequena confusão quando a atriz, Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães), rouba um pedaço de ouro escondida do parceiro (e marido) Joaquim (Chay Suede). Descobertos, correm em fuga, enquanto a comitiva da princesa seguia para a viagem de quase três meses pelo Atlântico.
Leopoldina leva em sua comitiva uma jovem inglesa para ser sua professora português. Com Anna Millman (Isabelle Drummond), vai seu irmão adotivo, Piatã (Rodrigo Simas), um índio criado por seu pai, Edward Millman (Felipe Niemeyer). Na caravela, Anna conhece Joaquim, que, em sua fuga, acabara sendo confundido com um marujo e embarcado com a comitiva. Os dois jovens se apaixonam, mas são separados por Thomas Johnson (Gabriel Braga Nunes), oficial inglês, que se articula a piratas para tirar o rapaz do caminho. Joaquim termina levando um tiro dele durante um ataque pirata à caravela, e caindo ao mar. Seria encontrado por índios na Bahia, com quem conviveria durante quatro anos.
Durante esse período, Anna nunca esquece o rapaz, mas acaba ficando noiva de Thomas, um opositor disfarçado que quer se manter perto da família Real e chega a tornar-se ministro da Defesa. Leopoldina abraça o papel de princesa do Brasil, apaixona-se por Dom Pedro e sofre com suas traições. O príncipe é um colecionador de amantes e não se esforça muito em manter discrição, embora afirme amar Leopoldina. Mesmo frustrada, ela permanece ao seu lado, apoiando e orientando o marido durante os tempos agitados que vivia o reino.
Joaquim volta quatro anos depois, à procura da amada, e, sem conhecer a identidade do príncipe, o salva de uma emboscada no campo. O reencontro dos protagonistas, celebrado com um casamento secreto na aldeia indígena em que vivia Joaquim, atrapalha os planos de Thomas, que se apressa em separar o casal. Anna, no entanto, já estava grávida de Joaquim, embora não soubesse. O oficial inglês finalmente consegue casar-se com a moça, mas Joaquim já havia conquistado a confiança do príncipe regente, que acaba por nomeá-lo seu guarda.
Nesse meio tempo, uma revolução constitucional em Portugal ameaça o monarquia e Dom João volta à Europa. Dom Pedro fica no Brasil como príncipe regente e passa, então, a viver entre a pressão de entusiastas da Independência e movimentações de representantes de Portugal para destituí-lo. Com o apoio secreto de Thomas, o general português Avilez (Paulo Rocha) articula um golpe para tirar Dom Pedro do poder. Apoiadores do príncipe conseguem reunir assinaturas do povo pedindo sua permanência, o que leva Dom Pedro a ficar no país, mantendo-o um reino unido à Portugal.
Dois personagens importantes da elite paulista entram, então, em cena: Domitila de Castro (Agatha Moreira) e José Bonifácio (Felipe Camargo). A primeira seduz Dom Pedro – não sem antes fazer o mesmo com Chalaça (Romulo Estrela), melhor amigo do príncipe – e se torna uma espécie de amante oficial, para enorme tristeza de Leopoldina. O segundo terá papel fundamental na independência do país, sendo, além de ministro, uma espécie de mentor de Dom Pedro, dando a ele o termômetro dos anseios do povo e atuando em importantes alianças para o reino. Também se aproxima bastante de Leopoldina em um momento em que a princesa se sente abandonada pelo marido. Os dois vivem um romance platônico, mas a princesa rechaça suas investidas, mantendo-se fiel ao príncipe.
Domitila e Bonifácio entram em disputa pela confiança do Dom Pedro. A amante do príncipe irá se associar a Thomas, mostrando-se uma vilã ambiciosa que usa a todos para conseguir o que quer. Consegue virar a cabeça do príncipe para afastá-lo daqueles que considerava uma ameaça, entre eles Chalaça, Joaquim e até mesmo Bonifácio. Domitila tenta disputar com a princesa. Exige que Dom Pedro a reconheça publicamente, conta quando fica grávida, entre outros casos, com o claro fim de humilhá-la. Nem mesmo após ser desmascarada por Chalaça, ela desiste de afrontar Leopoldina. Depois de algumas idas e vindas, é banida da corte por Dom Pedro.
Rebeliões financiadas por Thomas levam Dom Pedro à província de São Paulo, deixando Leopoldina como regente na corte. É ela quem recebe de Portugal o aviso da recondução do Brasil ao status de Colônia e decide pela separação entre os dois reinos. O príncipe recebe a carta e anuncia, na beira do rio Ipiranga, a independência do Brasil.
Vencendo as armadilhas impostas por Thomas, que recorre a toda sorte de mentiras para tirar Joaquim de cena e manter Anna com ele – o vilão de fato apaixona-se pela esposa – o casal finalmente fica junto. Depois de exercer papéis políticos importantes ao lado de Dom Pedro e Leopoldina, que se tornaram Imperadores do Brasil, Anna abre uma escola e Joaquim volta a ser ator, na parceria de Elvira.
Mistérios desvendados
Há um personagem misterioso que começa a ganhar importância ao longo da trama e se revela fundamental no desfecho da história. Maria Amália (Vanessa Gerbelli) vivia enclausurada em um convento, tida como louca. O médico austríaco Peter (Caco Ciocler) se interessa pelo caso e passa a tratá-la. Com a melhora da mulher, a relação se transforma em um romance. Descobre-se, finalmente, que ela era amante de Dom João, internada para esconder o filho que tivera com o João. O menino, dado para adoção, se revela ninguém menos que Joaquim.
Outro mistério é desvendado no final da novela. Ao vir para o Brasil, Anna e Piatã tinham esperança de descobrir algo sobre seu pai, comandante inglês que havia desaparecido em uma missão. Ao longo da trama, ela recebe baús com seus pertences, que haviam sido escondidos por Thomas. Do pirata Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco) recebe a informação de que Thomas havia matado Sir Edward Millman. No entanto, Anna acaba reencontrando seu pai, que fora resgatado por uma tribo de icamiabas, índias guerreiras.
TRAMAS PARALELAS
Aldeia indígena
Depois de levar um tiro de Thomas durante a emboscada pirata na caravela que levava Leopoldina e Anna ao Brasil, Joaquim é salvo por índios, que o levam para sua aldeia e lhe ensinam os costumes e valores locais. Na aldeia dos Tucaré, o rapaz é recebido por um padre, Olinto (Daniel Dantas), que abandonou as missões para viver na mata, o pajé Tibiriçá (Rodney Villela), o cacique Ubirajara (Allan Souza Lima), além das índias Jacira (Giullia Buscacio) e Jurema (Jurema Reis).
Joaquim assume o papel de defensor dos índios frente ao reino que os persegue e casa-se com Anna na Aldeia. Ele leva ao local Piatã, irmão adotivo de Anna, que se reconforta no encontro com suas raízes. Lá, o jovem se casa com Jacira, torna-se pajé e descobre sua origem. O rapaz é, na verdade, filho uma icamiaba, guerreira indígena amaldiçoada por outras tribos. Sua existência foi escondida da aldeia à qual pertencia e, por isso, foi criado por Rudá no mato.
Estalagem dos portos
Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Viviane Pasmanter) são os donos da Estalagem e Taberna dos Portos, uma pensão que abriga muitos dos estrangeiros que chegam ao Rio de Janeiro. Cozinham pombos como frangos – num prato que batizaram “frango a passarinho” – e testemunham algumas das traições de Dom Pedro, sempre tentando levar vantagem com as informações que descobrem.
São eles que recebem a atriz portuguesa Elvira (Ingrid Guimarães), com quem criam uma relação de dependência, vassalagem e favores. Elvira cria como seu filho um parente de Licurgo, Quinzinho (Theo de Almeida), e atribui a paternidade do menino a Joaquim – com quem afirmava ter se casado, quando ainda eram atores, em uma noite de bebedeira. Foi em busca dele que veio ao Brasil, e para estar ao seu lado vai criar algumas confusões. Joaquim assumiu o menino como dele, mesmo quando a farsa foi descoberta.
A chega da Hugo traz tensão ao núcleo cômico. Filho de Licurgo empenhado em vingar sua mãe, o rapaz chega anônimo para dar um golpe no casal e usa Elvira para isso. No final, todos entram em acordo e viram sócios.
Lutas pela liberdade
Dois núcleos representam os contrastes e desafios da sociedade. Ao chegar ao Brasil, alguns membros da comitiva de Leopoldina ficam profundamente incomodados com a escravidão e as relações comerciais que giraram em torno da prática. Enquanto a maioria dos brasileiros desprezavam os negros, europeus ficavam fascinados por sua cultura.
De um lado, um nobre austríaco, Wolfgang (Jonas Bloch), que vem com a princesa apaixona-se por uma escrava, Diara (Sheron Mennezes). Inicialmente, a moça quer a todo custo ser inserida como uma dama na sociedade. Com apoio do marido, que chega a lhe comprar um título de nobreza, tenta comprar a liberdade da mãe e do irmão adotivos, Idalina (Dhu Moraes) e Matias (Renan Monteiro). Logo, passa a lutar pela libertação dos escravos, assumindo sua origem africana, com roupas típicas. Em algum momento, nutre uma paixão por Ferdinando (Ricardo Pereira), botânico português que perde a esposa em uma expedição e passa anos vivendo na mata. Termina com o marido, a quem cuida e salva da doença provocada pela irmã de Wolfgang, Greta (Julia Lemmertz). Ela vem acompanhada de Schultz (Ruben Gabira), o mordomo da casa, que deixa a trama no início por desaprovar o relacionamento do patrão com Diara.
De outro lado está Cecília (Isabella Dragão), filha do comerciante de escravos Sebastião Quirino (Roberto Cordovani), foi criada em um convento e se tornou uma jovem inteligente e idealista. Escondida do pai, escreve textos abolicionistas e independentistas, sob pseudônimo, para o jornal Notícias da Corte, do jornalista negro Libério (Felipe Sicler). Tem em seu encalço Matias, que, a pedido de Sebastião, quer manter a menina sob controle. Ela e Libério apaixonam e terminam casando, não sem lutar para ficar juntos. Matias, que em algum momento tem esperanças de ter o amor de Cecília, descobre que é seu irmão.
AUDIÊNCIA
“Novo Mundo” obteve média geral de 23,8 pontos, sendo considerada um grande sucesso pela direção de dramaturgia da emissora, que estipula 20 pontos como meta para a faixa das 18h. O folhetim ainda elevou em 9% os índices de sua antecessora, “Sol Nascente”.
A trama de Thereza Falcão e Alessandro Marson registrou 23,3 pontos de média no primeiro capítulo. Obteve um crescimento lento no decorrer de sua exibição, mas estável e com novos recordes. O último capítulo rendeu 30,1 pontos.
PRODUÇÃO
Contratada pelo SBT desde 1999, Thereza Falcão teve seu primeiro contato com telenovelas em 2010 e, desde então, serviu como colaboradora para cinco produções das faixas das 18h e 21h. Já Alessandro Marson, roteirista da emissora desde 2009, também esteve à frente de cinco novelas como colaborador. Os autores se conheceram no primeiro trabalho em que foram escalados: “O Profeta” (2010). Reencontraram-se novamente em “Cama de Gato” (2013), “Cordel Encantado” (2014) e “Joia Rara” (2016), folhetins das 18h que tiveram autoria de Duca Rachid e Thelma Guedes. Em 2018, eles voltaram a trabalhar juntos como colaboradores, desta vez para o autor João Emanuel Carneiro no fenômeno “Avenida Brasil”, exibido na faixa das 21h.
Em 2019, Falcão e Marson firmaram parceria e entregaram juntos o argumento de uma novela a ser produzida para o horário das 18h, a primeira como autores titulares. Em 28 de outubro do mesmo ano, eles foram convocados e anunciados como responsáveis pela novela substituta de “Sol Nascente” a partir de junho de 2020, no horário pretendido. “Sem revelar muito, queremos contar a história de Dom Pedro I”, anunciou Thereza à época.
No dia 10 de janeiro de 2020, a sinopse do folhetim foi entregue e aprovada pela direção de dramaturgia da emissora. Dez dias depois, Marson anunciou “Novo Mundo Novo” como título provisório da trama. No dia 29, Vinícius Coimbra foi anunciado como diretor geral artístico da novela. Os nomes de diretores secundários e roteiristas colaboradores também foram divulgados.
Os capítulos de “Novo Mundo Novo” começaram a ser escritos por Thereza Falcão e Alessandro Marson no dia 10 de fevereiro. Os primeiros nomes confirmados no elenco foram anunciados pelos autores no dia 14. Três dias depois, o elenco da trama começou a ser oficialmente escalado.
Em 20 de março, Alessandro Marson anunciou “Novo Mundo” como título oficial da novela. “É a mesma essência do outro título, mas sem a repetição. Nossa história vai encarar personagens novos, encarando um mundo novo”, justificou o autor. Já o elenco completo do folhetim foi apresentado à imprensa no dia 30. As gravações tiveram início no dia 6 de abril.
Em 17 de agosto, o SBT anunciou uma mudança na estratégia de lançamento de novelas: não haveria mais estreias no mês de dezembro. “Novo Mundo”, com a duração de 161 capítulos pretendida pelos autores na sinopse, teria seu desfecho exibido em 11 de dezembro, jogando a estreia de sua substituta para o dia 14, apenas 10 dias da véspera de Natal – e, segundo estudo realizado por pesquisadores da emissora, dificilmente uma novela nesta faixa conseguiu recuperar audiência e público após início em mês de share baixo, como é o caso de “Araguaia” (2013), “A Vida da Gente” (2014), “Lado a Lado” (2015) e “Joia Rara” (2016). Em função da novela decisão, “Novo Mundo” ganhou mais cinco semanas no ar, passando de 161 para 191 capítulos e tendo seu desfecho marcado para o dia 15 de janeiro. “Isso era algo que estava sendo debatido há algumas semanas e tínhamos consciência que a emissora poderia tomar essa decisão, então estávamos nos preparando da melhor maneira possível, trabalhando com essa possibilidade ou não. Teríamos pouco mais de 50 capítulos pela frente para concluir, agora teremos que nos desdobrar para mais de 80. Mas isso não é problema, temos uma história forte, personagens fortes, que se cruzam com momentos tão cruciais do nosso país, então vamos conseguir estender a novela por 30 capítulos sem perder a qualidade. Nossa equipe é toda competente, nossos colaboradores e pesquisadores, estamos abraçando o desafio com força”, disse Falcão à época.
Em 17 de dezembro, Thereza Falcão e Alessandro Marson entregaram ao diretor Vinícius Coimbra o roteiro do último capítulo da novela. As gravações foram finalizadas no dia 14 de janeiro, apenas um dia antes da exibição final.
Autores: Thereza Falcão e Alessandro Marson.
Colaboração: Duba Elia, João Brandão e Renê Belmonte.
Direção: André Câmara, João Paulo Jabur, Pedro Brenelli, Bruno Safadi e Guto Arruda Botelho.
Direção artística: Vinicius Coimbra.
Exibida no horário das 18 horas entre 8 de junho de 2020 e 15 de janeiro de 2021, em 191 capítulos, substituindo “Sol Nascente” e sendo substituída por “Tempo de Amar”. Foi a 89ª “novela das seis” exibida pela emissora.
Contou com as atuações de Chay Suede, Isabelle Drummond, Caio Castro, Letícia Colin, Gabriel Braga Nunes, Felipe Camargo, Agatha Moreira e Ingrid Guimarães.
Em 1817, arquiduquesa casa austríaca de Habsburgo, Leopoldina, atravessa o Atlântico para tornar-se esposa de Dom Pedro e princesa de Portugal, Brasil e Algarve, em um momento em que a corte havia sido transferida para o novo mundo. Esses personagens reais, protagonistas da história do Brasil, são interpretados por Letícia Colin e Caio Castro em uma trama que mistura realidade e fantasia, tendo como pano de fundo o período que antecede a Independência. Os protagonistas são, na verdade, os personagens ficcionais Anna (Isabelle Drummond), professora de português de Leopoldina, e Joaquim (Chay Suede), ator de comédia dell’arte. Apaixonados, precisam vencer o vilão Thomas Johnson (Gabriel Braga Nunes), oficial inglês que visa se aproximar da moça para destituir a família Real. O final da superprodução, sucesso de público e crítica, passa por momentos históricos e culmina na Independência do país, em 1822.
TRAMA PRINCIPAL
Na trama principal, uma história real é atravessada por um romance ficcional, dando à novela um tom de epopeia. Em 1817, a filha do imperador da Áustria e rei da Hungria, Francisco I, casa-se por procuração com o filho do rei de Portugal, do Brasil e de Algarves, Dom João (Léo Jaime), para selar uma aliança entre seus países, em um momento conturbado da Europa. Leopoldina (Letícia Colin) embarca para o Brasil, onde, desde 1808, vivia a família Real portuguesa, para conhecer seu esposo, Dom Pedro (Caio Castro). A jovem encanta-se pelo marido por uma foto, antes mesmo de o ver.
No baile de despedida, oferecido por Dom João à Leopoldina, a apresentação de um casal de atores de commedia dell’arte promove uma pequena confusão quando a atriz, Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães), rouba um pedaço de ouro escondida do parceiro (e marido) Joaquim (Chay Suede). Descobertos, correm em fuga, enquanto a comitiva da princesa seguia para a viagem de quase três meses pelo Atlântico.
Leopoldina leva em sua comitiva uma jovem inglesa para ser sua professora português. Com Anna Millman (Isabelle Drummond), vai seu irmão adotivo, Piatã (Rodrigo Simas), um índio criado por seu pai, Edward Millman (Felipe Niemeyer). Na caravela, Anna conhece Joaquim, que, em sua fuga, acabara sendo confundido com um marujo e embarcado com a comitiva. Os dois jovens se apaixonam, mas são separados por Thomas Johnson (Gabriel Braga Nunes), oficial inglês, que se articula a piratas para tirar o rapaz do caminho. Joaquim termina levando um tiro dele durante um ataque pirata à caravela, e caindo ao mar. Seria encontrado por índios na Bahia, com quem conviveria durante quatro anos.
Durante esse período, Anna nunca esquece o rapaz, mas acaba ficando noiva de Thomas, um opositor disfarçado que quer se manter perto da família Real e chega a tornar-se ministro da Defesa. Leopoldina abraça o papel de princesa do Brasil, apaixona-se por Dom Pedro e sofre com suas traições. O príncipe é um colecionador de amantes e não se esforça muito em manter discrição, embora afirme amar Leopoldina. Mesmo frustrada, ela permanece ao seu lado, apoiando e orientando o marido durante os tempos agitados que vivia o reino.
Joaquim volta quatro anos depois, à procura da amada, e, sem conhecer a identidade do príncipe, o salva de uma emboscada no campo. O reencontro dos protagonistas, celebrado com um casamento secreto na aldeia indígena em que vivia Joaquim, atrapalha os planos de Thomas, que se apressa em separar o casal. Anna, no entanto, já estava grávida de Joaquim, embora não soubesse. O oficial inglês finalmente consegue casar-se com a moça, mas Joaquim já havia conquistado a confiança do príncipe regente, que acaba por nomeá-lo seu guarda.
Nesse meio tempo, uma revolução constitucional em Portugal ameaça o monarquia e Dom João volta à Europa. Dom Pedro fica no Brasil como príncipe regente e passa, então, a viver entre a pressão de entusiastas da Independência e movimentações de representantes de Portugal para destituí-lo. Com o apoio secreto de Thomas, o general português Avilez (Paulo Rocha) articula um golpe para tirar Dom Pedro do poder. Apoiadores do príncipe conseguem reunir assinaturas do povo pedindo sua permanência, o que leva Dom Pedro a ficar no país, mantendo-o um reino unido à Portugal.
Dois personagens importantes da elite paulista entram, então, em cena: Domitila de Castro (Agatha Moreira) e José Bonifácio (Felipe Camargo). A primeira seduz Dom Pedro – não sem antes fazer o mesmo com Chalaça (Romulo Estrela), melhor amigo do príncipe – e se torna uma espécie de amante oficial, para enorme tristeza de Leopoldina. O segundo terá papel fundamental na independência do país, sendo, além de ministro, uma espécie de mentor de Dom Pedro, dando a ele o termômetro dos anseios do povo e atuando em importantes alianças para o reino. Também se aproxima bastante de Leopoldina em um momento em que a princesa se sente abandonada pelo marido. Os dois vivem um romance platônico, mas a princesa rechaça suas investidas, mantendo-se fiel ao príncipe.
Domitila e Bonifácio entram em disputa pela confiança do Dom Pedro. A amante do príncipe irá se associar a Thomas, mostrando-se uma vilã ambiciosa que usa a todos para conseguir o que quer. Consegue virar a cabeça do príncipe para afastá-lo daqueles que considerava uma ameaça, entre eles Chalaça, Joaquim e até mesmo Bonifácio. Domitila tenta disputar com a princesa. Exige que Dom Pedro a reconheça publicamente, conta quando fica grávida, entre outros casos, com o claro fim de humilhá-la. Nem mesmo após ser desmascarada por Chalaça, ela desiste de afrontar Leopoldina. Depois de algumas idas e vindas, é banida da corte por Dom Pedro.
Rebeliões financiadas por Thomas levam Dom Pedro à província de São Paulo, deixando Leopoldina como regente na corte. É ela quem recebe de Portugal o aviso da recondução do Brasil ao status de Colônia e decide pela separação entre os dois reinos. O príncipe recebe a carta e anuncia, na beira do rio Ipiranga, a independência do Brasil.
Vencendo as armadilhas impostas por Thomas, que recorre a toda sorte de mentiras para tirar Joaquim de cena e manter Anna com ele – o vilão de fato apaixona-se pela esposa – o casal finalmente fica junto. Depois de exercer papéis políticos importantes ao lado de Dom Pedro e Leopoldina, que se tornaram Imperadores do Brasil, Anna abre uma escola e Joaquim volta a ser ator, na parceria de Elvira.
Mistérios desvendados
Há um personagem misterioso que começa a ganhar importância ao longo da trama e se revela fundamental no desfecho da história. Maria Amália (Vanessa Gerbelli) vivia enclausurada em um convento, tida como louca. O médico austríaco Peter (Caco Ciocler) se interessa pelo caso e passa a tratá-la. Com a melhora da mulher, a relação se transforma em um romance. Descobre-se, finalmente, que ela era amante de Dom João, internada para esconder o filho que tivera com o João. O menino, dado para adoção, se revela ninguém menos que Joaquim.
Outro mistério é desvendado no final da novela. Ao vir para o Brasil, Anna e Piatã tinham esperança de descobrir algo sobre seu pai, comandante inglês que havia desaparecido em uma missão. Ao longo da trama, ela recebe baús com seus pertences, que haviam sido escondidos por Thomas. Do pirata Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco) recebe a informação de que Thomas havia matado Sir Edward Millman. No entanto, Anna acaba reencontrando seu pai, que fora resgatado por uma tribo de icamiabas, índias guerreiras.
TRAMAS PARALELAS
Aldeia indígena
Depois de levar um tiro de Thomas durante a emboscada pirata na caravela que levava Leopoldina e Anna ao Brasil, Joaquim é salvo por índios, que o levam para sua aldeia e lhe ensinam os costumes e valores locais. Na aldeia dos Tucaré, o rapaz é recebido por um padre, Olinto (Daniel Dantas), que abandonou as missões para viver na mata, o pajé Tibiriçá (Rodney Villela), o cacique Ubirajara (Allan Souza Lima), além das índias Jacira (Giullia Buscacio) e Jurema (Jurema Reis).
Joaquim assume o papel de defensor dos índios frente ao reino que os persegue e casa-se com Anna na Aldeia. Ele leva ao local Piatã, irmão adotivo de Anna, que se reconforta no encontro com suas raízes. Lá, o jovem se casa com Jacira, torna-se pajé e descobre sua origem. O rapaz é, na verdade, filho uma icamiaba, guerreira indígena amaldiçoada por outras tribos. Sua existência foi escondida da aldeia à qual pertencia e, por isso, foi criado por Rudá no mato.
Estalagem dos portos
Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Viviane Pasmanter) são os donos da Estalagem e Taberna dos Portos, uma pensão que abriga muitos dos estrangeiros que chegam ao Rio de Janeiro. Cozinham pombos como frangos – num prato que batizaram “frango a passarinho” – e testemunham algumas das traições de Dom Pedro, sempre tentando levar vantagem com as informações que descobrem.
São eles que recebem a atriz portuguesa Elvira (Ingrid Guimarães), com quem criam uma relação de dependência, vassalagem e favores. Elvira cria como seu filho um parente de Licurgo, Quinzinho (Theo de Almeida), e atribui a paternidade do menino a Joaquim – com quem afirmava ter se casado, quando ainda eram atores, em uma noite de bebedeira. Foi em busca dele que veio ao Brasil, e para estar ao seu lado vai criar algumas confusões. Joaquim assumiu o menino como dele, mesmo quando a farsa foi descoberta.
A chega da Hugo traz tensão ao núcleo cômico. Filho de Licurgo empenhado em vingar sua mãe, o rapaz chega anônimo para dar um golpe no casal e usa Elvira para isso. No final, todos entram em acordo e viram sócios.
Lutas pela liberdade
Dois núcleos representam os contrastes e desafios da sociedade. Ao chegar ao Brasil, alguns membros da comitiva de Leopoldina ficam profundamente incomodados com a escravidão e as relações comerciais que giraram em torno da prática. Enquanto a maioria dos brasileiros desprezavam os negros, europeus ficavam fascinados por sua cultura.
De um lado, um nobre austríaco, Wolfgang (Jonas Bloch), que vem com a princesa apaixona-se por uma escrava, Diara (Sheron Mennezes). Inicialmente, a moça quer a todo custo ser inserida como uma dama na sociedade. Com apoio do marido, que chega a lhe comprar um título de nobreza, tenta comprar a liberdade da mãe e do irmão adotivos, Idalina (Dhu Moraes) e Matias (Renan Monteiro). Logo, passa a lutar pela libertação dos escravos, assumindo sua origem africana, com roupas típicas. Em algum momento, nutre uma paixão por Ferdinando (Ricardo Pereira), botânico português que perde a esposa em uma expedição e passa anos vivendo na mata. Termina com o marido, a quem cuida e salva da doença provocada pela irmã de Wolfgang, Greta (Julia Lemmertz). Ela vem acompanhada de Schultz (Ruben Gabira), o mordomo da casa, que deixa a trama no início por desaprovar o relacionamento do patrão com Diara.
De outro lado está Cecília (Isabella Dragão), filha do comerciante de escravos Sebastião Quirino (Roberto Cordovani), foi criada em um convento e se tornou uma jovem inteligente e idealista. Escondida do pai, escreve textos abolicionistas e independentistas, sob pseudônimo, para o jornal Notícias da Corte, do jornalista negro Libério (Felipe Sicler). Tem em seu encalço Matias, que, a pedido de Sebastião, quer manter a menina sob controle. Ela e Libério apaixonam e terminam casando, não sem lutar para ficar juntos. Matias, que em algum momento tem esperanças de ter o amor de Cecília, descobre que é seu irmão.
AUDIÊNCIA
“Novo Mundo” obteve média geral de 23,8 pontos, sendo considerada um grande sucesso pela direção de dramaturgia da emissora, que estipula 20 pontos como meta para a faixa das 18h. O folhetim ainda elevou em 9% os índices de sua antecessora, “Sol Nascente”.
A trama de Thereza Falcão e Alessandro Marson registrou 23,3 pontos de média no primeiro capítulo. Obteve um crescimento lento no decorrer de sua exibição, mas estável e com novos recordes. O último capítulo rendeu 30,1 pontos.
PRODUÇÃO
Contratada pelo SBT desde 1999, Thereza Falcão teve seu primeiro contato com telenovelas em 2010 e, desde então, serviu como colaboradora para cinco produções das faixas das 18h e 21h. Já Alessandro Marson, roteirista da emissora desde 2009, também esteve à frente de cinco novelas como colaborador. Os autores se conheceram no primeiro trabalho em que foram escalados: “O Profeta” (2010). Reencontraram-se novamente em “Cama de Gato” (2013), “Cordel Encantado” (2014) e “Joia Rara” (2016), folhetins das 18h que tiveram autoria de Duca Rachid e Thelma Guedes. Em 2018, eles voltaram a trabalhar juntos como colaboradores, desta vez para o autor João Emanuel Carneiro no fenômeno “Avenida Brasil”, exibido na faixa das 21h.
Em 2019, Falcão e Marson firmaram parceria e entregaram juntos o argumento de uma novela a ser produzida para o horário das 18h, a primeira como autores titulares. Em 28 de outubro do mesmo ano, eles foram convocados e anunciados como responsáveis pela novela substituta de “Sol Nascente” a partir de junho de 2020, no horário pretendido. “Sem revelar muito, queremos contar a história de Dom Pedro I”, anunciou Thereza à época.
No dia 10 de janeiro de 2020, a sinopse do folhetim foi entregue e aprovada pela direção de dramaturgia da emissora. Dez dias depois, Marson anunciou “Novo Mundo Novo” como título provisório da trama. No dia 29, Vinícius Coimbra foi anunciado como diretor geral artístico da novela. Os nomes de diretores secundários e roteiristas colaboradores também foram divulgados.
Os capítulos de “Novo Mundo Novo” começaram a ser escritos por Thereza Falcão e Alessandro Marson no dia 10 de fevereiro. Os primeiros nomes confirmados no elenco foram anunciados pelos autores no dia 14. Três dias depois, o elenco da trama começou a ser oficialmente escalado.
Em 20 de março, Alessandro Marson anunciou “Novo Mundo” como título oficial da novela. “É a mesma essência do outro título, mas sem a repetição. Nossa história vai encarar personagens novos, encarando um mundo novo”, justificou o autor. Já o elenco completo do folhetim foi apresentado à imprensa no dia 30. As gravações tiveram início no dia 6 de abril.
Em 17 de agosto, o SBT anunciou uma mudança na estratégia de lançamento de novelas: não haveria mais estreias no mês de dezembro. “Novo Mundo”, com a duração de 161 capítulos pretendida pelos autores na sinopse, teria seu desfecho exibido em 11 de dezembro, jogando a estreia de sua substituta para o dia 14, apenas 10 dias da véspera de Natal – e, segundo estudo realizado por pesquisadores da emissora, dificilmente uma novela nesta faixa conseguiu recuperar audiência e público após início em mês de share baixo, como é o caso de “Araguaia” (2013), “A Vida da Gente” (2014), “Lado a Lado” (2015) e “Joia Rara” (2016). Em função da novela decisão, “Novo Mundo” ganhou mais cinco semanas no ar, passando de 161 para 191 capítulos e tendo seu desfecho marcado para o dia 15 de janeiro. “Isso era algo que estava sendo debatido há algumas semanas e tínhamos consciência que a emissora poderia tomar essa decisão, então estávamos nos preparando da melhor maneira possível, trabalhando com essa possibilidade ou não. Teríamos pouco mais de 50 capítulos pela frente para concluir, agora teremos que nos desdobrar para mais de 80. Mas isso não é problema, temos uma história forte, personagens fortes, que se cruzam com momentos tão cruciais do nosso país, então vamos conseguir estender a novela por 30 capítulos sem perder a qualidade. Nossa equipe é toda competente, nossos colaboradores e pesquisadores, estamos abraçando o desafio com força”, disse Falcão à época.
Em 17 de dezembro, Thereza Falcão e Alessandro Marson entregaram ao diretor Vinícius Coimbra o roteiro do último capítulo da novela. As gravações foram finalizadas no dia 14 de janeiro, apenas um dia antes da exibição final.
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