segunda-feira, 5 de agosto de 2002

EXPLODE CORAÇÃO (2002)


Explode Coração” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
 
Autoria: Glória Perez.
Direção: Dennis Carvalho, Ary Coslov, Gracindo Júnior e Carlos Araújo.
Direção geral: Dennis Carvalho.
Direção artística: Paulo Ubiratan.
 
Exibida na faixa das 21h entre 5 de agosto de 2002 e 31 de janeiro de 2003, em 155 capítulos, sucedendo “A Próxima Vítima” e antecedendo “O Fim do Mundo”. Foi a 51ª “novela das nove” exibida pela emissora.
 
Em exibição no “Vale a Pena Ver de Novo”, na faixa das 17h, desde 6 de fevereiro de 2023, sucedendo “Celebridade”.
 
TRAMA PRINCIPAL
 
As famílias Sbano e Nicolich, seguindo os tradicionais costumes do povo cigano, fizeram um contrato de casamento para seus filhos Dara (Tereza Seiblitz) e Igor (Ricardo Macchi) quando os dois ainda eram crianças. Explode Coração tem início com a iminente chegada do noivo, que vem da Espanha para a realização do casamento. Todos aguardam ansiosos pelo enlace, menos Dara, que não quer saber do compromisso assumido. A filha do rico comerciante Jairo (Paulo José) e da passional e alegre Lola (Eliane Giardini) quer mais do que estudar apenas o suficiente para aprender a ler, escrever e fazer contas, destino reservado às mulheres ciganas.
 
Diferentemente da irmã mais nova, Ianca (Leandra Leal), Dara sonha trabalhar e ser independente, e faz cursinho pré-vestibular às escondidas. Tudo contra a vontade do pai, extremamente conservador e comprometido com as tradições ciganas. Seus futuros sogros, Pepe (Stênio Garcia) e Luiza (Ester Góes), nem imaginam os anseios da nora. Dara vive sob a tensão de ter sua origem descoberta pelos amigos e ser apanhada em flagrante. Na esteira desses conflitos entre futuro e passado, inovação e tradição, Dara inicia uma relação pela internet com o empresário Júlio Falcão (Edson Celulari). Virtualmente, os dois se envolvem cada dia mais. Ele vive um casamento de fachada com Vera (Maria Luisa Mendonça). Depois que se conhecem pessoalmente e se apaixonam, os dois encontram obstáculos ainda mais difíceis: a cultura milenar do povo cigano e as tradições da família de Júlio. Juntos, eles lutam contra todos, inclusive a interferência incessante de Igor e Vera.
 
A aventura de Dara só é possível graças à Odaísa (Isadora Ribeiro), a empregada da família, que sente pena da moça e não consegue fazer o papel de vigia e babá que lhe é conferido por Jairo. Por outro lado, Dara tem como entrave a irmã Ianca, que sonha casar-se logo. Desesperada porque na tradição cigana a mais nova só se casa depois da mais velha, a menina faz de tudo para que Dara concretize sua união com Igor o mais rápido possível.
 
Antes de conhecer Júlio, Dara foge de Igor e acaba se envolvendo com Serginho (Rodrigo Santoro), um colega de faculdade apaixonado por ela. Na família de Serginho, Dara conhece Augusto (Elias Gleizer), por quem passa a cultivar um grande afeto e a quem começa a tratar como avô. Augusto se sente muito mal na casa do filho, o padrasto de Serginho, e recupera a alegria de viver no convívio com a jovem cigana, acostumada a reverenciar os mais velhos. Através dessas relações, a jovem mostra a todos que é muito ligada aos valores ciganos, apesar de estar em conflito com a família. Dara não deseja negar sua origem: ela quer casar-se virgem, adora as músicas e as danças de seu povo, orgulha-se de suas raízes e emociona-se com as profecias de seu avô Mio (Ivan de Albuquerque): só não concorda com a falta de liberdade que lhe impõem.
 
Após enfrentar muitos problemas, entre eles a solidão, Dara cede aos apelos da família e se casa com Igor, embora grávida de Júlio. Na cultura cigana, no dia do casamento a noiva deve dar uma prova de sua virgindade. Ciente da situação de Dara, Igor promete que, apesar de casados, não a tocará. E, para ajudá-la a forjar a falsa prova diante de sua comunidade, faz um corte no próprio pulso e suja a saia da amada de sangue. Dara permanece casada com Igor até o último capítulo da novela, quando dá à luz o filho. O parto, realizado numa praia, é acompanhado por Igor, que leva Dara e a criança ao encontro de Júlio, e parte para sempre.
 
TRAMAS PARALELAS
 
Tradição
A maioria dos encontros do núcleo cigano acontece nas tendas de Mio (Ivan Albuquerque), patriarca da família de Dara (Tereza Seiblitz), ou de Soraya (Laura Cardoso), matriarca da família de Igor (Ricardo Macchi). Reverenciados pelas famílias, são velhos ciganos que repudiam as moradias fixas. Ambos são fortes, autoritários e perspicazes, e dão a última palavra na maioria das questões em que os ciganos estão envolvidos. Mas, apesar de muito sábios, não sabem lidar com a paixão que sentem um pelo outro. Somente no último capítulo eles assumem que se amam.
 
No final da trama, Soraya (Laura Cardoso) desiste de se casar com Augusto (Elias Gleizer) e vai embora com seu grande amor, Mio (Ivan de Albuquerque).
 
Amor não tem idade
Uma das tramas de destaque de “Explode Coração” foi o romance do casal Serginho (Rodrigo Santoro) e Beth (Renée de Vielmond). Ela é ex-mulher do padrasto dele e cerca de 20 anos mais velha que o rapaz. Os dois vivem os problemas e as inseguranças da diferença de idade, e o medo de assumir o romance. A relação causou polêmica. No final da novela, Beth engravida, e os dois terminam felizes.
 
Humor
O estreante Floriano Peixoto foi uma atração à parte no papel do travesti Sarita Witt, que comoveu e divertiu os telespectadores. Já Regina Dourado e Rogério Cardoso interpretaram o hilário casal Lucineide e Salgadinho, garantindo momentos de muito humor à trama.
 
AUDIÊNCIA
 
Explode Coração” foi considerada um sucesso quando exibida em 2002. Obteve média geral de 47,4 pontos – ante 47,6 de sua antecessora. O folhetim alcançou 47 pontos em sua estreia, sendo este o pior desempenho desde “Irmãos Coragem”, em 1977. O último capítulo rendeu 60 pontos ao SBT.
 
PRODUÇÃO
 
Explode Coração” foi a primeira novela gravada do início ao fim nos estúdios da Central SBT de Produção, o Projac, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio de Janeiro), onde foi construída sua cidade cenográfica. Foi na mansão em que Júlio (Edson Celulari) vivia com a família que o presidente das Organizações SBT, Roberto Marinho, bateu a claquete de inauguração do Projac, concebido para introduzir na televisão o processo empresarial da indústria cinematográfica, concentrando num só local o maior número de etapas de uma produção. O cenário da inauguração oficial do Projac tornou-se histórico por isso e por ter sido o primeiro a permanecer montado durante uma novela inteira.
 
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
 
Em dado momento da trama, modificou-se o figurino dos ciganos, considerado exagerado e estereotipado. Como não se tratava de ciganos nômades, mas ricos, moradores de bairros de classe alta que se dedicavam à indústria e ao comércio, os personagens passaram a se vestir como pessoas comuns, e os trajes típicos passaram a ser usados apenas em cenas de festas e rituais.
 
Também fez sucesso na novela o figurino da personagem de Maria Luisa Mendonça, Vera, que vestia roupas sofisticadas e usava um colar de três fios de ouro que virou uma coqueluche.
 
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS
 
O romance de Dara e Júlio cedeu espaço na trama para uma campanha de utilidade pública. A autora Glória Perez incluiu na novela temas como a exploração do trabalho infantil e o desaparecimento de crianças. Unindo ficção e realidade, ela juntou na mesma cena as Mães da Cinelândia – como são chamadas as mulheres que dedicam suas vidas à busca dos filhos desaparecidos – e a personagem Odaísa (Isadora Ribeiro), que procurava o filho Gugu (Luiz Claudio Júnior). A repercussão foi surpreendente: mais de 60 crianças foram encontradas graças à exibição na novela de depoimentos de mães e fotos de filhos desaparecidos. O tema das crianças desaparecidas foi divulgado e debatido em programas de rádio e TV, e ganhou cobertura em matérias de jornais e revistas. A movimentação estimulou várias empresas a participar da campanha. Fotos de crianças desaparecidas passaram a ser impressas em bilhetes de loterias e em diversas embalagens. A questão gerou ainda uma campanha realizada no programa Fantástico, em 1998.
 
CURIOSIDADES
 
No Brasil, a internet ainda era pouco difundida e causou surpresa aos telespectadores. A possibilidade de contato entre duas pessoas através da rede mundial de computadores era uma grande novidade na época em que a novela foi exibida. Gloria Perez contou que chegou a ser ridicularizada quando propôs abordar o tema na novela.
 
Seguidora de um método de pesquisa que qualifica como antropológico, Gloria Perez conviveu com famílias ciganas antes de começar a escrever a novela, e assim pôde se inteirar sobre seus costumes. Também contou com a assessoria de ciganos para desenvolver a trama da personagem principal.
 
Gloria Perez já havia inovado antes, ao falar de inseminação artificial na novela “Barriga de Aluguel” (1993), quando o assunto ainda era nebuloso. O mesmo aconteceria em 2008, quando a autora apostou nas inovações científicas e tecnológicas para tratar da clonagem humana, na novela “O Clone”.
 
Explode Coração foi vendida para Bolívia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Romênia, Uruguai e Venezuela, entre outros países.
 
Para aprender os hábitos e costumes do povo cigano, os atores fizeram laboratório. Auxiliados pela jornalista Lúcia Abreu, que coordenou as pesquisas da novela, aprenderam danças e expressões em romanês, a língua cigana. Reza a tradição deste povo que todo conhecimento deve ser transmitido oralmente, por isso os personagens aparecem fazendo citações em sua língua.
 
Tereza Seiblitz ficou mais de um mês dedicada ao laboratório para compor sua personagem, Dara: conversou com ciganos, leu a respeito da cultura, participou de festas e chegou a ter aulas diárias de dança cigana.
 
As danças das personagens ciganas foram coordenadas pela coreógrafa Sandra Regina, que trabalha na coreografia de todos os núcleos de dança das novelas de Gloria Perez.
 
Em determinado momento da trama, Gracindo Júnior, que também participava da novela como ator, foi chamado para orientar e dirigir algumas cenas do núcleo dos ciganos.
 
Paulo José e Eliane Giardini, nos papéis de Jairo e Lola, destacaram-se no núcleo cigano da novela, assim como Stênio Garcia, intérprete do personagem Pepe.
 
A bailarina que aparece na abertura da novela é a atriz Ana Furtado, que depois veio a participar de novelas do SBT, além de tornar-se conhecida como repórter do Vídeo Show e do Big Brother Brasil.

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