O autor Carlos Romero não esperava que “Marimar”, sua primeira novela, fosse ser um sucesso absoluto de audiência. Responsável por reativar a faixa das 22h do SBT, inativa para novelas desde “Araponga”, em 1991, Romero se surpreendeu com os índices do folhetim registrados semana após semana.
A história, que não abordou temas sociais como a maioria das novelas da emissora, foi protagonizada por Thalía e Eduardo Capetillo, além de contar com Chantal Andere como a maquiavélica vilã. Na entrevista abaixo, o novelista comenta sobre sua criação e diz que a transformação da protagonista foi um grande acerto.
Qual é o seu balanço da novela?
“Extremamente positivo. ‘Marimar’ foi uma inovação. Foi uma novela diferente, mas folhetinesca, como deve ser. Aproveitamos bem nossas locações, no Ceará, depois na cidade de São Paulo, para depois ambientarmos grande parte em Santos e, no final, voltarmos ao Ceará, onde tudo começou. Desta vez, com felicidade, que faltou à Marimar quando a conhecemos. Idealizei uma novela e pude contá-la como ela nasceu, sem alterar absolutamente nada. Devo muito à liberdade do SBT e, claro, ao público da novela.”
Houve algum personagem, ou conflito, que caiu no gosto do público e você não imaginou que iria render repercussão?
“Quando anunciamos a novela, choveram comentários e pedidos para a Thalía ser a protagonista. Eu idealizei a sinopse da trama pensando nela o tempo todo e foi um alívio quando aceitou. Afinal, ela já tinha se mostrado uma atriz promissora no teatro e no cinema, era a chance de experimentar um produto tão popular como uma novela. Algumas pessoas foram contra e ela deu um show. O mesmo para a Chantal Andere. Não vejo outra pessoa fazendo a Angélica, mas recebemos muitas críticas das pessoas nas ruas. Eles queriam Beatriz Segall. Chantal deu um show também, hoje todos gostam dela.”
Como você faz pra dar espaço aos atores secundários?
“Tivemos poucos personagens em ‘Marimar’. Praticamente todas as histórias se interligavam. Todos os personagens se conheciam. Mudamos o núcleo principal pra São Paulo/Santos, mas ainda víamos os núcleos do Ceará, com a Angélica e posteriormente, Antonieta e Chuy. Eu dei o meu melhor para todos os personagens e não tive reclamações. Além disso, a direção da Beatriz Sheridan valorizou muito o meu roteiro, e ela contribui muito para um excelente clima no PROJAC. Eu acompanhei várias filmagens e pretendo continuar minha parceria com ela.”
“Marimar” também emplacou bem com o público infantil, mesmo sendo uma novela exibida tarde. Você tinha essa intenção ou isso acabou sendo uma surpresa? Você escreve pensando no público- alvo? E por fim, você conseguiu enxergar qual é o público de novelas do horário das 22h?
“Na verdade, eu não imaginava esse apelo infantil. Acho que o que contribuiu pra esse público sintonizar em ‘Marimar’ foi justamente a protagonista, que começou como uma menina humilde, pobre, e apaixonada. Simples, do interior. E vimos uma evolução incrível quando ela se muda pra SP, se transforma em um cisne. Uma menina educada, rica, que não esquece suas raízes. Devo isso também a Thalía, que interpretou essa personagem magistralmente. E acredito que o horário das 22h não tenha um público fixo. Ele vai pegar o que restar de quem estava assistindo a novela das 21h. Se o produto for bom o bastante, vai manter a audiência ou derrubar muito pouco. Há 13 anos não tínhamos novela na faixa, foi arriscado, e felizmente deu muito certo.”
A novela teve uma audiência surpreendente para o horário, principalmente em suas semanas finais. Você ficou contente com os índices?
“Eu sempre vou querer o melhor pra minha novela. Quando começamos, eu estava muito nervoso porque era a minha primeira trama, entrei em pânico no dia da estreia. É uma responsabilidade e tanto trazer novelas para determinada faixa horária, então acho que isso contribuiu um pouco mais para o meu pânico. E na audiência, fomos subindo e subindo. Eu não poderia estar mais contente.”
Quanto aos seus novos projetos: a sinopse da próxima novela já está em mãos? Ou o argumento, ao menos? Pretende fazer algo completamente diferente de “Marimar”?
“Eu tive a ideia para a próxima novela quando estava criando ‘Marimar’. Vou tirar férias e depois vou trabalhar imediatamente nessa trama. A emissora quer que seja a substituta de ‘Rebelde’, que estreia segunda, então tenho que agilizar.”
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