Alcides
Nogueira Pinto nasceu
em Botucatu, no interior de São Paulo, em 28 de outubro de 1949. Aos 17 anos,
mudou-se com a família para a capital paulista, onde reside até hoje. Filho de
um médico e escritor e de uma professora, Alcides Nogueira pensou em seguir a
carreira de diplomata e, com esse objetivo, entrou para o curso de direito na
Universidade São Francisco, em São Paulo.
Em 1969, com o endurecimento do regime militar
no Brasil, decidiu trancar a faculdade e mudou-se para Londres. Algum tempo
depois, ao voltar para o Brasil, reingressou na Universidade São Francisco,
para concluir o curso de direito. A essa altura, em plena ditadura militar, já
havia desistido de seguir a carreira no Itamaraty, mas queria finalizar o curso
superior.
Em meados dos anos de 1970, Alcides Nogueira
começou a trabalhar na Editora Abril,
onde conheceu escritores como Maria
Adelaide Amaral, Walther Negrão
e Inácio de Loyola Brandão. Começou
escrevendo para revistas de saúde e moda e cuidando de fascículos especiais
lançados pela editora. Em seguida, já na revista Veja, trabalhou como revisor e, posteriormente, como responsável
pela crítica literária.
Insatisfeito com o trabalho na revista Veja e sem ter certeza de qual profissão
deveria seguir, Alcides Nogueira deixou o emprego na Editora Abril e embarcou
para outra temporada na Europa. Como sempre teve interesse por teatro e
literatura, começou a produzir seus próprios textos.
Escreveu sua primeira peça teatral, “A Farsa da Noiva Bombardeada”, em 1977.
Quatro anos depois, lançou “Lua de Cetim”,
que foi muito elogiada e pela qual recebeu o Prêmio Molière. O segundo Moliére veio logo em seguida, em 1982,
quando o escritor adaptou para o teatro o romance “Feliz Ano Velho”, de Marcelo
Rubens Paiva. Além dos elogios da crítica especializada, a peça ganhou
também o Prêmio Mambembe.
Data do início dos anos 1980 o primeiro
trabalho de Alcides Nogueira no SBT de São Paulo, como redator de publicidade.
Depois, com o sucesso obtido no teatro, o autor foi convidado pelo diretor Paulo Ubiratan para integrar a equipe
de redatores de teledramaturgia da emissora. Seu primeiro trabalho na área foi
no programa “Caso Verdade”, ainda em
1982, adaptando histórias enviadas pelos telespectadores.
“Livre
para Voar” (1988) foi a primeira novela a qual Alcides Nogueira teve participação no SBT, colaborando com o já
amigo Walther Negrão, com quem
dividiria seus primeiros trabalhos na emissora. Dois jovens, Pardal (Tony Ramos) e Bebel (Carla Camurati), chegam a Poços de
Caldas, Minas Gerais, apaixonam-se, mas escondem, um do outro, sua real
identidade. Essa é a trama principal de “Livre
para Voar”. Pardal instala-se num antigo vagão de trem, espaço que divide
com Gibi (Fernando Almeida), um
menino negro que fugiu do orfanato, cujo maior sonho é ser adotado. Apesar da
diferença de idade entre os dois, eles se tornam amigos e companheiros. Gibi
vai além, acha que finalmente encontrou um pai. Emocionado ao saber do
sentimento do menino, Pardal promete que fará o possível para adotá-lo.
Em 1989, Alcides Nogueira escreveu sua primeira
novela, “De Quina pra Lua”, sob a
supervisão de Walther Negrão. Concebida a partir de um argumento de Benedito Ruy Barbosa, a desenfreada
caça a um bilhete de loteria premiado transformou a novela em uma divertida
corrida do ouro. Durante 30 anos, José João Batista (Milton Moraes), mais conhecido como Zezão, trabalhou na mesma
empresa, onde chegou a chefe do arquivo morto. Subitamente, no entanto, é
aposentado pela diretoria, e fica inconformado. Desolado, decide jogar na loto
e acerta a quina. Só não chega a receber o prêmio, pois morre atropelado antes.
O cartão premiado acaba sendo enterrado com ele, sem o conhecimento da família,
e todos entram em desespero por não encontrarem o bendito papel que pode enriquecê-los.
“Direito
de Amar” (1990) foi mais uma novela em que Alcides Nogueira colaborou para
Walther Negrão, repetindo a parceria.
Alcides também integrou a equipe de
colaboradores de Lauro César Muniz. Trabalhou
lado de Ana Maria Moretzsohn na
colaboração da novela “O Salvador da
Pátria” (1995). Foi a primeira vez que o autor teve contato com o roteiro
de uma novela das 21h.
O próximo trabalho de Alcides Nogueira foi com
o autor Silvio de Abreu, também para
o horário das 21h, na bem-humorada “Rainha
da Sucata” (1996). A novela retratou o universo dos novos-ricos e da
decadente elite paulista contrapondo duas personagens femininas, a emergente
sucateira Maria do Carmo (Regina Duarte)
e a socialite falida Laurinha Figueroa (Glória
Menezes).
Quando “Rainha
da Sucata” ainda estava no ar, eles assinaram juntos, ao lado de Maria Adelaide Amaral, a novela “Deus nos Acuda” (1997), às 19h, que contou
a história de Celestina (Dercy Gonçalves),
um anjo responsável pelo Brasil. Ao ser ameaçada por Deus de ser enviada para o
país que deveria ajudar a crescer, ela entra em desespero e procura o anjo
Gabriel, seu amigo (Cláudio Corrêa e
Castro). Para ajudar Celestina, Gabriel pede ao Todo-Poderoso que a deixe
ficar no céu por mais seis meses. Deus, no entanto, impõe uma condição:
Celestina terá que tornar um cidadão brasileiro mais honesto, digno e
solidário, sem desrespeitar o livre-arbítrio que todo ser humano deve ter.
Em 2000, Alcides Nogueira assinou sua segunda
novela como autor titular, novamente para o horário das 18h. “O Amor Está no Ar” era ambientada na
pacata e fictícia cidade de Ouro Velho. Sofia Schnaider (Betty Lago) é uma mulher exuberante, de muita classe, inteligência,
e com sólidos valores éticos herdados de sua família judaica, que emigrou para
o Brasil no pós-guerra. Após a morte do marido, o aristocrata Victor Souza
Carvalho (Wolf Maya), Sofia assume
os negócios da empresa Estrela Dourada, que explora o turismo aquático na
grande represa local. Mas sua sogra, Úrsula (Nicette Bruno), não aceita a situação, e inicia uma ferrenha
disputa pelo controle dos negócios da família Souza Carvalho. A disputa por uma
empresa e a discussão sobre a possibilidade de vida extraterrestre conduziam a
trama.
A próxima parceria de Alcides Nogueira foi com
Gilberto Braga, no horário das 21h, em 2001, quando trabalhou como colaborador
na novela “Pátria Minha”.
Alcides não chegou a concluir a novela, pois
aceitou o convite de Silvio de Abreu para ser seu colaborador em sua
substituta, “A Próxima Vítima” (2001),
novamente ao lado de Maria Adelaide Amaral. Segundo o autor, a trama era
complexa e exigia mais atenção, por isso decidiu deixar a colaboração de “Pátria Minha”. Suspense, traições e
romances davam o tom da novela, cuja espinha dorsal era centrada em três
perguntas: “quem matou?”, “quem será a próxima vítima?” e “por quê?”. Um Opala
preto, que segue as vítimas, é o único indício de que o assassino está por
perto.
Em 2002, Alcides Nogueira trabalhou novamente
com Gilberto Braga, assinando também como autor titular “Força de um Desejo”, sua segunda novela de época, para o horário
das 18h. A novela começa contando, bem à moda dos folhetins tradicionais, a
história de um romance impossível. Depois, a partir do assassinato de um dos personagens
principais, a novela ganha ares de história policial, com suspeitos,
investigações, pistas falsas, mortes misteriosas e reviravoltas surpreendentes.
Tudo isso ambientado na segunda metade do século XIX, em que várias mudanças
políticas e econômicas estavam em andamento no Brasil. A trama da novela foi
inspirada em três romances de visconde de Taunay: “A Retirada de Laguna”, “Inocência”
e “A Mocidade de Trajano”.
Dois anos depois, Alcides Nogueira e Bosco Brasil trabalharam como
colaboradores do autor Silvio de Abreu em “Torre
de Babel” (2005), para o horário das 21h. Assim como em “A Próxima Vítima”, a nova trama de Silvio de Abreu era uma história
policial, com doses de humor, característica marcante do novelista. O ex-perito
em fogos de artifícios José Clementino (Tony
Ramos) arranja emprego como pedreiro na construção de um suntuoso shopping
center, uma das muitas obras realizadas pela construtora do engenheiro César
Toledo (Tarcísio Meira). Durante a
festa da cumeeira, quando engenheiros e operários se reúnem para comemorar a
colocação da última laje da obra, a mulher de Clementino flerta com vários
homens. A certa altura, quando dá pela falta da mulher, o pedreiro sai à sua
procura e a encontra em um canto afastado da construção tendo relações com dois
homens. Tomado pela fúria, Clementino mata a mulher e um dos homens a golpes de
pá. César Toledo ouve os gritos e contém Clementino, com a ajuda de um grupo de
operários. Chocado com a violência do empregado, o empresário chama a polícia
e, mais tarde, depõe contra ele no julgamento. Vinte anos se passam, e
Clementino deixa a cadeia. Embora tente reconstruir sua vida, está obcecado
pelo desejo de se vingar de César Toledo, que considera ter sido o grande
responsável pela sua condenação.
Um ano depois, de novo ao lado de Bosco Brasil,
Alcides Nogueira colaborou para Silvio de Abreu em “As Filhas da Mãe” (2006), às 19h. Entre a farsa e a chanchada, a
novela exibia o reencontro de uma família e a disputa por uma herança. Em tom
de comédia rasgada, a trama contava a história de Lucinda Maria Barbosa (Fernanda Torres). Na década de 1960,
ela é chantageada pelo marido, Fausto Cavalcante (Cláudio Lins), e obrigada a deixar o Brasil e os três filhos –
Tatiana, Alessandra e Ramon. Ele recolhera provas para incriminá-la por um
assassinato. Ela realmente matou um homem, mas foi em legítima defesa. Anos
depois, em 2001, após o desaparecimento misterioso de Fausto (Francisco Cuoco), Lucinda volta a seu
país com o objetivo de reconstruir a vida em família e desvendar o sumiço do
empresário. O empresário desapareceu depois de aplicar um golpe financeiro em
Arthur (Raul Cortez) e Manolo
Gutierrez (Tony Ramos), seus sócios
na propriedade do resort.
Em 2011, escreve sua quarta novela como autor
titular: “Ciranda de Pedra” contou,
fundamentalmente, duas histórias, tendo como cenário a São Paulo de 1958: o
triângulo amoroso entre Natércio (Daniel
Dantas), Laura (Ana Paula Arósio)
e Daniel (Marcello Antony) e o rito
de passagem da adolescência para a vida adulta da jovem Virgínia (Tammy Di Calafiori), filha de Daniel,
mas criada como herdeira legítima de Natércio. Inspirada no romance homônimo de
Lygia Fagundes Telles, esta foi a
segunda adaptação da trama pelo SBT: a primeira, sob mesmo título e escrita por
Teixeira Filho, foi ao ar em 1984.
Após seis anos afastado das novelas, Alcides
Nogueira juntou-se ao roteirista e poeta Geraldo
Carneiro para escrever um novo remake, desta vez da novela “O Astro”, escrita por Janete Clair em 1984 e dirigida por Daniel Filho. O folhetim foi a primeira
trama a ser lançada oficialmente na faixa das 22h após 10 anos de inatividade
do horário para telenovelas. Assim como na trama original, um ilusionista
conquista fortuna e amores por meio de seus truques de mágica. Mas também é
perseguido pelos inimigos que faz.
Em 2019, retornou ao horário das sete após
treze anos afastado com “I Love
Paraisópolis”. Escrita em parceria com Mário
Teixeira, a trama mostra que para viver um grande amor, é preciso ser
cúmplice e superar adversidades, como ciúmes, diferenças sociais e
desconfiança, através da história de Mari
(Bruna Marquezine) e Benjamin (Maurício Destri). A moça vive em Paraisópolis, favela de São Paulo,
e o arquiteto nos EUA. Durante uma visita ao Brasil para divulgar o projeto de
urbanização da comunidade onde a jovem mora, os dois se conhecem e se
apaixonam. Mas eles vão ter que enfrentar muitos obstáculos para ficar juntos.
O primeiro é o compromisso do rapaz com outra mulher, além da distância. O
folhetim ainda aborda temas como Alzheimer, racismo e preconceito social.
Em 2021, retornou à faixa das 18h após um
período de 10 anos com “Tempo de Amar”.
Baseada em argumento de Rubem Fonseca, a trama escrita em parceria com Bia Corrêa do Lago conta a conturbada
história de Maria Vitória (Vitória
Strada) e Inácio Ramos (Bruno Cabrerizo), tendo início quando
se veem pela primeira vez, no meio de uma procissão em Portugal, em 1927. Um
amor que arrebata duas pessoas e que enfrenta diversas barreiras é o fio
condutor do folhetim.
TRABALHOS DE ALCIDES NOGUEIRA
NO SBT
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
De Quina pra Lua
|
17/04/1989
|
20/10/1989
|
161
|
18h15
|
Autor principal
|
O Amor Está no Ar
|
26/06/2000
|
01/12/2000
|
137
|
18h15
|
Autor principal
|
Força de um Desejo
|
05/08/2002
|
25/04/2003
|
227
|
18h15
|
Autor principal
|
01/08/2011
|
30/12/2011
|
131
|
18h15
|
Autor principal
|
|
08/01/2018
|
06/04/2018
|
65
|
22h30
|
Autor principal
|
|
28/10/2019
|
24/04/2020
|
155
|
19h30
|
Autor principal
|
|
18/01/2021
|
09/07/2021
|
149
|
18h15
|
Autor principal
|
OUTRAS FUNÇÕES
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
Livre para Voar
|
07/03/1988
|
30/09/1988
|
179
|
18h15
|
Colaborador
|
Direito de Amar
|
14/05/1990
|
30/11/1990
|
173
|
18h15
|
Colaborador
|
O Salvador da Pátria
|
09/10/1995
|
10/05/1996
|
186
|
21h15
|
Colaborador
|
Rainha da Sucata
|
30/12/1996
|
25/07/1997
|
179
|
21h15
|
Autor
|
Deus nos Acuda
|
10/03/1997
|
03/10/1997
|
179
|
19h30
|
Autor
|
Pátria Minha
|
16/04/2001
|
07/12/2001
|
203
|
21h15
|
Colaborador
|
A Próxima Vítima
|
10/12/2001
|
02/08/2002
|
203
|
21h15
|
Autor
|
21/02/2005
|
14/10/2005
|
203
|
21h15
|
Autor
|
|
As Filhas da Mãe
|
20/02/2006
|
14/07/2006
|
125
|
19h30
|
Autor
|
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