domingo, 6 de janeiro de 2019

SARAMANDAIA (2019)


Saramandaia” é uma mininovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.

Novela de Ricardo Linhares.
Baseada na obra de Dias Gomes.
Colaboração: Ana Maria Moretzsohn, Nelson Nadotti e João Brandão.
Direção: Natália Grimberg, Calvito Leal, Adriano Melo e Oscar Francisco.
Direção-geral: Denise Saraceni e Fabrício Mamberti.
Direção artística: Denise Saraceni.

Exibida na faixa das 22 horas entre 7 de janeiro e 22 de março de 2019, em 55 capítulos. Foi a 38ª “novela das dez” levada ao ar no horário.

Contou com Lilia Cabral, José Mayer, Débora Bloch, Gabriel Braga Nunes, Leandra Leal, Matheus Nachtergaele, Fernanda Montenegro e Tarcísio Meira nos papeis principais.

TRAMA PRINCIPAL

Inspirada na obra original de Dias Gomes, a novela de Ricardo Linhares traz de volta o realismo fantástico à teledramaturgia. Com apenas 55 capítulos e exibida no horário das 22h, a releitura apresenta os principais personagens exóticos que marcaram a versão de 1976, além de novas histórias e cidadãos de Bole-Bole, a fictícia cidade onde a trama se desenrola. Em 2019, o enredo foi usado para criticar a intolerância e o desrespeito à diversidade, enquanto na década de 1970 o alvo principal era a ditadura militar. Os personagens perderam o sotaque regional da primeira novela, mas mantiveram uma maneira distinta de falar. Homenageando outras obras de Dias Gomes, como “O Bem Amado”, os diálogos foram recheados de neologismos divertidos, como “conversório” ou “problemática”.

A trama começa com os cidadãos de Bole-Bole divididos em função de um plebiscito que pode trocar o nome da cidade para Saramandaia. Os tradicionais não querem o “mudancismo” e a juventude se diz “saramandista”. Por trás dessa briga há uma antiga disputa política e econômica entre duas famílias rivais, os Vilar e os Rosado. A votação foi proposta pelo vereador João Gibão (Sérgio Guizé) após um sonho onde a troca do nome seria o primeiro passo para modificações profundas na cidade. Gibão, um rapaz íntegro e honesto, sofre preconceito por ser diferente: ele tem uma corcunda e visões premonitórias. Logo no primeiro capítulo, o telespectador descobre que a protuberância em suas costas é um par de asas. Gibão nasceu assim e sua mãe Leocádia (Renata Sorrah) é a única que sabe de seu segredo. O homem que pode voar, teme revelar ser diferente e acaba cerceando sua própria liberdade. Ele nunca tira o gibão que esconde suas asas por medo de não ser aceito como realmente é.

O representante da tradição bolebolense é o ex-prefeito Zico Rosado (José Mayer). Zico é descendente dos fundadores de Bole-Bole e manter o nome da cidade é uma questão pessoal e comercial. O fazendeiro é dono de canaviais, de usina de açúcar e álcool e produz a cachaça Saramandaia. Ele não admite perder sua influência política para uma nova geração. Mesmo cometendo crimes para que sua vontade prevaleça, o ex-prefeito tem também um lado pitoresco: formigas saem do seu nariz quando ele fica nervoso.

Com a proximidade do plebiscito, os ânimos se exaltam e as discussões são constantes. A novela começa com uma passeata de saramandistas se formando no centro da cidade. Jovens com caras pintadas marcam pela internet um movimento para ocupar o coreto da praça. É a Primavera Saramandense!

Em meio à confusão, o bolebolense Seu Cazuza (Marcos Palmeira), dono da farmácia, se envolve em um bate-boca na pensão de Dona Risoleta (Debora Bloch) e põe, literalmente, o coração pela boca. Quando tenta engolir, o órgão vai parar do lado errado do peito e Seu Cazuza não resiste. Zico Rosado aproveita a passagem do cortejo, faz um discurso culpando os saramandistas pela morte de Seu Cazuza e começa a confusão. Enquanto isso, o caixão cai no chão e Seu Cazuza ressucita. É nesse momento que Vitória Vilar (Lilia Cabral) e seu filho mais novo Tiago (Pedro Tergolino) chegam à cidade. Zico e Vitória, que são de família rivais, tiveram um romance na juventude e se reencontram 30 anos depois.

De Bole-Bole a Saramandaia
O plebiscito proposto por João Gibão (Sérgio Guizé) atiça os ânimos da população e divide opiniões. Depois de passeatas e manifestações a favor da mudança do nome de Bole-Bole para Saramandaia, o líder bolebolense, Zico Rosado (José Mayer) resolve contra-atacar. Oferece um “mensalinho” para os vereadores votarem a favor de Bole-Bole, manda dona Redonda (Vera Holtz) escrever um falso dossiê contra João Gibão e ordena botar uma bomba no Centro Cívico Bolebolense para jogar a culpa nos saramandistas. Mas nada dá certo.

Um dos planos mais ousados foi ideia de seu afilhado, o trambiqueiro Carlito Prata (Marcos Pasquim). Ele põe um sistema de áudio escondido nas flores que rodeiam a imagem de Santo Dias – uma homenagem à Dias Gomes - e esconde gotas do próprio sangue na estátua. Numa missa de domingo, Carlito coloca o plano em prática. Simula a imagem do padroeiro da cidade falando Bole-Bole e derramando lágrimas de sangue. Mas a armação não vai muito longe. Um exame de DNA na “lágrima milagrosa” mostra que Carlito estava por trás da encenação.

No dia do plebiscito, Seu Encolheu (Matheus Nachtergaele) fica responsável pelas informações sobre a apuração. Bole-Bole sai na frente, mas Saramandaia vira o jogo e ganha a eleição. A juventude saramandense comemora. O novo nome inaugura um momento de paz e compreensão na cidade. João Gibão assume suas asas, a rivalidade entre as famílias Rosado e Vilar acaba, Aparadeira (Ana Beatriz Nogueira), que destilava todo seu veneno contra Gibão por não ser como os outros, volta a falar com sua família circense (sua mãe é a Mulher Barbada; o pai, o Anão Malabarista e o irmão, o Trapezista Fortão) e dois lindos bebês alados nascem na cidade. Viva a diferença!

Zico e Vitória
O ódio e o rancor de Zico (José Mayer) se desmancham ao primeiro encontro com Vitória (Lilia Cabral). Ela, que transpira muito e parece se derreter quando chega perto de Rosado, não resiste à sedução do antigo namorado e os dois acabam reatando o romance que tiveram na juventude. Vitória Vilar é uma empresária bem sucedida. Após se tornar viúva, ela deixa São Paulo e volta a Bole-bole para consertar um erro do passado e acabar com a rivalidade entre as famílias Vilar e Rosado. Entre idas e vindas, mentiras e revelações, Vitória e Zico chegam a pensar em ficar juntos. Mas a picuinha entre o Rosado e Zélia (Leandra Leal), filha mais velha de Vitória, persiste e separa, temporariamente, os amantes. Mulher firme, acostumada a mandar, Vitória também não suporta as armações e falcatruas do ex-prefeito, apesar de amá-lo.

Ao final da trama, Vitória revela que fugiu de Bole-Bole há 30 anos, quando ficou grávida de Zico, e que Zélia é filha dele. Depois de perder a confiança dos aliados e da família por causa de suas tramóias, Zico tenta se aproximar de Felipe, filho recém-nascido de Zélia, para fazer dele seu sucessor. Zélia não permite e Zico sequestra o neto, levando-o para a fazenda para criá-lo como um Rosado. Vitória intercede, salva Felipe, mas fica com Zico. Em uma alusão à derrocada da mentira, do preconceito e do próprio mal, a tradicional sede da fazenda, que teve as estruturas corroídas pelas formigas que saem do nariz de Zico Rosado, desaba, soterrando o casal de amantes. Eles se beijam e somem em meio aos escombros.

Os Vilar
Tibério (Tarcísio Meira) é o patriarca da família Vilar. Apegado às tradições e aos antepassados, criou raízes que o afixaram a uma poltrona na sala da sede de sua fazenda. A filha Vitória lhe deu três netos: Pedro (André Bankoff), Zélia (Leandra Leal) e Tiago (Pedro Tergolino). Pedro e Zélia moram na fazenda com Tibério e o avô se orgulha do gênio forte dos dois. Tiago, o mais novo, foi criado em São Paulo e volta a Bole-Bole com a mãe. Briguenta, Zélia luta contra a corrupção de Zico Rosado e seus seguidores. É veterinária e noiva do prefeito Lua Viana (Fernando Belo), que se esforça para ser apartidário, o que irrita a moça. Pedro, menos responsável, tem um namorico com Bia (Thaís Melchior), filha de Redonda (Vera Holtz) e Seu Encolheu (Matheus Nachtergaele), e também abraça a causa Saramandista. Os irmãos lideram o movimento pela troca do nome da cidade.

Tibério teve um romance com Candinha Rosado (Fernanda Montenegro) na juventude e nunca a esqueceu. A matriarca dos Rosado também não. Ela guarda no pingente em seu colar uma foto do amado. Com a ajuda dos netos, os dois se reencontram e terminam juntos. Um beijo os transforma em uma linda e frondosa árvore.

Zélia engravida e nem isso a impede de se estressar com as questões políticas da família. João Gibão (Sergio Guizé), irmão de Lua, tem um pressentimento em relação ao sobrinho. Quando a criança nasce com asas, como ele, João revela seu segredo. Apesar de saudável, a criança precisa ir ao hospital receber uma transfusão de sangue. E é nesse momento que Zélia fica sabendo que Zico é seu pai. No hospital, Zico, o único que tem o mesmo tipo sanguíneo de Felipe, doa sangue para o neto e descobre sua peculiaridade. Impressionado, resolve sequestrar o bebê, “tratar” suas asas e criá-lo como um Rosado. Vitória salva o neto, mas acaba morrendo junto com Zico no desmoronamento da casa dos Rosado.

Os Rosado
Os Rosado são descendentes dos fundadores de Bole-Bole e durante anos foram poderosos politicamente. Mas, os tempos mudaram, e Zico, que foi algumas vezes prefeito da cidade, perdeu para Lua Viana (Fernando Belo) nas eleições. O Rosado faz de tudo para tentar manter seu prestígio político. Até trapacear, chantagear e oferecer “mensalinho” aos vereadores.

A viúva Candinha (Fernanda Montenegro), matriarca dos Rosado, sofre com a guerra entre as famílias. Seu filho Zico herdou o ódio contra os Vilar. Ele é casado, mas não ama a esposa Helena (Ângela Figueiredo), com quem teve dois filhos: José Mário, que foi morto em uma emboscada e deixou uma filha ainda bebê chamada Stela (Laura Neiva), e Laura (Lívia de Bueno). Laura se envolve com o médico da cidade, doutor Rochinha (André Frateschi), mas o abandona no dia do casamento. Em segredo, foge da cidade com Carlito Prata (Marcos Pasquim), empresário ganancioso, afilhado e braço direito de Zico. Junto com seu padrinho, Carlito articula as piores armações para conseguir mais votos para Bole-Bole no plebiscito. Carlito engana Laura e a abandona no Rio de Janeiro. Mesmo brigada com o pai, ela volta a Bole-Bole, depois de descobrir que está doente.

Candinha (Fernanda Montenegro) passa os dias em casa. Trata a nora Helena (Angela Figueiredo) com ironia e conversa com suas galinhas imaginárias. Não pense que ela está gagá. A matriarca é intuitiva e sabe de tudo que acontece. Até do namoro entre a bisneta Stela (Laura Neiva) e Tiago Vilar (Pedro Tergolina). A bisneta é o xodó da família e foi criada pelos avôs, Helena e Zico, depois que seu pai, Zé Mário, morreu. Stela acredita que sua mãe faleceu no parto. No final da trama, descobre que é filha da prostituta Risoleta (Debora Bloch) com Zé Mario. O casal ia fugir com a menina quando o filho de Zico Rosado é assassinado numa emboscada. Com medo, Risoleta abandona Stela com os avós. A garota cresce e percebe que tem um dom: suas lágrimas são capazes de ressuscitar qualquer um. Stela mantém a habilidade em segredo por não entender o que se passa com ela.

Amor entre gerações
O confronto é permanente entre Zico (José Mayer) e Zélia Vilar (Leandra Leal), uma das líderes do movimento Saramandista, veterinária e esposa do prefeito Lua Viana (Fernando Belo). Zélia é a terceira geração da família Vilar que vive em pé de guerra com os Rosado. Tudo começou com desavenças entre os patriarcas Tibério Vilar (Tarcísio Meira) e o marido de Candinha Rosado (Fernanda Montenegro). A guerra entre as famílias faz vítimas dos dois lados. Da segunda geração, apenas Zico e Vitória Vilar (Lilia Cabral) sobrevivem. Eles se apaixonam na adolescência e desistem de seguir o trágico destino traçado por seus pais. Mas o romance não persiste. Vitória abandona Zico e vai morar em São Paulo. Apesar do rancor e ódio que o Rosado diz sentir por Vitória, ele ainda a ama. A volta de Vitória a Bole-Bole reacende a paixão entre os dois.

Com o desenvolvimento da trama o amor vence as desavenças entre os Rosado e os Vilar. Os segredos vão sendo deixados de lado. Tudo começou com Candinha (Fernanda Montenegro) e Tibério (Tarcísio Meira). Os dois nasceram e cresceram convivendo com o ódio entre as famílias, mas mesmo assim se apaixonam. A rivalidade entre os clãs separa o casal na juventude, mas Tibério promete voltar para buscar a amada e fugir com ela. Candinha espera o homem de sua vida por décadas, sem perder as esperanças. Com a ajuda de seus bisnetos, que os colocam para conversar pela internet, os dois marcam um encontro. Tibério se livra das raízes que criou e vai ver Candinha. Depois de juras de amor, um beijo apaixonado une os dois para sempre. O casal cria raízes, tronco, folhas e o amor é imortalizado em uma árvore.

Além do envolvimento de Zico (José Mayer) e Vitória (Lilia Cabral), Tiago (Pedro Tergolina), filho mais novo de Vitória, e Stela (Laura Neiva), neta de Zico, também se apaixonam. Quando Zico descobre o namoro dos dois, resolve mandar Stela estudar no exterior. Mas isso não impede o romance. Eles decidem fugir e acabam sofrendo um acidente de carro. Stela se desespera ao ver Tiago morto, chora, e suas lágrimas milagrosas fazem seu amado voltar a viver. Os dois, então, seguem para São Paulo. Quando voltam a Saramandaia, Helena (Angela Figueiredo) conta à Stela que ela é filha de Risoleta (Debora Bloch). Stela e Tiago também acabam juntos.

TRAMAS PARALELAS

Personagens fantásticos e novas histórias
Os tipos exóticos fazem de Saramandaia uma cidade única. Ricardo Linhares, fã do realismo fantástico, já havia trabalhado com o tema em produções como “Pedra Sobre Pedra” (1998), “Fera Ferida” (2000) e “A Indomada” (2003). Na versão de 2019, o autor manteve os principais personagens mágicos da novela original, de 1976, e adicionou à história mais cidadãos com dons especiais.

Os novos saramandenses são: Vitória (Lilia Cabral) literalmente se derrete pelo amado, Zico Rosado (José Mayer); Tibério (Tarcisio Meira), o patriarca dos Vilar, criou raízes que o prendem a uma poltrona; Candinha (Fernanda Montenegro), a matriarca dos Rosado, cria galinhas imaginárias e Stela (Laura Neiva) chora lágrimas que curam e até fazem ressuscitar.

Ricardo Linhares conta, em entrevista, que modificou a trama e substituiu a família Tavares pelos Vilar. Os personagens Tibério e Vitória não existiam na versão original. O romance entre os Rosado e os Vilar também é novidade. Na década de 1970, a personagem Candinha (Maria Veloso) era surda, esclerosada e matriarca dos Tavares. Quase 40 anos depois, o autor mudou a mulher de família e ela passou a ser a mãe de Zico Rosado (José Mayer). Apesar de criar e conversar com galinhas imaginárias Dona Candinha sabia de tudo o que acontecia na família.

A maioria dos personagens que ajudaram a tornar a novela um clássico da teledramaturgia brasileira continuaram na nova versão. Suas esquisitices ganharam vida por meio de efeitos especiais feitos, em grande parte, por computação gráfica. Algumas histórias também foram atualizadas como a do personagem Belisário. Na primeira versão, ele era apenas uma cabeça mumificada. Na releitura, a cabeça sem corpo do pai do professor Aristóbulo ganhou a interpretação do ator Luiz Henrique Nogueira.

Os personagens fantásticos que foram mantidos são:
Zico Rosado (José Mayer), que põe formigas pelo nariz quando fica nervoso; Dona Redonda (Vera Holtz), que explode de tanto comer; professor Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes), que se transforma em lobisomem nas noites de quinta-feira; Seu Encolheu (Matheus Nachtergaelle), que consegue fazer a previsão do tempo de acordo com a dor que sente nos ossos; Belisário (Luiz Henrique Nogueira), que é pai de Aristóbulo, foi “despescoçado” em um duelo e sua cabeça vive dentro de uma redoma de vidro; Marcina (Chandelly Braz), que arde de paixão por Gibão e João Gibão (Sérgio Guizé), que tem um par de asas.

O lobisomem e a prostituta
Loquaz, culto e incorruptível, professor Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes), o orador oficial de Saramandaia, sofre de insônia há mais de 10 anos. Sétimo filho depois de seis irmãs, ele se transforma em lobisomem nas noites de quinta para sexta-feira. Envergonhado, esconde sua condição, mas atrai a curiosidade de Risoleta (Debora Bloch), a dona da pensão. Depois de vê-lo se transformar em lobo, ela se apaixona e o amor entre os dois acaba curando a interminável falta de sono do professor. A mãe dele, Dona Pupu (Aracy Balanian) e o pai Belisário, que tem apenas a cabeça, mas se manifesta por meio de sorrisos e olhares, apoiam o romance.

A personagem Risoleta guarda um segredo. Ela foi casada com José Mário, filho de Zico Rosado (José Mayer), e é mãe de Stela (Laura Neiva). Na época em que ela ficou grávida, Zico não aceitou a união dos dois, porque Risoleta era uma prostituta. Ele manda eliminar a nora, mas o capanga Firmino (Val Perre), erra o alvo e mata Zé Mário por engano.

Anos depois, os fatos do passado são esclarecidos. Risoleta e Aristóbulo se casam na igreja com a benção de Stela.

Marcina, Seu Cazuza e Aparadeira
Os bolebolenses convictos Maria Aparadeira (Ana Beatriz Nogueira) e Seu Cazuza (Marcos Palmeira) são os pais de Marcina (Chandelly Braz). A jovem, que provoca queimaduras com o calor do corpo, é apaixonada por João Gibão, vereador que propôs o plebiscito para trocar o nome da cidade. Seu Cazuza é dono da farmácia da cidade, não concorda com as ideias políticas de Gibão, mas não tem nada contra o saramandense. Já Aparadeira odeia o genro. Chama ele de “aleijão”, por causa da corcunda, e faz de tudo para que Marcina desista do romance.

Aparadeira é parteira, mas trabalha na farmácia do marido porque a maioria das mulheres têm os filhos no hospital da cidade vizinha, Serro Azul. Preconceituosa, fofoqueira, defensora ferrenha dos valores e interesses tradicionais da cidade, Aparadeira tem uma implicância declarada por Gibão. Acha que ele é culpado por tudo o que acontece de ruim em Saramandaia.

Seu Cazuza é um homem pacato, mas perde a paciência quando o assunto é a troca do nome da cidade. Quando sofre um forte estresse durante uma discussão o coração dele quase sai pela boca! É um Deus nos acuda para segurar o queixo, apertar os lábios e engolir o órgão. No início da novela ele é dado como morto, por um momento, quando não consegue evitar o incidente. No velório, a surpresa. O caixão cai no chão, o coração volta para o lugar e Seu Cazuza ressuscita. Apesar de amar a esposa, ele não aceita o comportamento dela.

Dona Redonda e Seu Encolheu
Com mais de 250 quilos, Bole-Bole treme com os pesados passos de Evangelina, mais conhecida como Dona Redonda (Vera Holtz). Exagerada e escandalosa, Redonda mostra seu lado amoroso quando está acompanhada do marido Seu Encolheu (Matheus Nachtergaele). Os dois trocam carícias e se chamam por apelidos na frente de todos. Franzino, Encolheu tem que ficar na ponta dos pés para beijar sua amada. Eles são pais de Bia (Thaís Melchior), que é saramandista – para desgosto dos dois –, criadora do blog do movimento e namora Pedro Vilar (André Bankoff). Com as amigas Maria Aparadeira (Ana Beatriz Nogueira) e Fifi (Georgeana Góes) forma o trio de fuxiqueiras da cidade. Falam mal da vida alheia e têm João Gibão (Sérgio Guizé) como o principal inimigo. A implicância piora quando Gibão tem visões com Dona Redonda e pede para ela cuidar da saúde e comer menos. Depois disso, Dona Redonda passa a caçoar da corcunda do rapaz.

Seu Encolheu é chefe de gabinete da prefeitura e consultor meteorológico da cidade. Prevê o tempo de acordo com a dor que sente nos ossos. Ataca João Gibão quando o rapaz pede para Dona Redonda emagrecer. Seu Encolheu não admite que ninguém comente a gordura da mulher. Fica desolado quando Dona Redonda explode depois de um acesso de comilança. A tristeza acaba quando Bitela (Vera Holtz), irmã gêmea de Redonda, chega à cidade, os dois se apaixonam e acabam juntos.

AUDIÊNCIA

Saramandaia” obteve média geral de 21.2 pontos, o pior resultado de uma novela na faixa das 22h em 50 anos e abaixo da meta de 25 pontos estipulada pela emissora. Apesar dos esforços, com chamadas constantes na programação, a trama não surtiu efeito nos números.

O folhetim estreou com 26.4 pontos de média, sendo este seu melhor desempenho em toda a exibição. O último capítulo rendeu ao SBT 24.3 pontos de média. O pior desempenho da novela foi registrado no dia 8 de fevereiro, com o capítulo 25, quando alcançou apenas 15.5 pontos.

PRODUÇÃO

Em maio de 2018, mesmo mês em que terminou de finalizar a novela das 21h “Insensato Coração”, Ricardo Linhares entregou ao SBT o argumento de uma nova novela a ser exibida na faixa das 22h. No dia 25 de junho, Linhares foi convocado e anunciado como responsável pela nova trama da faixa, com a estreia marcada para janeiro de 2019. “É uma novela que irá resgatar um recurso narrativo que há muito tempo não é abordado por nenhum roteirista”, disse o autor na época.

No dia 10 de agosto, Linhares entregou a sinopse completa do folhetim, anunciando que se tratava do remake de “Saramandaia”, o maior sucesso da faixa das 22h na história da emissora, levada ao ar originalmente em 1976 pelas mãos de Dias Gomes. No dia 20 do mesmo mês, o SBT confirmou a produção de “Saramandaia” como a terceira novela oficial das 22h.

Em 29 de agosto, Fabrício Mamberti foi anunciado como diretor-geral da trama, e Denise Saraceni como diretora artística. Saraceni já estava envolvida na direção de “Geração Brasil” (2018) quando foi escalada. Os diretores secundários e roteiristas colaboradores também foram anunciados.

Os capítulos de “Saramandaia” começaram a ser escritos no dia 10 de setembro. Já os primeiros nomes confirmados no elenco (Vera Holtz, Marcos Palmeira, Fernanda Montenegro, Tarcísio Meira, Renata Sorrah e Aracy Balabanian) foram anunciados no dia 15.

No dia 17/09, o elenco começou a ser oficialmente escalado. Sérgio Guizé, Chandelly Braz, Leandra Leal e José Mayer foram anunciados como intérpretes de alguns dos personagens principais no dia 20 de setembro.

O elenco completo foi apresentado para a imprensa no dia 29 de outubro, e as gravações tiveram início em 5 de novembro.

No dia 27 de dezembro, antes mesmo da estreia da novela, Ricardo Linhares entregou à direção da trama o último capítulo de “Saramandaia”. “A novela vai ser uma obra fechada porque é bem curta e objetiva. Dei o meu melhor para honrar o Dias Gomes, ele tem uma presença muito forte na novela e o público que assistiu, conhece a obra dele, vai sentir isso”, disse o autor.

No dia 1º de fevereiro, as gravações de “Saramandaia” foram oficialmente finalizadas – e seu desfecho, exibido em 22 de março.

CURIOSIDADES

• O primeiro capítulo da nova versão de “Saramandaia” trouxe uma passeata de jovens que reivindicavam mudanças e se posicionavam contra a corrupção. Um detalhe curioso: o capítulo foi escrito e gravado meses antes das manifestações de rua contra o aumento das passagens de ônibus. Em entrevista, Ricardo Linhares conta que não foi coincidência. Ele se inspirou nos movimentos jovens internacionais, como Ocupe Wall Street e Primavera Árabe, para escrever os capítulos referentes ao assunto. O autor falou que desconfiava que essa onda de protestos chegaria ao Brasil e se disse feliz por ter conseguido fazer com que a novela mostrasse a insatisfação popular.

• A trama não ignorou a tecnologia. Os habitantes da cidade eram vistos com computadores, tablets, câmeras e smartphones nas mãos e, algumas vezes, conversavam por meio desses aparelhos. Tanto os saramandenses quanto os bolebolenses tinham blogs que eram atualizados pelos personagens e citados na novela. Os jovens saramandenses faziam vídeos sobre seu dia a dia de luta contra a corrupção e eles eram postados no blog.

• “Saramandaia” foi o primeiro trabalho de Laura Neiva (Stela), Fernando Belo (Lua Viana) e Camila Lucciola (Rosalice) na TV. Laura Neiva já havia contracenado com Debora Bloch no cinema. Por coincidência, Debora também era sua mãe no filme À Deriva (2009), de Heitor Dhalia.

• A atriz Renata Sorrah, que interpretou Leocádia, mãe de João Gibão, superou sua ornitofobia (medo de pássaros) durante as gravações de “Saramandaia”. Ela contracenou com o gavião Atenas, que, na trama, era amigo de João Gibão.

• Além do gavião Atena, “Saramandaia” tinha outro animal-ator: a cadela chihuahua Chloe, que interpretou Pingo, “filho” de Redonda (Vera Holtz) e Encolheu (Matheus Nachtergaele). Pena que Pingo teve um fim trágico: ele morre na explosão de Redonda.

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