“O Cravo e a Rosa”
é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
Autoria: Walcyr
Carrasco e Mário Teixeira.
Colaboração: Duca
Rachid.
Direção: Mário
Márcio Bandarra e Amora Mautner.
Direção-geral: Walter
Avancini.
Exibição original
Período: 22 de
setembro de 2003 – 4 de junho de 2004.
Horário: 18h30.
Duração: 221
capítulos.
Vale a Pena Ver de Novo
Período: de 20 de
novembro de 2023.
Horário: 17h00.
Comédia romântica
inspirada no clássico “A Megera Domada”, de William Shakespeare,
a novela é ambientada na São Paulo dos anos 1920 e narra o tumultuado romance
entre o rude caipira Petruchio (Eduardo Moscovis) e a geniosa Catarina
(Adriana Esteves), moça com ideias feministas, filha mais velha do
banqueiro Nicanor Batista (Luís Melo). Julião Petruchio é dono da
fazenda Santa Clara, onde fabrica queijos para vender na cidade. Ele herdou a
propriedade do pai, em condições precárias, e luta para mantê-la funcionando,
apesar de seu trabalho duro mal dar para saldar suas dívidas. Já nos primeiros
capítulos da novela, ele pede um empréstimo ao tio, Cornélio Valente (Ney
Latorraca).
Catarina, por sua vez,
é uma jovem muito temperamental, conhecida por botar todos os pretendentes para
correr, a ponto de ganhar dos rapazes o apelido de “Fera”. Desesperado para
quitar sua dívida, Petruchio aceita a sugestão de Dinorá (Maria Padilha)
e começa a fazer a corte à Catarina. Finge ser submisso e pateta, deixando que
ela o manipule à vontade. Com o tempo, Catarina começa a perceber as qualidades
do marido e se apaixona por ele. Petruchio também se apaixona, mas nenhum dos
dois dá o braço a torcer e vivem às turras.
TRAMA PRINCIPAL
O romance entre o rude
caipira Petruchio (Eduardo Moscovis) e a geniosa Catarina (Adriana
Esteves) norteia a trama. Os dois vivem em mundos completamente diferentes,
e suas vidas se cruzam por conta da dificuldade financeira de Petruchio.
Catarina talvez seja a solução dos problemas do fazendeiro. Catarina, por sua
vez, é uma jovem muito temperamental, conhecida por botar todos os pretendentes
para correr, a ponto de ganhar dos rapazes o apelido de “Fera”. Rica,
bem-educada e afinada com a causa do feminismo que começa a ganhar repercussão
na sociedade paulistana, ela está convencida de que homem nenhum presta e diz
que nunca se casará. É virgem como as amigas feministas Lourdes (Carla
Daniel) e Bárbara (Virginia Cavendish).
Quem mais sofre com a
atitude de Catarina é sua irmã mais nova, Bianca (Leandra Leal),
moça meiga e romântica que sonha encontrar um grande amor. Para seu azar,
Batista, seu pai, é um conservador que só consente que ela se case depois que a
filha mais velha o faça. O banqueiro arranja inúmeros pretendentes para
Catarina, mas ela despreza todos. Um deles é o jornalista Serafim (João
Vitti).
O que parecia
impossível começa a se desenhar quando a mulher de Cornélio, a dissimulada e
ambiciosa Dinorá (Maria Padilha), decide pôr as mãos no dinheiro
do banqueiro Batista arranjando um casamento entre a doce Bianca e seu irmão, Heitor
(Rodrigo Faro). O rapaz é um esportista bon vivant e mau-caráter
que, assim como a irmã e a avó Josefa (Eva Todor), vive às custas
do cunhado Cornélio (Ney Latorraca). Para concretizar seu plano,
Dinorá entrega a dívida de Petruchio com Cornélio ao agiota Normando Castor (Cláudio
Corrêa e Castro). Quando o agiota cobra a dívida e exige a fazenda como
pagamento, Dinorá sugere ao fazendeiro que seduza Catarina, case com ela e
depois use o dinheiro da esposa para pagar a dívida.
Desesperado, Petruchio
aceita a sugestão de Dinorá e começa a fazer a corte a Catarina, fingindo-se de
submisso e deixando que ela o manipule à vontade. Após muita resistência e
alguns embates, Catarina aceita se casar com ele para se livrar da pressão do
pai e ajudar a irmã. A vida de casados, porém, é um inferno, já que os dois são
extremamente geniosos. Catarina tem frequentes crises de cólera, durante as
quais atira na cabeça de Petruchio tudo o que encontra. Com o tempo, ela começa
a perceber as qualidades do marido e se apaixona por ele. Petruchio também se
apaixona, mas nenhum dos dois dá o braço a torcer.
Mesmo depois de casado,
Petruchio não consegue resgatar a dívida com o agiota porque Joaquim de
Almeida Leal (Carlos Vereza) se adianta a ele. Fazendeiro poderoso,
ele tem ódio de Petruchio, a quem considera culpado pela perdição de Muriel (Drica
Moraes), sua única filha. No passado, ela se apaixonou pelo fabricante de
queijos, mas foi rejeitada e sofreu muito. O pai a enviou para estudar na
Suíça, onde ela se perdeu e seguiu uma vida dissoluta. Como vingança, Joaquim
passa a pressionar Petruchio para que ele lhe entregue a fazenda. A novela toma
outro rumo com a volta da filha de Joaquim, Muriel, que agora atende pelo nome
de Marcela. Ela chega da Europa acompanhada pelo fiel escudeiro Ezequiel (Déo
Garcez), disposta a conquistar Petruchio. Quando fica sabendo do seu
casamento com Catarina, Marcela seduz Batista por interesse, e o usa para
destruir a vida da rival.
Mesmo com várias
armadilhas armadas por Marcela e Lindinha (que fazem tudo para separá-los), com
as ameaças de Joaquim e com as inúmeras brigas ocasionadas pelos seus
temperamentos explosivos, Petruchio e Catarina finalmente se entendem e admitem
que se amam. Catarina descobre que está grávida, e os dois ficam ainda mais
felizes. A má notícia do casamento de Batista com Marcela parece trazer uma
vantagem para o casal: o banqueiro pretende entregar à filha várias apólices do
seu banco, o que a tornará rica e a ajudará a melhorar sua vida com Petruchio.
As apólices, entretanto, desaparecem misteriosamente do cofre do pai durante a
festa do casamento.
Pouco tempo depois,
Batista descobre o verdadeiro caráter de Marcela e a abandona para viver com Joana
(Tássia Camargo), uma lavadeira humilde, dona de uma pensão e sua
amante há mais de dez anos, mas que só agora ele descobre ser o amor de sua
vida. Marcela, porém, recusa-se a ceder o divórcio ao banqueiro. A vilã também
consegue roubar as promissórias da dívida de Petruchio e ameaça tomar a fazenda
dele. Petruchio desconfia que ela é a responsável pelo roubo das apólices e,
para desmascará-la, finge ceder a sua sedução, abandonando Catarina.
A verdade sobre o roubo
das apólices só aparece no capítulo final. Petruchio reúne todos os que estavam
presentes no dia do crime e pressiona-os até chegar à verdade. Marcela confessa
que tentou roubar as apólices, mas não as encontrou. Heitor também admite ter
tentado, em vão. Finalmente é revelado que o envelope com as apólices foi
recolhido por dona Mimosa (Suely Franco), a empregada de Batista,
que viu Marcela vasculhando o escritório do banqueiro e, desconfiada, escondeu
o volume no seu álbum de fotografias. Ela planejava contar tudo a Catarina, mas
foi descoberta por Lindinha, que passou a chantageá-la. Como sempre teve medo
do temperamento vulcânico de Catarina, a empregada se calou e passou a dar
dinheiro para comprar o silêncio de Lindinha. Enquanto isso, o álbum e as
apólices estavam nas mãos do menino Buscapé (Luís Antônio Nascimento),
que o roubara para achar uma foto dos seus pais, antigos empregados dos
Batistas. Esclarecido o mistério, o álbum é devolvido, Catarina recupera as
apólices e volta às boas com Petruchio.
Para não ter de
responder processo por tentativa de roubo, Marcela negocia com Batista a
retirada da queixa em troca da concessão do divórcio ao banqueiro. Batista
ainda paga a dívida de Petruchio e recupera as promissórias que estavam em
poder dela que, dessa forma, não tem mais como chantagear o fazendeiro. O
dinheiro obtido pelo pagamento da dívida vai direto para as mãos do gerente do
hotel onde Marcela estava vivendo, há semanas, sem pagar as contas. Pobre e
abandonada, a filha de Joaquim termina a novela unindo forças com Heitor. Os
dois passam a formar uma dupla de vigaristas que fingem ser irmãos para tomar
dinheiro de desavisados em jogos de pôquer.
Catarina dá à luz um
casal de gêmeos. Felizes, ela e Petruchio fazem prosperar os negócios da
fazenda Santa Clara. Depois do beijo dos dois na cena final, uma animação
computadorizada mostra um casal de beija-flores que sobrevoa a fazenda
carregando um camafeu dourado idêntico ao da abertura da novela. Eles o abrem
em pleno ar e revelam as fotos do casal protagonista.
TRAMAS PARALELAS
Amor secreto
Com Catarina (Adriana
Esteves) casada com Petruchio (Eduardo Moscovis), Dinorá
(Maria Padilha) dá prosseguimento ao seu plano de aproximar o irmão, Heitor
(Rodrigo Faro), da sensível Bianca (Leandra Leal). O
pilantra conquista o coração da jovem com poemas românticos, que ela ignora
serem escritos pelo professor Edmundo (Ângelo Antônio).
Edmundo é um
intelectual que dá aulas de poesia para a moça, é apaixonado por ela, mas não
tem coragem de se declarar por causa de sua origem pobre. O professor retrata
seus próprios sentimentos nos poemas, mas sofre por não poder colher os louros
da façanha.
Ao longo da história,
Bianca descobre que Edmundo é seu verdadeiro amor e que Heitor estava apenas
interessado em seu dinheiro. Com a ajuda de Cornélio (Ney Latorraca),
o professor finalmente se declara e conquista a amada. Os dois se casam no
final da novela.
Núcleo caipira
Na fazenda de Petruchio
vivem Calixto (Pedro Paulo Rangel), antigo criado da casa. Ele é
como um pai para o caipira, o que não impede que seja chamado de “asno” durante
os acessos de fúria do patrão. Neca (Ana Lúcia Torre) é uma
criada esforçada, sempre às turras com Calixto. Lindinha (Vanessa
Gerbelli), sobrinha de Calixto, é uma moça bonita e sem estudo, criada
desde pequena na fazenda. Ela é apaixonada por Petruchio, que a trata como
irmã. Para conquistá-lo, Lindinha é capaz de qualquer golpe baixo. A jovem é o
amor da vida de Januário (Taumaturgo Ferreira), um caipira
ingênuo e de bom caráter. Lindinha o humilha sempre que possível. Calixto se
casa com dona Mimosa (Suely Franco), a empregada que criou Catarina
(Adriana Esteves) e Bianca (Leandra Leal) desde a morte da
mãe delas.
Januário, por sua vez,
continua fazendo a corte a Lindinha e sendo esnobado por ela, mesmo depois de a
jovem ser escorraçada de casa por Calixto, após descobrirem suas maldades para
separar Petruchio e Catarina. Mas a sorte do rapaz muda quando o rico Joaquim
(Carlos Vereza) descobre que ele é seu filho, fruto de uma aventura no
passado. Pouco depois, o fazendeiro morre e deixa todas as suas posses para o
porquinho de estimação de Januário. Marcela (Drica Moraes), que
não reconhece o caipira como irmão, astutamente compra o porco dele antes que
ele possa reivindicar o dinheiro.
Desmascarada no final
da trama, Marcela está certa de que ainda pode contar com o dinheiro da herança
de Joaquim, já que é dona do porquinho, mas é surpreendida por um golpe dado
pelo próprio pai: o animal não herdou nada, tudo não passou de uma farsa armada
por Joaquim que, quando convencido do verdadeiro caráter da filha, instruíra os
advogados para que a história do porquinho fosse usada como artifício até que a
situação legal de Januário fosse regularizada e ele pudesse receber sua fortuna
sozinho. Januário consegue finalmente conquistar Lindinha que, depois de pagar
por tudo o que fez, arrepende-se e pede perdão por seus erros.
Vida dupla
Nicanor Batista (Luís Melo) é
viúvo, pai de Catarina e Bianca, homem sério, conservador e muito rico. Seu
sonho é ser prefeito de São Paulo. Mantém, há dez anos, outra família que não a
oficial, sem que uma saiba da outra. É às escondidas que visita Joana (Tássia
Camargo) e os filhos Jorge (João Capelli) e Fátima (Thaís
Müller), fingindo-se caixeiro-viajante. Ao longo da novela, cai nos
encantos de Marcela, mas é ao lado de Joana que termina a trama.
AUDIÊNCIA
“O Cravo e a Rosa”
foi considerada um grande sucesso em sua exibição original. O folhetim terminou
com média de 30,8 pontos, elevando em 12% os índices da faixa e obtendo
o melhor resultado em três anos, desde “Anjo Mau” (2000).
Na estreia, a novela de
Walcyr Carrasco e Mário Teixeira cravou 30 pontos. Seu recorde
foi registrado com a transmissão do último capítulo: 42 de média e 45 de pico, maior
audiência do horário desde 2001.
CURIOSIDADES
“O Cravo e a Rosa”
marcou a estreia no SBT do autor Walcyr Carrasco, que depois viria a
escrever outras tramas de sucesso, como “Chocolate com Pimenta” (2006), “Alma
Gêmea” (2008) e “Caras & Bocas” (2013), entre outras novelas.
Walcyr Carrasco conta que se inspirou
na peça “Cyrano de Bergerac”, escrita em 1897 pelo francês Edmond
Rostand, para caracterizar o triângulo amoroso formado por Edmundo (Ângelo
Antônio), Bianca (Leandra Leal) e Heitor (Rodrigo
Faro).
A novela marcou o
retorno ao SBT do diretor Walter Avancini, depois de um longo
afastamento. Apesar do viés de comédia do texto, ele optou por imprimir um tom
realista à direção. Eduardo Moscovis lembrou que Avancini pedia ao
elenco que evitasse a caricatura e não se esforçasse para fazer comédia,
deixando que o texto fizesse o trabalho por si próprio.
Eduardo Moscovis contou que estava
receoso em aceitar o papel de Petruchio porque achava que o personagem, rude e
machista, poderia ficar muito parecido com seu último trabalho na televisão, o
taxista Carlão, de “Pecado Capital” (2002), remake de Gloria Perez
da novela homônima de Janete Clair, exibida em 1982. Uma rápida conversa
com Walter Avancini, que explicou o caráter cômico da trama, o fez mudar
de ideia. Petruchio é um de seus personagens mais lembrados pelo público.
Nas primeiras semanas
da novela, o diretor Walter Avancini inseriu nas cenas pequenas
aparições de figuras ilustres da época, vividas por atores figurantes. Dessa
forma, foram homenageados em “O Cravo e a Rosa” personagens como a
artista plástica Tarsila do Amaral, a cantora lírica Bidu Sayão,
o poeta Oswald de Andrade e o escritor Monteiro Lobato,
esse ao lado da esposa, Maria Pureza, a dona Purezinha.
Além de “A Megera
Domada”, de Shakespeare, “O Cravo e a Rosa” trazia
referências à telenovela “O Machão”, escrita em 1965 por Ivani
Ribeiro para a TV Excelsior e readaptada em 1974 por Sérgio Jockyman
para a TV Tupi.
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