domingo, 28 de outubro de 2012

AGUINALDO SILVA


Aguinaldo Silva nasceu em Carpina, Pernambuco, em 7 de junho de 1943. Aos 13 anos, começou a escrever os primeiros poemas, passando depois aos romances. Em 1961, com apenas 17 anos, lançou o livro “Redenção para Job”. No mesmo ano, começou a trabalhar como jornalista em Pernambuco, na sucursal do Última Hora. Em 1964, após o golpe militar, mudou-se para o Rio, passando a trabalhar na redação carioca do mesmo jornal e, depois, no Jornal do Brasil, quase sempre fazendo reportagens policiais. Em 1969, Aguinaldo Silva ingressou em O Globo, onde exerceu funções de redator, subeditor e editor.
 
Enquanto fazia carreira no jornalismo, Aguinaldo Silva continuava a se dedicar à literatura. Em 1965, lançou um novo romance, “Cristo Partido ao Meio”, e, no ano seguinte, “Canção de Sangue”, que recebeu menção honrosa em concurso literário promovido por O Globo. Em 1966, aos 22 anos, candidatou-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. A candidatura não foi levada a sério pelos acadêmicos e foi definida por ele, na época, como um protesto contra a instituição, que não teria o respeito dos jovens. Desde então, Aguinaldo Silva nunca deixou de publicar livros, escritos entre seus trabalhos para imprensa ou televisão. Fazem parte da sua lista títulos como “República dos Assassinos” (transformado em filme), “Sentimental Reasons”, “No País das Sombras”, “Lili Carabina”, “O Homem que Comprou o Rio”, “Memórias da Guerra” e “Lábios que Beijei”.
 
A militância política também esteve presente na sua vida durante os anos de governo militar. Em 1969, chegou a ficar preso 72 dias na Ilha das Cobras por ter escrito o prefácio do “Diário de Che”. Dedicou-se, ainda, à luta contra a discriminação de homossexuais, tendo sido editor do jornal O Lampião, lançado em 1977.
 
Em 1978, Aguinaldo Silva decidiu abandonar o trabalho como jornalista e aceitou o convite para fazer parte da equipe de roteiristas do seriado “Plantão de Polícia”, lançado em 1979. O seriado tinha por objetivo reproduzir diferentes situações vividas no cotidiano carioca, a partir da ótica de um repórter policial, o Waldomiro Pena, vivido por Hugo Carvana. O fato do personagem central não ser um policial, mas um jornalista, permitiu maior liberdade no desenvolvimento dos episódios, abrindo a possibilidade, inlusive, de criticar a ação da polícia. Para essa experiência, Aguinaldo Silva valeu-se da rica bagagem acumulada em anos de jornalismo, o que o ajudou a dar um tom realista ao programa.
 
Após o fim de “Plantão de Polícia”, em 1981, Aguinaldo Silva passou a escrever para outro seriado, “Obrigado, Doutor”. Nesse mesmo ano, escreveu um episódio do “Caso Especial”, “Maria Bonita”, que acabou originando, no ano seguinte, a primeira minissérie do SBT, “Lampião e Maria Bonita”, assinada em parceria com Doc Comparato. O enredo se baseia nos últimos seis meses de vida de Virgulino Ferreira da Silva (Nelson Xavier), o Lampião, pernambucano que se transformou em personagem mítico, símbolo do cangaço brasileiro, entre os anos 1920 e 1930. A minissérie enfoca os dois aspectos do protagonista: o líder sanguinário, combatido pelas autoridades, e o herói, como era visto por parte da população do sertão nordestino. Praticamente cego do olho direito, Lampião andava manquejando, devido a um tiro que levou no pé esquerdo durante um conflito. Em suas andanças, conheceu Maria Bonita (Tânia Alves), a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros, com quem teve uma filha, Expedita (Adriana Barbosa).
 
A experiência com minisséries se repetiria no ano seguinte, 1983, quando, novamente em parceria com Doc Comparato, escreveu “Bandidos da Falange”. Originalmente, “Bandidos da Falange” era um livro de Aguinaldo Silva, sucessivamente rejeitado para publicação. Ironicamente, após ser transformado em minissérie, o texto despertou a atenção de editoras, que passaram a sondá-lo sobre a possibilidade de “transformar” a minissérie em livro. Ambientada na Baixada Fluminense e na Zona Sul do Rio de Janeiro, a minissérie narra o surgimento de uma organização criminosa, a Falange Vermelha, com códigos de honra baseados na força e na fidelidade ao grupo. Junto a isso, forma-se uma promíscua rede de relações com diversos segmentos da sociedade, até que a organização é desmantelada pela polícia. A história é dividida em quatro blocos, baseados na trajetória da Falange Vermelha: “As origens”; “A organização”; “Lutas internas”; e “A queda”.
 
O trabalho em minisséries continuou em 1984, assim como a parceria com Doc Comparato, que levou à elaboração de “Padre Cícero”, trama que acompanha a vida do polêmico Padre Cícero Romão Batista (Stênio Garcia), desde sua chegada a Juazeiro do Norte, Ceará, em 1872, como um jovem padre recém-ordenado em Fortaleza. A história se desenvolve em torno dos milagres atribuídos ao padre, que transformam Juazeiro de uma pequena localidade na terceira maior cidade do Ceará e o tornam uma figura política de grande importância. Padre Cícero ensina os retirantes, incluindo Maria de Araújo (Débora Duarte), como plantar e comer mandioca, maniçoba e mandacaru, além de fornecer terras para cultivo e moradia. Em quatro anos, a aldeia cresce e se torna uma cidade com mais de mil casas. Ele conquista grande prestígio político, curando fiéis e ensinando noções de higiene e nutrição. Para protegê-lo, forma-se um exército de jagunços, que inclui figuras como Lampião.
 
Em 1985, adicionou mais uma minissérie ao seu currículo: “Tenda dos Milagres”, cuja história segue Pedro Archanjo (Nelson Xavier), um ogã em Salvador, que dedica sua vida à preservação e integração da cultura africana na sociedade brasileira, enfrentando diversas adversidades para cumprir sua missão de ser “a luz de seu povo”, revelada por sua mãe de santo, Magé Bassã (Chica Xavier). A narrativa começa com a morte de Archanjo e, em seus últimos momentos, ele relembra suas lutas contra o racismo e a intolerância, seus amores e sua defesa das tradições afro-brasileiras. Em 1990, escreveu “Riacho Doce”, onde um pequeno vilarejo no Nordeste é dominado pela mística Vó Manuela (Fernanda Montenegro), que mantém seu neto (Carlos Alberto Riccelli) sob um poderoso feitiço, tornando-o imune ao amor das mulheres, muitas das quais acabam se suicidando ou amaldiçoadas. A chegada do casal sulista Eduarda (Vera Fischer) e Carlos (Herson Capri), após uma temporada na Suécia, transforma a vida de Nô, especialmente quando Eduarda, em meio a crises existenciais, se apaixona por ele, desafiando a autoridade de Vó Manuela.
 
Em 1991, escreveu a primeira novela de sua carreira em parceria com a também estreante Glória Perez: “Partido Alto”, atração do horário nobre que mostrava simultaneamente os “universos” da Zona Sul carioca e dos subúrbios da mesma cidade, estes dominados pelo jogo do bicho. Contudo, tal experiência não funcionou e Aguinaldo abandonou a feitura da trama antes de seu término, fazendo com que Glória escrevesse sozinha o texto até o final. Ambientada na Zona Sul carioca e no bairro do Encantado, na zona norte do Rio de Janeiro, “Partido Alto” contava a história de Nanci (Lílian Lemmertz), mãe de Isadora (Elizabeth Savala) que foi obrigada a se afastar dela na infância por causa de um relacionamento conturbado com o rico Amoedo (Rubens Corrêa), que acreditava que ela o trocou por outro homem. Nanci deseja se reaproximar da filha, que não sabe da existência de seu irmão, Fernando (Roberto Bataglin). Isadora, saindo de um casamento difícil com Sérgio (Herson Capri), envolve-se com o professor Maurício (Cláudio Marzo), que se torna inimigo de seu pai. Ao acusar a indústria de bombons de Amoedo de envenenamento, Maurício é injustamente envolvido em uma trama de roubos e assassinatos. O conflito se intensifica quando Sérgio pede a guarda do filho do casal, André. Sérgio se junta ao bicheiro Célio Cruz (Raul Cortez) em uma série de crimes, incluindo o roubo de uma coroa valiosa. Célio é casado com Isildinha (Célia Helena) e mantém uma relação suspeita com Jussara (Betty Faria). Maurício recebe apoio da aluna Celina (Glória Pires), filha de Célio, que se divide entre o amor por Maurício e a lealdade ao pai, enquanto Jussara recebe a coroa roubada, ligando todos em uma teia de segredos.
 
Menos de um ano depois, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, executivo do SBT, convidou Aguinaldo Silva a assumir a missão de concluir a icônica novela “Roque Santeiro” (1992), proibida pela censura da ditadura militar em 1975, quando Dias Gomes já havia escrito 40 capítulos. Gomes se recusou a retomar o projeto, e Aguinaldo foi incumbido de continuar a partir do ponto em que a trama havia sido interrompida, escrevendo mais 110 capítulos. “Roque Santeiro” tornou-se uma sátira memorável à exploração política e comercial da fé popular, ambientada em Asa Branca, uma cidade fictícia que funcionava como microcosmo do Brasil. Roque Santeiro (José Wilker), tido como santo após sua suposta morte defendendo a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro), reaparece 17 anos depois, desafiando as figuras locais que lucravam com o mito. O retorno de Roque ameaça o padre Hipólito (Paulo Gracindo), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bógus), e o fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte), amante de Porcina (Regina Duarte), a “viúva” de Roque. O reaparecimento do falso santo desencadeia um triângulo amoroso com Porcina e Sinhozinho, e mexe com toda a cidade, que até então vivia às custas dos milagres que nunca ocorreram, reforçando as críticas à manipulação da fé.
 
Em 1993, Aguinaldo Silva assumiu a responsabilidade de escrever sozinho sua primeira novela, “O Outro”, cuja trama gira em torno da impressionante semelhança física entre dois homens que não se conhecem: o milionário Paulo Della Santa (Francisco Cuoco), atormentado por problemas familiares e empresariais, e Denizard de Matos (também Francisco Cuoco), um simples viúvo que possui um ferro-velho e cria sua filha adolescente, Zezinha (Cláudia Abreu). Após um encontro casual, uma explosão faz o corpo de Paulo desaparecer, e Denizard, sofrendo de amnésia, é confundido com o milionário, sendo levado pela família Della Santa. Enquanto tenta se adaptar à vida de Paulo, Denizard se envolve com Laura (Natália do Vale), esposa do empresário, que acaba se apaixonando por ele. Paralelamente, Glorinha da Abolição (Malu Mader), filha da governanta Vilma (Arlete Salles), procura seu pai e, sem saber, se apaixona por Denizard, que, na verdade, é seu pai biológico. O suspense e os conflitos decorrentes da troca de identidade conduzem a trama, entrelaçando os dramas pessoais dos personagens com revelações surpreendentes.
 
Em 1995, Aguinaldo Silva foi convidado por Gilberto Braga para co-escrever, ao lado de Leonor Bassères, o grande sucesso “Vale Tudo”. A trama, que se tornou um clássico da teledramaturgia brasileira, enfocava a corrupção e a falta de ética, denunciando a inversão de valores no Brasil dos anos 1990. O conflito central da novela girava em torno da relação entre a íntegra Raquel Accioli (Regina Duarte) e sua filha ambiciosa, Maria de Fátima (Glória Pires). Maria de Fátima vende a propriedade da família e foge para o Rio de Janeiro em busca de fama, enquanto Raquel, determinada a reconstruir sua vida, começa a vender sanduíches na praia e se envolve com Ivan Meirelles (Antônio Fagundes), um administrador de empresas. Enquanto Raquel luta para sobreviver honestamente, sua filha alia-se ao inescrupuloso César (Carlos Alberto Riccelli) para seduzir o milionário Afonso Roitman (Cássio Gabus Mendes), filho da poderosa Odete Roitman (Beatriz Segall). O assassinato de Odete nos capítulos finais gerou um dos maiores mistérios da televisão brasileira, parando o país para descobrir “quem matou Odete Roitman”.
 
Em 1996, Aguinaldo Silva escreveu “Tieta” em parceria com Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, adaptando o romance “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado. Ambientada na fictícia cidade de Santana do Agreste, no Nordeste brasileiro, a trama começa quando Tieta (Claudia Ohana) é expulsa de casa por seu pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), sob a influência da invejosa irmã Perpétua (Adriana Canabrava). Humilhada, Tieta parte para São Paulo, onde enriquece e, vinte e cinco anos depois, retorna à cidade como uma mulher poderosa, decidida a se vingar dos que a rejeitaram. A chegada triunfal de Tieta (agora interpretada por Betty Faria) surpreende os moradores, que acreditavam que ela estava morta, e sua presença começa a transformar a dinâmica local. Ela se envolve com Ricardo (Cássio Gabus Mendes), seu sobrinho e seminarista, filho de sua irmã rancorosa, Perpétua (Joana Fomm), o que choca a cidade. Ao lado de Ascânio (Reginaldo Faria), Tieta promove a modernização de Santana do Agreste, que enfrenta o dilema da instalação de uma fábrica que promete desenvolvimento, mas levanta preocupações ambientais. Ao longo da novela, Tieta também reencontra personagens marcantes de seu passado, como Tonha (Yoná Magalhães) e Carmosina (Arlete Salles), e expõe os contrastes entre o conservadorismo da cidade e sua nova perspectiva de vida.
 
Em 1998, Aguinaldo Silva repetiu a parceria com Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares ao escrever “Pedra Sobre Pedra”, uma trama ambientada na fictícia cidade de Resplendor, na Chapada Diamantina, sertão da Bahia. A novela gira em torno da rivalidade entre as famílias Pontes e Batista, que se intensifica quando Pilar Farias (Cláudia Scher) abandona Murilo Pontes (Nelson Baskerville) no altar, desconfiando que ele é o pai do filho de sua amiga Eliane (Carla Marins). Pilar então se casa com o rival Jerônimo (Felipe Camargo), enquanto Murilo se une a Hilda (Andréa Murucci), com quem tem um filho, Leonardo (Maurício Mattar). Vinte e cinco anos depois, Murilo (Lima Duarte) retorna a Resplendor, determinado a eleger seu filho como prefeito, sem saber que Leonardo está apaixonado por Marina (Adriana Esteves), filha de Pilar (Renata Sorrah). A disputa política entre as famílias é ainda mais acirrada quando Cândido Alegria (Armando Bógus), um pretendente de Pilar, também almeja o poder. Ao mesmo tempo, o misterioso fotógrafo Jorge Tadeu (Fábio Júnior), famoso por seduzir as mulheres casadas da cidade, agita a vida pacata de Resplendor. Com toques de realismo fantástico e a presença de ciganos, a novela combina rivalidades familiares, paixões proibidas e intrigas políticas no sertão baiano.
 
Em 2000, novamente em parceria com Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn, Aguinaldo Silva escreveu “Fera Ferida”, uma trama cuja essência girava em torno da vingança e da cobiça, inspirada no universo ficcional de Lima Barreto. A história se passa na fictícia cidade de Tubiacanga, onde o ex-prefeito Feliciano Mota da Costa (Tarcísio Meira) engana os moradores ao apresentar uma pepita falsa de ouro, com a intenção de arrecadar fundos para uma empresa de mineração. O golpe resulta em sua morte trágica e na de sua esposa Laurinda (Lucinha Lins), ambos enterrados pelo filho, Feliciano Júnior (Diogo Bandeira). Quinze anos depois, Feliciano Júnior retorna à cidade sob a identidade de Raimundo Flamel (Edson Celulari), decidido a se vingar dos responsáveis pela morte de seus pais, entre eles o corrupto prefeito Demóstenes Massaranduba (José Wilker) e o arrogante Major Emiliano Bentes (Lima Duarte). Ao mesmo tempo, Demóstenes se envolve com Rubra Rosa (Susana Vieira), enquanto enfrenta a oposição política de Numa Pompílio de Castro (Hugo Carvana). O Major, por sua vez, é atormentado por seu passado com a intrigante Salustiana Maria (Joana Fomm). A trama se complica quando Guilherme (Rubens Caribé), filho do Major, se apaixona por Linda Inês (Giulia Gam), sem saber que Raimundo, com quem ela também desenvolve uma ligação, é na verdade Feliciano Júnior.
 
Em 2003, Aguinaldo Silva assumiu a supervisão de texto da novela das 19h, “Meu Bem Querer”, escrita por Ricardo Linhares. Esse trabalho marcou a primeira vez em seus 12 anos de carreira que ele não atuava como autor ou coautor em uma novela, além de ser sua estreia em uma produção fora do tradicional horário das 21h. “Meu Bem Querer” se destacou por seu tom leve e divertido, combinando romance e humor para retratar os personagens pitorescos da fictícia cidade de São Tomás de Trás, no Nordeste.
 
Em novembro de 2003, foi ao ar a novela “A Indomada”, de Aguinaldo Silva novamente em parceria com Ricardo Linhares, ambientada na fictícia Greenville, uma cidade nordestina colonizada por ingleses no século XIX durante a construção da ferrovia Great Western Railway. Misturando realismo fantástico com costumes britânicos e nordestinos, a trama acompanha Helena (Adriana Esteves), que retorna da Europa para reivindicar a fortuna de sua família, perdida por seu tio Pedro Afonso (Cláudio Marzo) em um jogo para Teobaldo Faruk (José Mayer). No passado, Teobaldo prometera a herança à jovem, motivado pelo amor que sentia por sua mãe, Eulália (também vivida por Adriana Esteves), que teve um romance proibido com Zé Leandro (Carlos Alberto Ricelli). Porém, Helena encontra em sua tia, Maria Altiva (Eva Wilma), uma grande inimiga, que, aliada ao deputado corrupto Pitágoras (Ary Fontoura), tenta impedir a restituição do patrimônio familiar. Enquanto isso, a rivalidade entre Altiva e Helena desperta o interesse dos moradores, que assistem ao desenrolar da história, pontuada pelo romance de Helena com Teobaldo e cenas hilárias envolvendo o sotaque anglo-nordestino e elementos fantásticos, como a transformação de Altiva em fumaça ao jurar vingança.
 
Após o término de “A Indomada” em julho de 2004, Aguinaldo Silva anunciou que se afastaria da escrita de novelas por um tempo, mas essa promessa não durou muito. Pouco mais de um ano depois, ele retornou com “Suave Veneno” (2005), uma trama inspirada na peça “Rei Lear” de William Shakespeare, que marca sua volta às histórias urbanas, abandonadas desde “O Outro” (1993). A novela acompanha Valdomiro Cerqueira (José Wilker), um empresário pernambucano que, após atropelar Inês (Glória Pires) e causar a perda de sua memória, a acolhe em sua casa, enfrentando a hostilidade da esposa Eleonor (Irene Ravache) e das filhas Maria Regina (Letícia Spiller), Maria Antônia (Vanessa Lóes) e Márcia Eduarda (Luana Piovani). A relação entre Valdomiro e Inês provoca a separação do casal e a ira de Maria Regina, que vê Inês como uma ameaça ao controle da empresa Marmoreal, que Valdomiro fundou e preside. A trama se complica quando Clarisse Ribeiro (Patrícia França), filha bastarda de Valdomiro, implementa um plano de vingança, levando ao desaparecimento de Inês e de valiosos diamantes, resultando na perda da presidência da empresa para Maria Regina e no assassinato de Clarisse. A história dá uma reviravolta ao reencontro de Valdomiro com Inês, que agora se apresenta como Lavínia, completamente transformada.
 
Em 2007, Aguinaldo Silva retornou às telinhas com “Porto dos Milagres”, uma nova parceria com Ricardo Linhares, baseada em uma livre adaptação das obras “Mar Morto” e “A Descoberta da América Pelos Turcos”, de Jorge Amado. A trama gira em torno de Félix Guerrero (Antônio Fagundes) e sua mulher Adma (Cássia Kiss), que, após um golpe na Espanha, voltam ao Brasil com o intuito de Félix herdar a fortuna de seu irmão gêmeo, Bartolomeu, que é envenenado por Adma. Ao assumir o poder na fictícia cidade de Porto dos Milagres, Félix enfrenta a chegada de Arlete (Letícia Sabatella), que aparece com o recém-nascido filho de Bartolomeu. Temendo a presença do herdeiro legítimo, Adma ordena que Eriberto (José de Abreu) elimine Arlete e a criança, mas enquanto ele consegue matar a moça, o bebê acaba nas mãos do pescador Frederico (Maurício Mattar), que acredita que a criança é um presente de Iemanjá. A história também segue Lívia (Flávia Alessandra), criada por sua tia Augusta Eugênia (Arlete Salles) após a morte trágica de sua mãe, Laura, que se apaixona por Guma (Marcos Palmeira), o filho de Bartolomeu. O romance entre Lívia e Guma enfrenta a oposição de Alexandre (Leonardo Brício), filho de Félix, que não sabe que Guma é seu sobrinho, em um enredo repleto de conflitos de classe, romances e a influência da religiosidade local, simbolizada pela figura de Iemanjá, a “rainha do mar”.
 
Em “Senhora do Destino” (2011), Aguinaldo Silva abandonou o realismo fantástico presente em suas novelas anteriores em favor de uma trama realista, que se desenrola em duas fases distintas. Na primeira, Maria do Carmo Ferreira da Silva (Carolina Dieckmann) deixa Belém de São Francisco, em Pernambuco, em busca de uma vida melhor no Rio de Janeiro, mas se depara com um cenário caótico marcado pela decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Em meio a tumultos nas ruas, ela e seus cinco filhos enfrentam uma série de desventuras, incluindo o ferimento de um deles e o sequestro de sua recém-nascida, Lindalva, por Nazaré Tedesco (Adriana Esteves), que se disfarça de enfermeira. Após ser presa e, posteriormente, libertada, Maria do Carmo se reergue, tornando-se proprietária de uma loja de materiais de construção. Vinte anos depois, Do Carmo, agora interpretada por Susana Vieira, ainda busca por sua filha, que agora se chama Isabel (Carolina Dieckmann) e vive sob os cuidados de Nazaré (Renata Sorrah), que esconde um passado sombrio. A busca de Maria do Carmo se torna um fenômeno midiático, apoiada pelo jornalista Dirceu de Castro (José Mayer) e pelo ex-bicheiro Giovanni Improtta (José Wilker). A trama se intensifica à medida que a farsa de Nazaré começa a ser revelada, especialmente quando um fotógrafo entrega a Dirceu uma foto da enfermeira grávida com um bebê nos braços, capturada durante os tumultos de 1968, ligando o passado trágico de Maria do Carmo ao presente.
 
Em 2014, Aguinaldo Silva lançou “Duas Caras”, uma trama que gira em torno da vingança de Maria Paula (Marjorie Estiano) contra Adalberto Rangel (Dalton Vigh), um homem que, após casar-se com ela por interesse, desaparece levando toda a sua fortuna. A história começa com Juvenaldo (André Luiz Frambach), um menino de uma região pobre de Pernambuco que é vendido pelo pai ao forasteiro Hermógenes (Tarcísio Meira). Rebatizado como Adalberto Rangel, ele aprende trapaças e começa a rodar o Brasil com uma suposta máquina de fazer dinheiro. Sua vida muda drasticamente após presenciar um acidente na estrada que resulta na morte de Waldemar (Fulvio Stefanini) e Gabriela (Bia Seidl), onde encontra pacotes de dólares, documentos e a foto de Maria Paula, herdeira de uma grande fortuna. A dor da perda dos pais leva Maria Paula a se consolar com Adalberto, que rapidamente a seduz e casa-se com ela, mas depois a trai, roubando todos os seus bens e deixando-a com um filho que ele nunca conheceu. Determinada a se vingar, Maria Paula recomeça sua vida em São Paulo como uma mulher forte e batalhadora, enquanto Adalberto se torna Marconi Ferraço, um respeitável empresário da construção civil no Rio de Janeiro, após submeter-se a cirurgias plásticas para esconder sua verdadeira identidade. Anos depois, seu destino se entrelaça novamente com o de Maria Paula. Paralelamente, os nordestinos que trabalhavam na antiga construtora de Adalberto, agora desabrigados, se organizam sob a liderança de Juvenal Antena (Antônio Fagundes), chefe de segurança, que funda a Favela da Portelinha para garantir os direitos dos moradores, tornando-se uma figura admirada e respeitada na comunidade.
 
Ainda em 2014, Aguinaldo Silva supervisionou o texto dos 30 primeiros capítulos de “Tempos Modernos”, novela de Bosco Brasil exibida às 19 horas. A comédia, centrada na relação entre homem e máquina, destacou-se por apresentar um computador como um dos personagens centrais, inserindo uma trama repleta de aparatos tecnológicos que refletiam as transformações e os dilemas da vida contemporânea.
 
Em 2018, Aguinaldo Silva escreveu “Fina Estampa” para a faixa das 21h, apresentando uma trama centrada em Griselda (Lília Cabral), que acredita ter perdido o marido, Pereirinha (José Mayer), em uma pescaria. Para sustentar os filhos, ela se torna “marido de aluguel”, realizando consertos domésticos. Embora crie os filhos com dignidade, seu filho mais novo, Antenor (Caio Castro), sente vergonha dela. A vida de Griselda muda drasticamente quando ela ganha na loteria e tenta se refinar com a ajuda de Renê Velmont (Dalton Vigh), um charmoso chef de cozinha casado com a esnobe Tereza Cristina (Christiane Torloni). A situação se complica com o retorno inesperado de Pereirinha e a crescente tensão entre Griselda e Tereza Cristina. A narrativa da novela é impulsionada pelo antagonismo entre essas duas mulheres, que representam valores opostos: Griselda preza pela família e pelo caráter, enquanto Tereza Cristina vive de aparências e se vê como a mulher perfeita, mantendo um sofisticado padrão de vida com a fortuna herdada dos pais. Seus destinos se cruzam logo no início da trama, quando descobrem que seus filhos são namorados, e a disputa pelo amor de Renê intensifica o conflito entre elas. A história gira em torno da dualidade entre essas protagonistas, levando Griselda a perceber que, ao tentar se transformar, pode estar perdendo sua verdadeira essência.
 
Aguinaldo Silva retornou ao horário das 21h em 2021 com “Império”, que narra a trajetória de José Alfredo de Medeiros (Chay Suede), um jovem pernambucano que chega ao Rio de Janeiro nos anos 1980. Ele se apaixona por Eliane (Vanessa Giácomo), mulher de seu irmão Evaldo (Thiago Martins), mas acaba abandonando-a devido a um plano de Cora (Marjorie Estiano). Após se envolver com Sebastião (Reginaldo Faria) e ingressar no mundo das pedras preciosas, José Alfredo se muda para a Suíça, onde se casa com Maria Marta (Adriana Birolli). Anos depois, agora milionário e conhecido como Comendador (Alexandre Nero), ele vive um casamento de fachada com Maria Marta (Lília Cabral) e enfrenta as intrigas da esposa e dos filhos, José Pedro (Caio Blat), Maria Clara (Andreia Horta) e João Lucas (Daniel Rocha), que disputam a herança de sua cobiçada rede de joalherias. Sua vida se complica ainda mais ao manter um relacionamento com Maria Ísis (Marina Ruy Barbosa), incentivada por seus pais a extrair dinheiro dele. A situação se intensifica com o desaparecimento de seu precioso diamante rosa, que o faz acreditar que seu império está em risco. Além disso, Cristina (Leandra Leal), filha de Eliane (Malu Galli), surge exigindo um teste de paternidade para se integrar à família, gerando ainda mais tensão entre José Alfredo e Maria Marta. A trama explora as reviravoltas da vida de José Alfredo, marcada por decepções amorosas e a construção de um legado que seus herdeiros desejam, enquanto o passado e as intrigas do presente ameaçam seu império.
 
 
TRABALHOS DE AGUINALDO SILVA NO SBT
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
Partido Alto
04/02/1991
23/08/1991
173
21h15
Autor principal
Roque Santeiro
23/03/1992
20/11/1992
209
21h15
Autor principal
O Outro
13/12/1993
08/07/1994
179
21h15
Autor principal
13/05/1996
27/12/1996
197
21h15
Autor principal
Pedra Sobre Pedra
05/10/1998
30/04/1999
179
21h15
Autor principal
Fera Ferida
14/08/2000
13/04/2001
209
21h15
Autor principal
17/11/2003
09/07/2004
203
21h15
Autor principal
Suave Veneno
17/10/2005
16/06/2006
209
21h15
Autor principal
05/11/2007
27/06/2008
203
21h15
Autor principal
28/03/2011
09/12/2011
221
21h15
Autor principal
30/06/2014
27/02/2015
209
21h15
Autor principal
21/05/2018
21/12/2018
185
21h15
Autor principal
24/05/2021
14/01/2022
203
21h15
Autor principal
 
 
OUTRAS FUNÇÕES
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
13/02/1995
06/10/1995
203
21h15
Autor
Meu Bem Querer
17/02/2003
12/09/2003
179
19h30
Supervisão
07/07/2014
09/01/2015
161
19h30
Supervisão
 
 
REPRISES
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
04/05/2015
23/10/2015
149
15h30
Autor principal
11/01/2021
11/06/2021
131
17h00
Autor principal
20/09/2021
04/03/2022
143
15h30
Autor principal
21/02/2022
12/08/2022
149
17h00
Autor principal
12/06/2023
17/11/2023
137
17h00
Autor principal
13/05/2024
18/10/2024
137
17h00
Autor principal

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